terça-feira, dezembro 14, 2010

Poema: "Canto da Vida Eterna"

Seicho-No-Ie


"Este corpo é como o arco-íris.
O arco-íris não é perene
e em breve desaparece.

Este corpo é como a bolha.
A bolha não é perene
e em breve desaparece.

Este corpo é como a miragem.
A miragem não é perene
e em breve desaparece.

Este corpo é como o eco.
O eco não é perene
e em breve desaparece.

Este corpo é como o relâmpago.
O relâmpago não é perene
e em breve desaparece.

Este corpo é como a nuvem.
A nuvem não é perene
e em breve desaparece.

Este corpo é como a correnteza.
A correnteza é inconstante
e se escoa sem parar.

Este corpo é como a bananeira:
parece que é sólido,
mas não tem consistência.

Este corpo é como o fogo:
parece que transmite calor,
mas a tudo consome e se extingue.

Este corpo é como o sonho:
parece que é real,
mas é irreal e efêmero.

Este corpo vem da ilusão:
parece ter substância,
mas é vazio e efêmero.

Este corpo é desamparado;
parece ter amparo,
mas logo se desmorona.

Este corpo não possui mente;
embora pareça possuí-la,
não a possui, tal qual entulho.

Este corpo não tem vida;
como palha carregada pelo vento,
é arrastado pela força do carma.

Este corpo é impuro;
embora pareça formoso,
está repleto de impurezas.

Este corpo é transitório;
embora pareça duradouro,
um dia terá de morrer.

Não é existência verdadeira
o que some como a bolha,
o arco-íris, a miragem, o eco.

Não tomeis por vosso Eu
o que não é existência verdadeira;
jamais o considereis vosso Eu.

O que é efêmero não é o vosso Eu.
O que morre não é o vosso Eu.
O que desaparece não é o vosso Eu.

O que é eterno, eis o Eu!
O que é imortal, eis o Eu!
O que é universal, eis o Eu!"



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