quinta-feira, maio 16, 2013

Resultados obtidos a partir do correto Desapego à Matéria - 4/5

Masaharu Taniguchi
 
 
No dia 17 de junho de 1934, houve a inauguração do núcleo da Seicho-No-Ie de Kobe, na sobreloja de um escritório, em Motomati. Um dos adeptos convidou o sr. Ishibashi, mas este recusou o convite porque não tinha dinheiro, embora estivesse com vontade louca de participar. Ante a insistência do amigo, pegou todo o dinheiro que possuía e foi assistir à inauguração. Ele ainda não era assinante da Revista Seicho-No-Ie. Queria ser, mas não tinha dinheiro para pagar a assinatura anual, que era de 3 ienes e 60 centavos. Tinha na carteira só 2 ienes, que estavam reservados para o aluguel. Não resistindo à vontade de se tornar assinante, foi falar com o encarregado: "Quero fazer uma assinatura, mas não tenho o dinheiro suficiente. Só posso pagar a metade, correspondente a seis meses de assinatura. Pode ser?". Foi aceito, pagou 1 iene e 80 centavos e mais 20 centavos da fotografia de recordação, totalizando 2 ienes. Ficou com a carteira vazia. Ele orou mentalmente: "Deus, hoje me tornei adepto da Seicho-No-Ie, desembolsando toda a economia que possuía. Doravante, entrego a minha sorte em Vossas mãos e conto com a Vossa infinita provisão".

Ao retornar para casa, teve uma surpresa desagradável: havia chegado uma carta da companhia de seguros, alertando que, se ele não pagasse a cota de seu seguro de vida no valor de iene até o dia 20, perderia tudo que havia investido durante dez anos. "E agora? Se tivesse aqueles 2 ienes...", pensou meio arrependido. Mas, em seguida acalmou-se, pensando: "Não, agi conforme a vontade de Deus; logo, Ele me orientará novamente de alguma forma".

No dia seguinte, o administrador foi falar com o sr. Ishibashi. Este ficou preocupado, pois havia gasto no dia anterior o dinheiro que estava reservado para o aluguel. Mas o administrador não disse nada sobre o aluguel. Ele fora pedir um favor: "Tenho um amigo que está sofrendo de dores na região ciática e não consegue se levantar. Queria que você o curasse. Peço também que faça um bom desconto no preço do tratamento porque ele é uma pessoa a quem devo muitos favores". Os dois foram à casa do doente, que estava acamado e gemendo de dor. O sr. Ishibashi, mentalizando "Deus, conto com o Senhor", introduziu suas agulhas no corpo do paciente. Como aprendera na Seicho-No-ie que é possível curar doenças apenas pelo poder da palavra, ele disse convictamente: "A dor já passou, não é mesmo?!". O paciente respondeu: "Sim, desapareceu completamente". O sr. Ishibashi continuou: "Agora, levante-se". O paciente, que até há poucos instantes estava gemendo e não podia se mover, levantou-se prontamente. "Se conseguiu se levantar, consegue andar. Vamos, tente", disse o sr. Ishibashi. O paciente começou a andar pelo quarto. O administrador, que a tudo assistia, sem saber que o sr. Ishibashi havia feito mentalização e aplicado o poder da palavra, ficou abismado, pensando que o efeito rápido fosse resultado exclusivo da acupuntura, e disse: "Puxa, não sabia que sua acupuntura fosse tão eficaz!". Agora vou mesmo arranjar muitos clientes para você!". O paciente perguntou o preço, e o sr. Ishibashi respondeu que costumava cobrar 2 ienes, mas que deixava pela metade porque havia prometido ao administrador um bom abatimento. Ele, no entanto, não achou justo pagar tão pouco por um tratamento tão eficaz e, calculando a média, pagou 1,5 iene.

Logo depois que o sr. Ishibashi voltou para casa, chegou o cobrador da seguradora, que levou embora esse 1,5 iene (risos na plateia). Desde então, tudo passou a correr favoravelmente para ele. Por incrível que pareça, ele recebia a quantia necessária toda vez que precisava de dinheiro. Percebeu que assim ela a "provisão infinita" de que fala a Seicho-No-Ie. Compreendeu que a dificuldade financeira não existe para ele, mesmo sendo pobre, e agradeceu muito.

Dias depois, quando folheava um jornal, chamou-lhe a atenção o nome Seijin Ishibashi estampado na coluna de classificados, pois ele tem o mesmo sobrenome. Ele se chama Kan-iti Ishibashi. Parecia que conhecia esse nome de algum lugar. Acima do nome, estava escrito "50 ienes". Quando viu o endereço na linha seguinte, ficou surpreso: era o seu próprio endereço! Então se lembrou de que usara esse pseudônimo e se inscrevera num concurso de frases para um comercial de certo colírio, pensando em ganhar o prêmio pecuniário, pois estava precisando de dinheiro. Mas havia se esquecido completamente disso. E fora classificado entre os cinco melhores, dentre mais de 570.000 candidatos! E o prêmio era de 50 ienes. Se ficasse em sexto lugar, o prêmio seria apenas de trinta ienes. Sentiu-se muito feliz, pois somente fatos bons estavam acontecendo a ele. A diferença entre o quinto lugar e o sexto é tão sutil que não pode ser medida com uma régua. Neste caso, a diferenciação dependeu do critério subjetivo dos jurados. Ele me agradeceu dizendo: "Algo exerceu uma influência sutil na mente dos jurados e os fez optar por minha frase, dando-me o quinto lugar e o prêmio de cinquenta ienes. E isso aconteceu exatamente quando me tornei assinante da revista Seicho-No-Ie! Até nesses fatos está atuando as mãos da Providência!".

No dia seguinte, o sr. Ishibashi recebeu um envelope da indústria de colírio. Dentro dele havia um cheque de cinquenta ienes, que dizia: "Vossa senhoria classificou-se em quinto lugar no Concurso de frases promovido por nós, fazendo jus a este prêmio". A vontade dele era sacar imediatamente esse cheque e pagar todas as dívidas, mas queria contar o fato e mostrar o cheque na reunião da Seicho-No-Ie que iria se realizar três dias depois. Por isso ficou conservando o cheque durante três dias, foi à reunião e mostrou-o a todos, dizendo: "Olhem bem: são os cinquenta ienes que recebi de Deus!", e prosseguiu: "Este dinheiro é realmente uma dádiva que recebi de Deus. Logo, não posso usá-lo apenas segundo as minhas conveniências. Mestre, gostaria que o senhor me orientasse como usá-lo". Perguntei-lhe quanto devia, e ele explicou que devia tantos ienes para fulano, tantos de aluguel, etc. Então estipulei os valores a serem pagos a cada credor, de modo que os cinquenta ienes fossem bem distribuídos.

O sr. Ishibashi guardou na gaveta a quantia destinada ao aluguel e ficou esperando o administrador aparecer. Quando o viu passar na rua, chamou-o: "Ei, venha cá". O administrador disse que estava muito ocupado e se foi, como se estivesse fugindo. "Que estranho! Quando ele vinha cobrar o aluguel, eu arranjava desculpas e fugia dele; agora eu quero pagar o aluguel e ele foge arranjando desculpas. A situação se inverteu. É realmente extraordinária a força de Deus!" - assim pensou o sr. Ishibashi (risos na plateia). No dia seguinte viu-o novamente passar na rua e chamou-o, mas ele nem parou, dizendo que estava com pressa. No terceiro dia, ao vê-lo passar, parou-o decidido a saldar o aluguel atrasado. O administrador, com má vontade, perguntou:

- Que quer comigo? Por que anda me chamando todos os dias?
- Quero pagar o aluguel. Por que foge de mim toda vez? - respondeu o sr. Ishibashi.
- Ah! o aluguel? Por que não me disse?
- Ora, não podia gritar na rua: "Vou pagar o aluguel".
- Bem, isso é verdade. Mas eu não podia imaginar que você quisesse pagar o aluguel, pois ainda não chegou o último dia do mês.
- Por que estava fugindo de mim?
- Pensei que você estivesse atrás de mim para pedir que lhe apresentasse clientes porque está chegando o fim do mês e que, se eu não lhe apresentasse cliente algum, você usaria isso como pretexto para não pagar o aluguel. (Risos na plateia)

O sr. Ishibashi ficou exultante. Ele, que antes precisava andar fugindo do administrador, agora estava em condição até de exigir qualquer coisa do administrador, inclusive clientes. O administrador, que antes gritava rudemente, agora era amável e amigo do sr. Ishibashi.

Passado algum tempo, o administrador levou sua filha de uns 13 anos de idade, pedindo ao sr. Ishibashi que a curasse. "Que ela tem?", perguntou o sr. Ishibashi.O administrador explicou: "Ela caiu da varanda e torceu o tornozelo. No Hospital da Província, o médico disse que as vértebras lombares estão deslocadas e que a garota precisaria ficar internada durante seis meses, mas não garantiu a cura total. Então queria que você a curasse com o seu poder". O sr. Ishibashi examinou a menina e disse: "A coluna está torta e é grave. Creio que vai levar uns três meses para ficar boa, e não seis meses como previu o médico. Quer se tratar comigo?". A menina concordou e passou a frequentar a clínica do sr. Ishibashi.

Para corrigir a coluna, é preciso pressionar com força a parte deslocada, mas ele não podia fazê-lo com muita força, pois a menina não suportaria a dor. Então ele resolveu curá-la com a ajuda de Deus: entoava mentalmente o "Canto Evocativo de Deus" e pressionava levemente as vértebras deslocadas quando a menina estava distraída.

Depois de uma semana, a menina deixou de andar desajeitadamente com as pernas vergastas e ficou completamente curada, andando normalmente. Diante dessa cura rápida, ficou admirado não só o administrador, como também o próprio sr. Ishibashi. O administrador até se queixou: "Você havia dito que levaria três meses para curar a menina, dando a entender que era muito grave o estado dela. Quer dizer que o médico e você, ambos, erraram no diagnóstico".

Como se pode ver, as pessoas costumam reclamar quando a doença é curada muito rapidamente.

O sr. Ishibashi retrucou: "Não, senhor. Nem o médico nem eu erramos no diagnóstico. A menina estava realmente com as vértebras deslocadas. Todos acham estranho que ela tenha se curado tão rapidamente, mas não fui eu que a curei. Foi Deus. Cada vez que fazia terapia nela, eu ficava orando a Deus. Então Ele a curou em apenas uma semana".

Em outra feita, quando ele foi pagar uma dívida, o credor ficou extremamente feliz, porque nem em sonho imaginava que o sr. Ishibashi fosse pagar naquela data. O sr. Ishibashi também ficou contente e narrou os fatos maravilhosos que vinham acontecendo com ele recentemente. Admirado, o credor falou de um conhecido seu que estava agonizado no hospital, sofrendo de hérnia, fístula anal, doença cardíaca e gastroptose. O sr. Ishibashi sentiu grande vontade de curar esse doente, principalmente por se tratar de um conhecido de seu benfeitor. Perguntou o número do quarto do hospital e o anotou em seu caderninho, mas o credor disse: "Não adianta anotar. Mesmo que você seja um excelente terapeuta, é inútil ir lá porque ele não tem mais cura. Está em repouso absoluto por ordem do médico. Outro dia um curandeiro foi lá rezar para curá-lo, mas foi severamente repreendido pelo médico. Se você for lá, será pior". O sr. Ishibashi disse que não iria ao hospital e voltou para casa.

No entanto, não resistiu à vontade de curar o doente. Então, naquela noite, praticou a Meditação Shinsokan com todo o fervor, orando a Deus pela cura daquele enfermo. Três dias depois, sentiu vontade de levar-lhe livretos da Seicho-No-Ie. Imediatamente foi à Sede da Seicho-No-Ie de Kobe para adquirir um conjunto de oito livretos, mas só havia seis. Adquiriu-os e dirigiu-se ao hospital. Entretanto, antes de entrar, buscou palavras para dirigir ao doente, pois tratava-se de um estranho. Se lhe dissesse que foi oferecer livros, poderia parecer vendedor de livros. Era uma situação embaraçosa para ele, mas não podia deixar de salvar uma pessoa que estava à beira da morte. Venceu o receio e pediu à enfermeira que o deixasse visitar o doente. Ela pensou que fosse um amigo do paciente e disse: "Ele começou a melhorar repentinamente desde anteontem à noite, estando hoje até entediado. Certamente ficará contente em recebê-lo. Entre, por favor". O sr. Ishibashi estava meio receoso, mas criou coragem e entrou no quarto. O paciente, cujo estado era considerado grave, estava bem disposto e disse: "Seja bem-vindo". O sr. Ishibashi se apresentou, disse que ficara sabendo da doença dele através do Fulano de Tal a quem devia muitos favores, mostrou os livretos que levara e explicou que ele próprio se curara de uma doença lendo esses livretos. Leu um trecho, relatou suas experiências e outros casos de pessoas que receberam graças através da Seicho-No-Ie. Com isso, o paciente melhorou ainda mais. O sr. Ishibashi lhe deu os livretos, recomendando sua leitura. Na hora de se despedir, o doente pediu ao sr. Ishibashi que voltasse brevemente para falar sobre os ensinamentos.

A noite em que o doente começou a melhorar foi exatamente a noite em que o sr. Ishibashi orou fervorosamente com o sincero desejo de curá-lo. Ele orou e levou os livretos ao doente, sem visar recompensa alguma. Simplesmente desejou curá-lo e despertá-lo para a Verdade. Esse amor desinteresseiro é que atuou no doente para curá-lo.

Dias depois, o sr. Ishibashi foi novamente visitar o doente. Encontrou-o ainda mais forte, porém muito mal-humorado. Perguntando-lhe o motivo, o paciente respondeu que estava indignado com a comida do hospital. O sr. Ishibashi lhe disse: "Não fique irritado. Não está escrito nesse livreto que a irritação produz toxina no sangue? Assim seu estado vai piorar". Mas o doente continuou reclamando furioso: "Havia pulgões na verdura! Isso é imperdoável! Não sei se a direção do hospital mandou deixar os pulgões para suprir a falta de proteínas na comida (risos da plateia), mas é muita falta de consideração com os pacientes. Não quero mais ficar num hospital como este! Vou sair daqui hoje mesmo, de qualquer forma!". O sr. Ishibashi aprovou a decisão: "Você teve uma ótima ideia. Deixe este hospital imediatamente. Hospital é lugar impregnado de vibrações mentais d doença. Por isso, quanto mais breve sair daqui, mais rapidamente será curado. Eu queria sugerir isso a você, mas não tinha o direito de fazê-lo. Agora que a ideia partiu de você, aja sem perder tempo. Entretanto, não fique com raiva de ninguém. A Seicho-No-Ie prega a reconciliação com tudo e com todos. Reflita um pouco: pode ser que foi por descuido dos cozinheiros que ficaram pulgões na verdura, mas justamente graças a isso você teve a ideia de deixar o hospital. Se não fosse a presença dos pulgões, talvez você permaneceria muito mais tempo neste local impregnado de vibrações de doença. Logo, os pulgões são seus benfeitores. Você precisa agradecer a eles" (aplausos na plateia).

Ouvindo essa explicação, o paciente compreendeu que a presença dos pulgões na comida fora realmente uma bênção, que fora um erro ter ficado nervoso e que tudo que ocorre neste mundo é benéfico. Muito agradecido, deu seu endereço ao sr. Ishibashi, convidando-o para uma visita: "Quero que você vá em casa depois que eu receber alta".

Como vimos, quando o sr. Ishibashi anulou seu ego e se entregou nas mãos de Deus, passou a ter força para curar doentes e melhorou também financeiramente. Na reunião seguinte, falou da cura de sua própria doença: "Fui salvo não só da penúria, mas também de uma doença crônica. Eu não havia falado sobre isso, mas hoje confesso, diante de todos vocês, que sofria de asma. Toda manhã, quando me levantava, respirava com dificuldade, o peito chiando muito, e levava quase uma hora para voltar ao normal. Somente então eu lavava o rosto, tomava refeição e ia trabalhar. Eu não podia carregar peso. O máximo que podia era carregar a minha pasta com apetrechos de acupuntura e moxibustão. Se pegasse um balde com água, já começava a tossir e a chiar. Não sei quando me curei, mas há dias percebi que estava curado".

Foi da seguinte maneira que o sr. Ishibashi percebeu que estava curado. Sua casa fica no início de uma ladeira. Certo dia, passava em frente à sua casa um menino puxando uma carreta cheia de caixas de bebida. Quando começou subir a ladeira, a carreta parou porque o menino não tinha força suficiente para puxá-la. O sr. Ishibashi ficou com pena do menino e foi empurrar a carreta, pensando que o menino fosse entregar as caixas num mercado a três quadras adiante. Entretanto, o menino não parou na frente do mercado e continuou subindo a ladeira. O sr. Ishibashi ficou um tanto frustrado, mas não podia parar de empurrar, pois a carreta deslizaria de ré. Duas quadras mais adiante, a rua se bifurcava: à direita uma via em declive, e à esquerda, em aclive. O menino virou à esquerda, deixando o sr. Ishibashi novamente frustrado. Continuou empurrando por mais duas quadras. Quando a ladeira se tornou suave, o menino parou e disse: "Tio, vamos descansar um pouco. Até onde o senhor vai me acompanhar?". O sr. Ishibashi respondeu: "Até onde for necessário". "Tio, o senhor já pode ir embora, porque minha casa fica logo ali", disse o menino, sem ao menos agradecer. Entretanto, o sr. Ishibashi não se aborreceu nem um pouco pela falta de reconhecimento por parte do menino. É admirável o seu estado de espírito! Despediu-se do menino e tomou o caminho de volta, quando repentinamente percebeu que não estava tendo acesso de asma, apesar de ter empurrado a carreta, sem parar, por sete quadras ladeira acima, ele que antes não podia carregar um balde de água. "Ah! entendi. Foi Deus que me enviou aquele menino para me fazer perceber que estava curado. Aquele menino foi um anjo enviado por Deus!" - assim pensando, juntou as mãos e reverenciou pelas costas o menino que se afastava puxando sua carreta.

Assim, todos os lugares aonde vai o sr. Ishibashi transformaram-se em paraíso. Realmente, o mundo ao nosso redor é projeção de nossa mente. Dependendo de nossa atitude mental, até um menino ingrato se transforma em anjo. Quando estamos com a mente endiabrada, ficamos irritados mesmo que nos agradeçam bastante. O paraíso e o inferno estão em nossa mente. Através de nossa mente podemos manifestar em volta de nós tanto o paraíso como o inferno.

Certo dia, porém, o sr. Ishibashi voltou a ter crise de asma, da qual julgava estar completamente curado. "Por que será?", pensou. Sua filha passou a trabalhar numa fábrica de roupas, cuja proprietária estava grávida e, talvez por engano da parteira, iria dar à luz no 12º mês. Diziam que o parto seria difícil e que a criança poderia nascer morta. Um dia antes do parto, a filha, ao voltar do trabalho, pediu dinheiro ao sr. Ishibashi, e então se desencadeou o seguinte diálogo:

- Dinheiro? Para quê?
- Parece que minha patroa vai dar à luz amanhã e quero comprar um presente para a criança que vai nascer.
- Você não poderia comprar o presente depois que a criança nascer?
- Mas já combinei com uma colega de trabalho para irmos juntas fazer a compra, e ela está me esperando lá fora.

O pai não tinha outra alternativa senão dar dinheiro à filha, o que fez meio à contragosto. Logo que ela saiu, o sr. Ishibashi começou a ter acesso de asma, chiando e sofrendo muito. Ele refletiu e analisou sua mente para descobrir onde é que havia errado, pois, segundo a Seicho-No-Ie, toda doença é projeção da mente, mas não encontrou explicação alguma. Normalmente, o acesso passava após uma hora, no máximo, mas dessa vez custava a passar. Não melhorou nem no dia seguinte e ficou acamado. No fim da tarde, quando a filha voltou do serviço, ele perguntou: "Como foi o parto da patroa?". Em seguida, quase ia perguntar "A criança não nasceu morta?" e sobressaltou-se com tal pensamento. Descobriu que esse pensamento fora a causa da recaída. Percebeu que ainda sentia rancor contra o próximo. No dia anterior, quando sua filha lhe pedira dinheiro para comprar presente, ele perguntara se não poderia deixar para depois do parto, pois a a criança poderia nascer morta. Mas a filha, alegando compromisso já assumido com uma colega, contrariara a vontade dele e saíra para comprar o presente. Naquele momento, passara de relance pela sua cabeça o seguinte pensamento: "Tomara que a criança nasça morta, pois assim a minha filha, que está me contrariando, dará razão a mim". Ele se lembrou disso e refletiu: "Ainda restava crueldade dentro de mim. Eu deveria orar sinceramente pelo parto feliz da pessoa a quem minha filha deve favores, mas desejei mal a ela. Perdão!". Ele se arrependeu profundamente e pediu perdão, e então o acesso de asma passou como por encanto.

Como vimos, um pensamento ou sentimento errado faz coisas incríveis. Corrigindo-se a distorção mental, a doença desaparece; mas, no caso de doença crônica, esta reaparece facilmente com qualquer atrito mental, pois está aberto o canal por onde essa desarmonia mental sem manifesta em forma de doença.
 
 
(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 27", pp. 61 à 82)
 
 

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