domingo, abril 04, 2010

Estados e Estágios da Consciência - 02


Joel S. Goldsmith



NÃO HÁ CAUSA MENTAL PARA A DOENÇA

Quantas vezes você soube de alguém que estava convencido de que tinha artrite, ou câncer, ou tuberculose e que depois foi curado tão depressa que mais tarde convenceu-se de que não poderia ter tido uma doença tão séria? Provavelmente a doença não existia, mas o ponto a ressaltar é: suponhamos que o prático aceite o diagnóstico como este lhe foi apresentado e comece a trabalhar no caso. Nove vezes em dez ele estaria trabalhando para curar a doença errada. Ainda que seu paciente lhe trouxesse o diagnóstico de um médico, este ainda poderia estar cinquenta e cinco por cento errado. Em seu prórpio levantamento, o Massachussets General Hospital ficou sabendo que apenas quarenta e cinco por cento dos diagnósticos feitos no próprio hospital estavam corretos, e isto até mesmo com radiografias, exames de sangue, exames de urina e todos os outros testes criados pela medicina moderna.

Você pode notar que, mesmo que um prático recebesse o diagnóstico médico de um caso, este tanto poderia estar certo como errado. Portanto, qual a eficácia de um tratamento aplicado a um caso específico? Se o paciente ficar curado, isso poderia ter acontecido mesmo sem o tratamento.

Além disso, visto que a doença é irreal, e desde que se acredite que ela não pode ser verdadeiramente localizada, toda essa manipulação mental -- essa sondagem para encontrar uma causa mental correspondente a um estado ou doença -- é falta de bom senso. Em toda minha vida nunca encontrei alguém com ódio suficiente para causar algo tão violento quanto o câncer; ou com luxúria suficiente para causar definhamento ou tuberculose. Uma pessoa com tanto ódio ou luxúria assim, estaria trancada num hospício. As pessoas não são assim tão más -- deve haver outra razão para isso.

Há algum tempo, li um artigo sobre uma mulher com pés chatos. Um prático, ao analisar seu pensamento, descobriu que ela sentira tanta tristeza pela morte de um filho na guerra a ponto de haver perdido a lucidez. Resultado: pés chatos. Outra mulher tinha pé-de-atleta e não podia ser curada. Ao examiná-la, um prático descobriu que ela desejava apenas mais afeto humano. Meu comentário na ocasião foi que, se aquilo era verdadeiro, os práticos iriam ficar muito ocupados com pés-de-atletas, já que há tão grande carência de afeto no mundo.

Se houvesse ocasião em que alguma cura foi realizada através de tratamentos de causas mentais, podem acreditar que foram curas de "crença"; uma crença na cura de doença causada pela crença numa causa e numa cura, uma crença agindo sob a influência de outra crença. Li o Novo Testamento até desgastar o livro, e em nenhum lugar encontrei qualquer palavra de Jesus acerca do ódio, luxúria ou desejo de afeição como causadores de doença. Pelo contrário, ele disse que nem mesmo o pecado faria com que o homem nascesse cego.

Chocou-me saber que o erro não é o resultado do pensamento de uma pessoa, porque sempre me foi ensinado que o mal é causado pelo tratamento errado, porém descobri, no primeiro ano de minha prática, que isso não era verdade. Como poderia um bebê sofrer porque os pais tiveram pensamentos iníquos? Não, ele sofre por causa de crenças comuns a todos, as quais seus pais não sabem como abandonar. As pessoas não contraem resfriados, gripes ou pólio nos seus surtos por causa do seu modo de pensar errôneo: essa é uma crença universal que elas não sabem como combater, e se elas se aferram a esse negócio de Deus-é-amor, sem saberem como enfrentar aquelas crenças, ficarão extremamente deslocadas como se nunca tivessem descoberto que Deus é amor.

A fragilidade da prática metafísica está no fato de que a maioria dos metafísicos gosta de falar no quanto Deus é maravilhoso, mas detesta dizer a qualquer pessoa o que fazer quanto à manifestação do pecado e da doença. Haveria alguém no mundo que sentisse luxúria, animalidade, medo ou ansiedade se soubesse como evitar isso? Há uma lei de Deus que anula tudo isso, mas você precisa saber que lei é essa. Dizer apenas "Deus é amor" não anula nada, já que temos muito disso no mundo -- até mesmo entre as pessoas que têm a certeza de que Deus é amor.

Nunca se esqueça que toda circunstância prejudicial à sua vida pode ser evitada. Ninguém é vítima de alguma coisa, senão pela ignorância das leis da vida. Deus nunca teve a intenção de que alguém sofresse de decrepitude; Deus nunca teve a intenção de que existissem aleijados, alcoólatras ou viciados em drogas, e não há razão no mundo pela qual elas existam, exceto que o mundo jamais aprendeu a enfrentar estes problemas, fazendo com que eles deixem de fazer parte do modo de pensar da humanidade.

O mal não existe como algo criado por Deus. Deus não pune as pessoas, ainda que a antiga lei hebraica ensinasse que os pecados dos pais recairiam sobre os filhos. Mas quando os hebreus viram como essa lei era injusta, eles a repeliram duzentos anos mais tarde: "... eles nunca mais dirão, os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos se embotaram" (Jeremias 31:29). Sim, eles aprenderam há três ou quatro mil anos a não aceitarem uma idéia tão cruel como essa, de que os pecados dos pais recaem sobre os filhos, e certamente deveríamos estar pelo menos tão adiantados como eles. Mesmo assim, aceitamos as leis da hereditariedade, que nos vinculam à crença de que as doenças dos pais recaem sobre os filhos, netos e tataranetos. Precisamos nos elevar mais alto que isso, começando por entender que existe uma lei de Deus agindo no ser individual e coletivo, em indivíduos, em grupos, nas raças e nações.


PENSAMENTO NÃO É PODER

Existe uma lei de Deus, mas temos de começar a pô-la em prática, primeiramente abandonando nossas crenças egoístas de que qualquer pensamento que possamos ter é um poder, ou que tomando uma afirmação e fazendo-a penetrar em nossa mente, faremos afinal com que ela se torne verdade. Isso é trabalho árduo; não é permanente nem espiritual; e, além disso, permite que outros dominem nossos pensamentos, e também nos tira a compreensão do único Poder que existe, que é Deus, cujo reino está dentro de nós.

Repetir que "duas vezes dois são quatro" não fará com que seja assim, uma vez que isso apenas nos ajuda a lembrar que é assim.

A repetição de uma afirmação ajudará a nos impressionar com a sua verdade, mas seria muito melhor ouvir ou ler uma verdade, e, melhor ainda, ter a Verdade revelada no íntimo de nosso ser e deixar que ela entre em ação, já que 'Verdade' é um sinônimo de 'Deus'. Por que depender da manipulação da Verdade? Por que não deixar a Verdade fazer isso por si só?

Quantas pessoas acreditam, realmente, que existe um Deus? Ó, sim, elas aceitam Deus e falam a Seu respeito. Mas quantos dos que dizem acreditar em Deus ao mesmo tempo se agarram a um remédio ou a um pensamento? Nem o remédio nem o pensamento podem ser Deus. Deus não é pensamento. Pensamento não é poder-de-Deus: Pensamento é uma via de percepção. Esta é uma informação que você deveria memorizar, não para torná-la verdadeira; mas se você alguma vez se sentir tentado a manipular pensamentos, lembre-se desta afirmação e compreenderá nitidamente que nenhum pensamento é poder.

Quando entendi a verdade de que 'pensamento não é poder', mas penas uma via de percepção, fiquei espantado por um momento. Depois percebi que, através de meu pensamento -- através da via do pensamento -- eu podia conscientizar-me das pessoas ao meu redor e saber se estavam vestidas de marrom, de verde ou de preto, porém nenhum pensamento meu podia mudar o tom do marom para verde, nem o verde para o preto. Nem meu pensamento, nem todo pensamento do mundo poderia mudar isso. Daí por diante, o pensamento tornou-se para mim uma via de percepção.

Através do pensamento você pode conscientizar-se da grande verdade de que você é o Cristo de Deus. Eis o que você é e tem sido desde o início dos tempos. Isso sempre foi verdade: "Em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou" (João 08:58) -- e o pensamento de ninguém pode tornar isso verdadeiro. Isso é verdadeiro porque é uma lei de Deus: "E eis que eu estou convosco todos os dias" -- mesmo até o fim dessa crença humana nas coisas. Esse Eu estará com você, e esse Eu é o Cristo -- a mente que estava em Cristo Jesus, a Alma ou o Espírito de Deus.

Uma parcela mínima do Cristo faz milagres quando deixada agir sem manipulação mental, sem o desejo mental de lançar-se em busca da consciência, nem da mente, ou do pensamento do indivíduo que está procurando ajuda. Quantas vezes você teve a experiência de estar no consultório de um prático de consciência espiritual altamente desenvolvida e sentir algum efeito benéfico, uma sensação de elevação ou de paz? Mas você acredita que é necessário estar na mesma sala ou na presença real do prático para ter essa experiência? O corpo ou o cérebro tem alguma coisa a ver com isso? Não, você poderia estar sentado em sua casa, na China, e receber o mesmo impulso divino de qualquer indivíduo em quem a mente do Cristo estivesse em supremacia mesmo que de forma pequena.
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