Joel S. Goldsmith
DESPERTA!
Geralmente as pessoas procuram um caminho ou estudo espiritual porque sentem a necessidade de melhorar ou ajustar alguma condição em sua vida. Sentem que não encontraram a plenitude de viver; que não estão felizes. Reconhecem que sua saúde ou algum outro aspecto de sua vida não é satisfatório. Em suma, estão buscando o "elo faltante". Não estão procurando Deus por Ele mesmo, mas sim o aprimoramento de sua vida na terra e o ajustamento de suas atividades terrenas.
É verdade que as verdades espirituais sempre trazem benefícios práticos à nossa vida, mas posso assegurar-lhe que você não terá tudo o que espera humanamente, no estudo da Verdade, porque não está na natureza do ensinamento espiritual dar-lhe todas as boas coisas que você gostaria de ter. Sua saúde poderá melhorar; você poderá alcançar maior prosperidade ou outra forma de felicidade humana, mas não a totalidade do que espera.
Com o tempo verá o porque disto. Perceberá que é orar em vão, quando tenta realização humana através das verdades espirituais.
Percebemos claramente através da mensagem de cada místico que o objetivo da senda espiritual é "morrer para a experiência humana" e "renascer do Espírito". Por eles aprendemos que o reino verdadeiro, o reino espiritual ou místico "não é deste mundo", ainda que considerássemos este mundo como sadio, sábio e próspero.
A sendo mística lhe ensina que o objetivo da vida não é uma meta metafísica para uma saúde melhor, para um lar mais confortável, ou um carro mais caro, ou uma esposa ou esposo satisfatório. A meta é libertar a alma do tumulto da existência humana, especialmente do túmulo da mente humana.
Se você dispõe de tempo para períodos de introspecção ou contemplação, procure sentar-se, acalmar-se e ver até que ponto você está aprisionado em seu corpo e em sua mente. Note o quão pouco você conhece, a não ser aquilo que você encontra lá. Então constatará que toda a experiência humana é uma vida em prisão.
Efetivamente, cada ser humano vive preso à sua mente e ao seu corpo e, via de regra, durante sua vida inteira jamais se liberta dela. A maioria das pessoas -- até mesmo as de elevada educação -- acham que o que não está na mente e no corpo não tem realidade ou existência. O que se nota é que quanto mais culta a pessoa é, maior é a sua prisão dos conceitos mentais.
Devidamente compreendida, a vida é uma aventura. Tal como o bebê, quando começa a engatinhar, se deslumbra com o mundo fora de seu berço, de seu quadradinho ou cadeirinha alta, embora bata sua cabeça ou queime os dedos no fogo, explorando cada canto da casa, assim deverá ser a nossa vida.
Infelizmente, com o tempo, a criança alcança a adolescência e perde todo interesse pela busca ou desejo de aventura. Pode haver um intervalo de curiosidade quanto ao sexo, mas quando ela é satisfeita nada mais resta no anseio da pessoa. A vida passa a ser vivida pelo que é gravado no corpo e na mente.
Felizmente, há alguns exploradores -- artistas, aventureiros da alma para os quais a vida não perde o seu fascínio. Eles tentam alargar os seus horizontes nas esferas mental, física, artística. Muito poucos são os que buscam no campo da alma.
Pense um pouco na palavra "alma". Constate como você sabe pouco a respeito dela. E um grande número de pessoas conhece ainda menos que você. Você teve oportunidade de ler muitos escritos e tem estudado algo sobre o assunto. Sabe que a compreensão verdadeira deste tema é a maior experiência a que um individuo pode chegar.
A alma está aprisionada no túmulo que chamamos "experiência humana": o túmulo da mente e do corpo. Se desejamos alcançar experiências da alma, temos de romper as barreiras do corpo e da mente. A isto, Jesus, nosso Mestre, chamou "de não nos preocupar com nossas vidas, mas de buscar o Reino de Deus - a esfera de Deus: a Alma." Mas violamos este ensinamento ao supor que a vivência de Deus ou da Alma consiste em melhorar as condições materiais de nossa vida. Mas as instruções divinas são claras: de não nos preocuparmos com esta vida, seja qual for o seu aspecto, corporal ou mental - e alcançar a consciência de um rumo mais elevado, de um objetivo ou significado mais alto em nossa vida.
A razão deste tema da Alma ser tão minimamente conhecido é porque se fala de Deus, sem compreender que Ele é a própria Alma do homem. Você nunca poderá contatar e sintonizar o Reino de Deus em você, enquanto não tomar consciência de sua própria Alma. Esta busca e este encontro é uma real aventura, porque você tem que deixar de lado os apegos ao corpo e aos conceitos mentais, partindo rumo ao que lhe é humanamente desconhecido.
O almirante Bird, quando se aventurou às regiões dos Pólos Norte e Sul, não sabia o que o esperava e nem tinha certeza de que encontraria um caminho de retorno. Deixou as águas familiares e seguras e foi para lá, embora sabendo que muitos exploradores tinham ido aos pólos e nunca mais tinham voltado. Todavia, Bird estava disposto a ir além do sentido de preservação de sua vida, em busca do desconhecido.
De modo parecido, na busca da Alma, você não tem absolutamente meios de saber o que irá encontrar e nem a garantia de que poderá retornar. Aqueles que foram antes de você não deixaram mapas. Não disseram como ir e como voltar. Sabemos que o roteiro é o caminho da meditação e um bom Mestre pode servir-nos de Guia. Contudo, até mesmo esse Instrutor só pode guiá-lo na prática da meditação. Depois você será entregue a você mesmo.
Alguns ficam tão assustados à primeira visão do campo da Alma que, ao voltar, nunca mais se aventuram de novo para aquele lado. Deus é Luz. Entrar, face a face, com essa Luz tão ofuscante e cegante em sua intensidade, é mais difícil do que encarar diretamente o sol físico, em sua maior luminosidade, do meio dia. Portanto, se isto parece assustador, você deve mesmo munir-se de um espírito aventureiro para realizar mais do que espera. Não que Deus seja assustador: os sentidos humanos é que se assustam ante o desconhecido. Na realidade, nada existe a temer nessa busca.
De modo geral, o progresso no caminho espiritual é muito gradual, de modo que o trajeto inteiro se transforma em alegria. Aqui e acolá haverá experiências momentaneamente assustadoras, ou melhor, surpreendentes, porque diferem do que você esperava. Por exemplo: você pode ter esperado que cada dia lhe traria experiências alegres. Mas tais momentos são poucos. Os períodos de escassez e vazio e o sentimento de parecer isolado ou separado de Deus são muito mais frequentes. No entanto, estes são mais necessários para o seu desenvolvimento espiritual do que sentir-se numa nuvem cor-de-rosa. Não é bom que você se sinta satisfeito, porque não deixará nenhum espaço, nenhum vazio, para algo novo e melhor entrar. Você precisa perder seus equivocados conceitos acerca de Deus; você deve deixar de lado tudo o que esperava de Deus.
Eu gostaria de escrever um livro com a título: "DEUS PAPAI NOEL", porque é esta a idéia de muita gente a respeito de Deus. Esteja seguro de que ninguém pode entrar no Reino da Alma com tais idéias. Você deve abandonar tudo o que até hoje esperava no sentido humano de companheirismo. Você gostaria de contar a seus chegados tudo o que você pensa e faz; você gostaria de partilhar com eles todas as suas alegrias e êxitos. Mas no caminho espiritual você não pode fazer isto porque aqueles que não trilham este caminho não estão em condições de avaliar e de partilhar de tais experiências. Só mesmo em raras oportunidades você poderá encontrar alguém com quem partilhar estas coisas. Porém, mesmo em tal hipótese, você descobrirá que algumas coisas devem permanecer ocultas com você para sempre.
Isto explica a solidão do Mestre em Seu ministério de três anos. Quando Ele quis revelar alguns segredos da vida quadridimensional, só pôde levar com Ele três de seus mais íntimos discípulos. Os demais discípulos não tinham condições de assistir à transfiguração e defrontar Moíses e Elias, que tinham vivido muitos séculos antes. Não poderiam compreender como eles viviam ainda e permaneciam exatamente lá onde eles estavam, comunicando-lhes Sua sabedoria. O Mestre não falou desta experiência aos demais nove discípulos. E mesmo aos três escolhidos, estou certo de que havia segredo que ele não podia comunicar. Esta é a "solidão" ou "silêncio" que guardamos ao compreender que não podemos falar das experiências espirituais senão com raríssimas pessoas.
No momento em que você toma contato com a Consciência mais elevada, sua visão se expande, abrangendo fatos do presente, do passado e do futuro. É como você ficasse de pé no terraço de um alto arranha-céu, de onde você pode descortinar, num ângulo de 360 graus, milhares de quilômetro em todas as direções, enquanto que, no mesmo instante, um homem na rua lá embaixo só pode tomar consciência do que lhe esta próximo. Nos planos mais elevados de consciência, o passado, o presente e o futuro ganham imensas amplitudes (não relacionem com quiromancia ou cartomancia). Então podemos compreender como os profetas da Bíblia previam o que ia acontecer e podiam prevenir em tempo os males que se anunciavam se continuassem agindo de modo errado. Mas eles foram muitas vezes castigados pelos teimosos reis. Da mesma forma, se você começasse a falar de certas experiências, além de você profanar e arriscar-se a perder essa percepção, encontrará descrença e escárnio, porque não podem compreender o que não vivenciaram por eles mesmos. Eles não podem compreender. E você perderá muitos companheiros na senda espiritual.
Há uma razão prática para empreender a aventura espiritual: com aquilo que conhecemos até agora, é possível trabalhar, por trás dos bastidores, para mudar o curso de eventos futuros. Isto é conhecido dos místicos que se acham no outro lado do véu. Na medida em que eles acham homens e mulheres receptivos às necessidades espirituais, são capazes de lhes comunicar sua sabedoria. Assim, aqueles que estão agora na terra, podem exercer uma influência auxiliadora no ajustamento das condições humanas.
Porém, mesmo sem isto, a aventura valeria a pena, porque ela liberta nossa alma das limitações. Liberta-o da repetição monótona cristalizante de levantar-se, trabalhar, comer três vezes ao dia e depois ir para a cama à noite, para repetir tudo no dia-seguinte. Uma prisão!
O ser humano não foi creado para ser um escravo - física, mental e economicamente. O propósito essencial do homem é manifestar a sua natureza divina. Ele foi creado para ser um instrumento consciente de Deus na Terra - como rezou São Francisco. Tal é o sentido da encarnação: Deus feito homem individual. O filho pródigo simboliza "o caminho perdido" e mostra que o ser humano pode e deve encontrar a via de regresso ou retorno à "Casa do Pai" - ao estado de consciência divina, lá vivendo como herdeiro de Deus, revestido do manto de uma mais alta consciência, do anel de herança e união, no usufruto da glória de Deus.
O homem não nasceu para chorar. Todos as suas lágrimas são derramadas tão somente porque ele sente a sua limitação. Cada lágrima que você derrama é sinal de alguma restrição que você está experimentando em sua vida. O homem não nasceu para chorar! Quanto mais você procurar, dentro e em torno de seu corpo e de sua mente, tanto mais limitado e preso ficará. Não tenha a ilusão de que você é livre de seu corpo e de sua mente. Quanto mais você estudar a Verdade e observar os movimentos internos e seus impulsos, mais verá a necessidade de libertar a sua alma dos grilhões dos hábitos e crenças deste mundo. E quanto mais você o conseguir, elevando-se ao reino de Alma, até a aproximação dela, seu corpo e sua mente se tornarão mais receptivos ao governo divino interno e sua vida requererá menos atenção humana.
Eventualmente você também poderá sair destas limitações por um ato da Graça. Alguma coisa lhe acontecerá -- não por você sentar-se e simplesmente esperar por ela. Acontecer-lhe-á se você mantiver seus pensamentos focados em direção do Alto, como foi dito por Isaías (26:3): "Tu, Senhor conservarás em perfeita paz aquele cuja mente está firmada em Ti". "Reconhece-O em todos os teus caminhos e Ele te orientará" (Prov.3:6). "Na quietude e na confiança está a tua força" (Isaías 30:15). Neste sincero esforço, de sintonia é que você pode receber a Graça, que eventualmente o libertará. Agora você pode compreender porque os anjos são imaginados e representados com asas: porque os pensamentos voam, pairam. Estas experiências sublimes se dão no topo da montanha: nas sublimes alturas da consciência. Quando a Alma é liberada, ela voa para a alto, não no tempo e no espaço, mas em consciência. Não fica mais ancorada no chão. Não permanece mais enterrada no corpo e na mente carnal. Torna-se uma consciência ascendente, uma faculdade das alturas.
Quando uma pessoa passa pela experiência da morte física, supomos erroneamente que sua alma deixa o corpo e voa para o alto. Não é pela morte do corpo que isto acontece: é quando aprendemos a morrer diariamente para corpo e a mente. Então, sim, a Alma é liberada gradualmente para um estado mais elevado de consciência. Isto devemos alcançar enquanto estamos bem vivos, por causa da morte para o sentido humano do ser. Este é o dia em que você se liberta do túmulo do corpo e da mente e libera a sua Alma. Embora isto seja ensinado simbolicamente - como em todos os ensinamentos místicos -, há quem o interprete literalmente, assim como fazem na história de Jonas na barriga da baleia, que simboliza o aprisionamento do homem nas crenças humanas.
Você sabe que tem um corpo e que tem uma mente, mas ainda não chegou a conhecer o verdadeiro Ser que você é e que tem esse corpo e essa mente. Conhecer essa real identidade é a aventura de sua vida: o seu despertar para o real Ser que você é: essa Alma que vive. Você precisa de primeiramente conhecer esse "você" que é essa Alma. Em seguida poderá começar a exploração, a busca, até encontrar-se! Esta é a razão de sua vida na terra. Esse Ser espiritual que jamais nasceu e jamais morre e que momentaneamente está sepultado em um "parêntesis", buscando saída, para dar um pleno propósito ao seu viver! Se você procurar em seu corpo, dos dedos do pés ao topo da cabeça, tentando localizar onde está esse Eu espiritual, descobrirá que Ele não se encontra em nenhuma parte de seu corpo. Então lhe virá a primeira sugestão: "Se não estou neste corpo, onde estou? O que eu Sou?". Aí começa a busca do homem creado por Deus. E a grande aventura se inicia!
É melhor que você guarde todas estas descobertas para você mesmo. Jamais acredite que poderá encontrar alguém que tenha exatamente as suas experiências. Então, um dia, quando você se encontrar conscientemente fora de seu corpo e compreender que EU SOU EU, será capaz de ver que Deus implantou a plenitude dEle em você, de modo que nada lhe pode ser acrescentado e nada lhe pode ser tirado. Verá que você se encontra na plenitude do Ser, em Deus. A partir desta experiência, você não procurará nada mais lá fora, mas estará livre para partilhar doze cestas cheias a cada hora do dia, sem qualquer pensamento de que esteja esgotando seu interno suprimento. Você passará a desfrutar a vida com alegria; a viver o céu na terra. Mas isto, só depois de você ver o EU SOU que você é, não limitado no corpo e em crenças materiais - mas um Ser incorpóreo, espiritual, onipresente, livre!
A partir deste instante você compreenderá o que foi dito: "As armas não atingem a vida; as chamas não a queimam; as águas não a podem afogar, pois você é o Eu conscientemente realizado à semelhança de Deus, indestrutível, indivisível, inseparável de Deus. Nem a vida e nem a morte poderá separá-lo da Vida-Deus-Amor-Plenitude!"
É verdade que as verdades espirituais sempre trazem benefícios práticos à nossa vida, mas posso assegurar-lhe que você não terá tudo o que espera humanamente, no estudo da Verdade, porque não está na natureza do ensinamento espiritual dar-lhe todas as boas coisas que você gostaria de ter. Sua saúde poderá melhorar; você poderá alcançar maior prosperidade ou outra forma de felicidade humana, mas não a totalidade do que espera.
Com o tempo verá o porque disto. Perceberá que é orar em vão, quando tenta realização humana através das verdades espirituais.
Percebemos claramente através da mensagem de cada místico que o objetivo da senda espiritual é "morrer para a experiência humana" e "renascer do Espírito". Por eles aprendemos que o reino verdadeiro, o reino espiritual ou místico "não é deste mundo", ainda que considerássemos este mundo como sadio, sábio e próspero.
A sendo mística lhe ensina que o objetivo da vida não é uma meta metafísica para uma saúde melhor, para um lar mais confortável, ou um carro mais caro, ou uma esposa ou esposo satisfatório. A meta é libertar a alma do tumulto da existência humana, especialmente do túmulo da mente humana.
Se você dispõe de tempo para períodos de introspecção ou contemplação, procure sentar-se, acalmar-se e ver até que ponto você está aprisionado em seu corpo e em sua mente. Note o quão pouco você conhece, a não ser aquilo que você encontra lá. Então constatará que toda a experiência humana é uma vida em prisão.
Efetivamente, cada ser humano vive preso à sua mente e ao seu corpo e, via de regra, durante sua vida inteira jamais se liberta dela. A maioria das pessoas -- até mesmo as de elevada educação -- acham que o que não está na mente e no corpo não tem realidade ou existência. O que se nota é que quanto mais culta a pessoa é, maior é a sua prisão dos conceitos mentais.
Devidamente compreendida, a vida é uma aventura. Tal como o bebê, quando começa a engatinhar, se deslumbra com o mundo fora de seu berço, de seu quadradinho ou cadeirinha alta, embora bata sua cabeça ou queime os dedos no fogo, explorando cada canto da casa, assim deverá ser a nossa vida.
Infelizmente, com o tempo, a criança alcança a adolescência e perde todo interesse pela busca ou desejo de aventura. Pode haver um intervalo de curiosidade quanto ao sexo, mas quando ela é satisfeita nada mais resta no anseio da pessoa. A vida passa a ser vivida pelo que é gravado no corpo e na mente.
Felizmente, há alguns exploradores -- artistas, aventureiros da alma para os quais a vida não perde o seu fascínio. Eles tentam alargar os seus horizontes nas esferas mental, física, artística. Muito poucos são os que buscam no campo da alma.
Pense um pouco na palavra "alma". Constate como você sabe pouco a respeito dela. E um grande número de pessoas conhece ainda menos que você. Você teve oportunidade de ler muitos escritos e tem estudado algo sobre o assunto. Sabe que a compreensão verdadeira deste tema é a maior experiência a que um individuo pode chegar.
A alma está aprisionada no túmulo que chamamos "experiência humana": o túmulo da mente e do corpo. Se desejamos alcançar experiências da alma, temos de romper as barreiras do corpo e da mente. A isto, Jesus, nosso Mestre, chamou "de não nos preocupar com nossas vidas, mas de buscar o Reino de Deus - a esfera de Deus: a Alma." Mas violamos este ensinamento ao supor que a vivência de Deus ou da Alma consiste em melhorar as condições materiais de nossa vida. Mas as instruções divinas são claras: de não nos preocuparmos com esta vida, seja qual for o seu aspecto, corporal ou mental - e alcançar a consciência de um rumo mais elevado, de um objetivo ou significado mais alto em nossa vida.
A razão deste tema da Alma ser tão minimamente conhecido é porque se fala de Deus, sem compreender que Ele é a própria Alma do homem. Você nunca poderá contatar e sintonizar o Reino de Deus em você, enquanto não tomar consciência de sua própria Alma. Esta busca e este encontro é uma real aventura, porque você tem que deixar de lado os apegos ao corpo e aos conceitos mentais, partindo rumo ao que lhe é humanamente desconhecido.
O almirante Bird, quando se aventurou às regiões dos Pólos Norte e Sul, não sabia o que o esperava e nem tinha certeza de que encontraria um caminho de retorno. Deixou as águas familiares e seguras e foi para lá, embora sabendo que muitos exploradores tinham ido aos pólos e nunca mais tinham voltado. Todavia, Bird estava disposto a ir além do sentido de preservação de sua vida, em busca do desconhecido.
De modo parecido, na busca da Alma, você não tem absolutamente meios de saber o que irá encontrar e nem a garantia de que poderá retornar. Aqueles que foram antes de você não deixaram mapas. Não disseram como ir e como voltar. Sabemos que o roteiro é o caminho da meditação e um bom Mestre pode servir-nos de Guia. Contudo, até mesmo esse Instrutor só pode guiá-lo na prática da meditação. Depois você será entregue a você mesmo.
Alguns ficam tão assustados à primeira visão do campo da Alma que, ao voltar, nunca mais se aventuram de novo para aquele lado. Deus é Luz. Entrar, face a face, com essa Luz tão ofuscante e cegante em sua intensidade, é mais difícil do que encarar diretamente o sol físico, em sua maior luminosidade, do meio dia. Portanto, se isto parece assustador, você deve mesmo munir-se de um espírito aventureiro para realizar mais do que espera. Não que Deus seja assustador: os sentidos humanos é que se assustam ante o desconhecido. Na realidade, nada existe a temer nessa busca.
De modo geral, o progresso no caminho espiritual é muito gradual, de modo que o trajeto inteiro se transforma em alegria. Aqui e acolá haverá experiências momentaneamente assustadoras, ou melhor, surpreendentes, porque diferem do que você esperava. Por exemplo: você pode ter esperado que cada dia lhe traria experiências alegres. Mas tais momentos são poucos. Os períodos de escassez e vazio e o sentimento de parecer isolado ou separado de Deus são muito mais frequentes. No entanto, estes são mais necessários para o seu desenvolvimento espiritual do que sentir-se numa nuvem cor-de-rosa. Não é bom que você se sinta satisfeito, porque não deixará nenhum espaço, nenhum vazio, para algo novo e melhor entrar. Você precisa perder seus equivocados conceitos acerca de Deus; você deve deixar de lado tudo o que esperava de Deus.
Eu gostaria de escrever um livro com a título: "DEUS PAPAI NOEL", porque é esta a idéia de muita gente a respeito de Deus. Esteja seguro de que ninguém pode entrar no Reino da Alma com tais idéias. Você deve abandonar tudo o que até hoje esperava no sentido humano de companheirismo. Você gostaria de contar a seus chegados tudo o que você pensa e faz; você gostaria de partilhar com eles todas as suas alegrias e êxitos. Mas no caminho espiritual você não pode fazer isto porque aqueles que não trilham este caminho não estão em condições de avaliar e de partilhar de tais experiências. Só mesmo em raras oportunidades você poderá encontrar alguém com quem partilhar estas coisas. Porém, mesmo em tal hipótese, você descobrirá que algumas coisas devem permanecer ocultas com você para sempre.
Isto explica a solidão do Mestre em Seu ministério de três anos. Quando Ele quis revelar alguns segredos da vida quadridimensional, só pôde levar com Ele três de seus mais íntimos discípulos. Os demais discípulos não tinham condições de assistir à transfiguração e defrontar Moíses e Elias, que tinham vivido muitos séculos antes. Não poderiam compreender como eles viviam ainda e permaneciam exatamente lá onde eles estavam, comunicando-lhes Sua sabedoria. O Mestre não falou desta experiência aos demais nove discípulos. E mesmo aos três escolhidos, estou certo de que havia segredo que ele não podia comunicar. Esta é a "solidão" ou "silêncio" que guardamos ao compreender que não podemos falar das experiências espirituais senão com raríssimas pessoas.
No momento em que você toma contato com a Consciência mais elevada, sua visão se expande, abrangendo fatos do presente, do passado e do futuro. É como você ficasse de pé no terraço de um alto arranha-céu, de onde você pode descortinar, num ângulo de 360 graus, milhares de quilômetro em todas as direções, enquanto que, no mesmo instante, um homem na rua lá embaixo só pode tomar consciência do que lhe esta próximo. Nos planos mais elevados de consciência, o passado, o presente e o futuro ganham imensas amplitudes (não relacionem com quiromancia ou cartomancia). Então podemos compreender como os profetas da Bíblia previam o que ia acontecer e podiam prevenir em tempo os males que se anunciavam se continuassem agindo de modo errado. Mas eles foram muitas vezes castigados pelos teimosos reis. Da mesma forma, se você começasse a falar de certas experiências, além de você profanar e arriscar-se a perder essa percepção, encontrará descrença e escárnio, porque não podem compreender o que não vivenciaram por eles mesmos. Eles não podem compreender. E você perderá muitos companheiros na senda espiritual.
Há uma razão prática para empreender a aventura espiritual: com aquilo que conhecemos até agora, é possível trabalhar, por trás dos bastidores, para mudar o curso de eventos futuros. Isto é conhecido dos místicos que se acham no outro lado do véu. Na medida em que eles acham homens e mulheres receptivos às necessidades espirituais, são capazes de lhes comunicar sua sabedoria. Assim, aqueles que estão agora na terra, podem exercer uma influência auxiliadora no ajustamento das condições humanas.
Porém, mesmo sem isto, a aventura valeria a pena, porque ela liberta nossa alma das limitações. Liberta-o da repetição monótona cristalizante de levantar-se, trabalhar, comer três vezes ao dia e depois ir para a cama à noite, para repetir tudo no dia-seguinte. Uma prisão!
O ser humano não foi creado para ser um escravo - física, mental e economicamente. O propósito essencial do homem é manifestar a sua natureza divina. Ele foi creado para ser um instrumento consciente de Deus na Terra - como rezou São Francisco. Tal é o sentido da encarnação: Deus feito homem individual. O filho pródigo simboliza "o caminho perdido" e mostra que o ser humano pode e deve encontrar a via de regresso ou retorno à "Casa do Pai" - ao estado de consciência divina, lá vivendo como herdeiro de Deus, revestido do manto de uma mais alta consciência, do anel de herança e união, no usufruto da glória de Deus.
O homem não nasceu para chorar. Todos as suas lágrimas são derramadas tão somente porque ele sente a sua limitação. Cada lágrima que você derrama é sinal de alguma restrição que você está experimentando em sua vida. O homem não nasceu para chorar! Quanto mais você procurar, dentro e em torno de seu corpo e de sua mente, tanto mais limitado e preso ficará. Não tenha a ilusão de que você é livre de seu corpo e de sua mente. Quanto mais você estudar a Verdade e observar os movimentos internos e seus impulsos, mais verá a necessidade de libertar a sua alma dos grilhões dos hábitos e crenças deste mundo. E quanto mais você o conseguir, elevando-se ao reino de Alma, até a aproximação dela, seu corpo e sua mente se tornarão mais receptivos ao governo divino interno e sua vida requererá menos atenção humana.
Eventualmente você também poderá sair destas limitações por um ato da Graça. Alguma coisa lhe acontecerá -- não por você sentar-se e simplesmente esperar por ela. Acontecer-lhe-á se você mantiver seus pensamentos focados em direção do Alto, como foi dito por Isaías (26:3): "Tu, Senhor conservarás em perfeita paz aquele cuja mente está firmada em Ti". "Reconhece-O em todos os teus caminhos e Ele te orientará" (Prov.3:6). "Na quietude e na confiança está a tua força" (Isaías 30:15). Neste sincero esforço, de sintonia é que você pode receber a Graça, que eventualmente o libertará. Agora você pode compreender porque os anjos são imaginados e representados com asas: porque os pensamentos voam, pairam. Estas experiências sublimes se dão no topo da montanha: nas sublimes alturas da consciência. Quando a Alma é liberada, ela voa para a alto, não no tempo e no espaço, mas em consciência. Não fica mais ancorada no chão. Não permanece mais enterrada no corpo e na mente carnal. Torna-se uma consciência ascendente, uma faculdade das alturas.
Quando uma pessoa passa pela experiência da morte física, supomos erroneamente que sua alma deixa o corpo e voa para o alto. Não é pela morte do corpo que isto acontece: é quando aprendemos a morrer diariamente para corpo e a mente. Então, sim, a Alma é liberada gradualmente para um estado mais elevado de consciência. Isto devemos alcançar enquanto estamos bem vivos, por causa da morte para o sentido humano do ser. Este é o dia em que você se liberta do túmulo do corpo e da mente e libera a sua Alma. Embora isto seja ensinado simbolicamente - como em todos os ensinamentos místicos -, há quem o interprete literalmente, assim como fazem na história de Jonas na barriga da baleia, que simboliza o aprisionamento do homem nas crenças humanas.
Você sabe que tem um corpo e que tem uma mente, mas ainda não chegou a conhecer o verdadeiro Ser que você é e que tem esse corpo e essa mente. Conhecer essa real identidade é a aventura de sua vida: o seu despertar para o real Ser que você é: essa Alma que vive. Você precisa de primeiramente conhecer esse "você" que é essa Alma. Em seguida poderá começar a exploração, a busca, até encontrar-se! Esta é a razão de sua vida na terra. Esse Ser espiritual que jamais nasceu e jamais morre e que momentaneamente está sepultado em um "parêntesis", buscando saída, para dar um pleno propósito ao seu viver! Se você procurar em seu corpo, dos dedos do pés ao topo da cabeça, tentando localizar onde está esse Eu espiritual, descobrirá que Ele não se encontra em nenhuma parte de seu corpo. Então lhe virá a primeira sugestão: "Se não estou neste corpo, onde estou? O que eu Sou?". Aí começa a busca do homem creado por Deus. E a grande aventura se inicia!
É melhor que você guarde todas estas descobertas para você mesmo. Jamais acredite que poderá encontrar alguém que tenha exatamente as suas experiências. Então, um dia, quando você se encontrar conscientemente fora de seu corpo e compreender que EU SOU EU, será capaz de ver que Deus implantou a plenitude dEle em você, de modo que nada lhe pode ser acrescentado e nada lhe pode ser tirado. Verá que você se encontra na plenitude do Ser, em Deus. A partir desta experiência, você não procurará nada mais lá fora, mas estará livre para partilhar doze cestas cheias a cada hora do dia, sem qualquer pensamento de que esteja esgotando seu interno suprimento. Você passará a desfrutar a vida com alegria; a viver o céu na terra. Mas isto, só depois de você ver o EU SOU que você é, não limitado no corpo e em crenças materiais - mas um Ser incorpóreo, espiritual, onipresente, livre!
A partir deste instante você compreenderá o que foi dito: "As armas não atingem a vida; as chamas não a queimam; as águas não a podem afogar, pois você é o Eu conscientemente realizado à semelhança de Deus, indestrutível, indivisível, inseparável de Deus. Nem a vida e nem a morte poderá separá-lo da Vida-Deus-Amor-Plenitude!"
Cont...
Parabéns, Gugu, Joel Goldsmith é como um pai. Não sei se minha compreensão está aumentando mais e mais, ou se andas divinamente inspirado na escolha dos posts. Como uma criança tenho consultado este blog com imensa satisfação. Evoco sempre a imagem da garotinha, que é a narradora do conto “Felicidade Clandestina” de Clarice Lispector, e o seu prazer com livros e leituras. O parágrafo 24 é perfeito. Ainda que eu tenha recebido a graça há dois anos, isso foi só o início. Um lampejo do brilho de um tesouro muito maior. Um espanto que não me canso de relembrar. No entanto, com toda humildade, compreendi que é preciso que mais de um elo se parta para se libertar dos grilhões, muitos elos, todos! Uma missão para uma vida inteira, quiçá, muitas vidas. E as lágrimas, sim, as lágrimas são os sinais dessa necessidade, a visão dessa limitação. Parafraseando Lao-Tsé: “(...) e no entanto – sossega meu coração! Tu vives no seio da mãe do Universo.” (Tao Te Ching, poema 20). Obrigada.
ResponderExcluirAletheia.
Oi Aletheia,
ResponderExcluirÉ a Aletheia que eu estou pensando? A de campinas? rsss.
Bonitas palavras para descrever o Joel Goldsmith. Ele é como um pai, mesmo. Ao ler os textos dele, sentimos como se estivéssemos com ele bem à nossa frente, conversando diretamente conosco. A inspiração de Goldsmith é muito forte, o que permite com que suas falas atijam grande número de pessoas no ponto exato.
A consciência espiritual apregoada pelo Goldsmith tem a ver com a total inexistência da matéria, do pecado, doença, sofrimento e da morte, e a existência total e única do Espírito. Talvez seja por isso que "ainda que você tenha recebido a graça há dois anos, isso foi só o início". E pode ser que precisemos apenas de uma única vida para tomarmos posse desse "tesouro muito maior". A Verdade é verdade sempre, e está sendo agora. Como o próprio Goldsmith diz: "Eventualmente você também poderá sair destas limitações por um ato da Graça. Alguma coisa lhe acontecerá -- não por você sentar-se e simplesmente esperar por ela. Acontecer-lhe-á se você mantiver seus pensamentos focados em direção do Alto."
Então, é importante não colocarmos uma limitação. Se definirmos em nossas mentes que "serão necessárias muitas vidas", estaremos proferindo uma sentença para nós mesmos. E assim deverá ser. Deixemos em aberto. Porque não aceitarmos/considerarmos a possibilidade de acontecer hoje mesmo? Pode ocorrer ou não. E se não acontecer, por que não desfrutar a vida (sempre no presente!) enquanto estamos (ou parecemos estar) aqui? Afinal, vivemos no seio da mãe do Universo... então, que tal se apenas relaxarmos e desfrutarmos?
Obrigado pelo comentário.
Grande Abraço!
Este texto do Joel Goldsmith e o comentário do Gugu, são um aconchego prá alma. Muito obrigado!
ResponderExcluirObrigado, anônimo!
ResponderExcluirA participação dos leitores são sempre muito gratificantes.
Grande abraço.
O que Joel Goldsmith quer dizer com: "Então, um dia, quando você se encontrar conscientemente fora de seu corpo", seria uma viagem ou projeção astral?
ResponderExcluirM,
ResponderExcluirNão é bem isso. Não se trata de viagem ou projeção astral, porque no mundo astral/espiritual também temos corpos sutis. Quando você realiza um desdobramento astral, você realmente se vê fora de seu corpo físico, mas se verá de posse de seu corpo espiritual. E um corpo é um corpo, não importando o nível: físico, etéreo, astral, espiritual, etc.
Quando Goldsmith diz "você se encontrará conscientemente fora de seu corpo", ele está falando da Consciência espiritual, porque somos Consciência espiritual e não corpos. Da perspectiva da Consciência espiritual, o corpo carnal não existe, sendo apenas uma ilusão. O corpo astral, apesar de ser composto de substância mais sutil/etérea, também é ilusão. Ver-se "conscientemente fora do corpo" significa perceber: SOU A CONSCIÊNCIA ILUMINADA. É porque temos (somos!) Consciência que podemos ter a percepção do mundo e dos corpos físicos. Sem tal Consciência nada disso seria possível. A consciência abrange todo o universo da percepção e, ao mesmo tempo, transcende todo o universo da percepção. Metaforicamente, a Consciência seria como a moldura que engloba a figura que está no quadro. A moldura do quadro está sempre além da imagem. Ninguém pode fazer caber a moldura dentro da imagem. Semelhantemente, a Consciência está além de todas as imagens projetadas (físicas, mentais, astrais, espirituais) e jamais tais imagens fenomênicas poderão fazer frente à Consciência espiritual.
Para os sentidos ilusórios, a Consciência espiritual será sempre uma espécie de "vazio" ou de "inexistência". A ilusão não pode conceber a realidade e, por isso, ao tentar olhar para a realidade terá uma nítida (e ilusória) impressão de "inexistência". Para aqueles que percebem consciencialmente, a Consciência Espiritual é uma presença e atividades reais. Então dizem ser ela uma "Presença Invisível" ou "Infinito Invisível".
Obrigado pelo comentário.
Grande Abraço!
Meu "Ego" se compraz nesses textos.
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