"Só alguns nascem com o instinto espiritual de desejar dar e, como dar não ocorre naturalmente à maioria das pessoas, deve-se ensinar a toda criança não apenas os Dez Mandamentos, mas também que é mais abençoado dar do que receber. Ser obediente aos dez mandamentos não é, porém, de maneira alguma viver a vida espiritual. A retidão do estudante espiritual deve ultrapassar a lei e ser uma realização interior..." (Joel S. Goldsmith)
Questiono sobre o dízimo, aqui. Afinal, como surgiu a imposição do dízimo?! À luz da realização interior, o que vem a ser o dízimo?
A questão do dízimo está relacionada com a lei do "dar e receberás". É uma lei mental que rege não só o mundo fenomênico, mas todo o Universo. Não apenas o Joel Goldsmith, como também os outros grandes instrutores espirituais do mundo, recomenda que vivamos mais pela ação de doar/de dar do que receber. Deus é o Grande doador do Universo, Ele nada quer para si, senão doar completamente o próprio Ser que ele é. Se não fosse assim, não seria válida a verdade pregada pelo Caminho Infinito de que "o nosso ser é Deus", que "Tudo o que é do Pai, é nosso". Isso só é possível porque Deus é o eterno Doador. Somos a "Imagem e semelhança de Deus", por isso, quando alcançamos o verdadeiro modo de viver, passamos a despreocupar mais com relação a nós, e começamos a cuidar mais do "outro". Passamos a amar! Os espiritualmente iluminados sabem que não precisam preocupar-se em cuidarem de si mesmos. Lao-Tsé escreve no Tao Te Ching: "O Sábio não se preocupa com a sua salvação, e por isso a encontra". Ao conhecermos verdadeiramente a Deus, passamos a saber que somos seus filhos, e que somos amados pelo Pai, infinitamente, em todos os sentidos. Não precisamos preocuparmo-nos em cuidar de nós. O Pai se encarregará de fazê-lo. Não precisamos nos preocupar em "receber", "obter" ou "conquistar"... a sabedoria espiritual revela que temos dentro de nós o infinito. "Todas as coisas do Pai são nossas". Podemos viver doando, compartilhando, levando sempre mais e mais o outro em consideração, de modo a vivificá-lo cada vez mais. Isso é viver o amor. Viver o amor significa "abdicar de si mesmo em prol/em benefício do outro". Mas o estranho é que, quanto mais abdicamos de nós mesmos em favor do outro, quanto mais nos doamos - e quanto mais vivificamos o outro -, mais recebemos, mais somos vivificados e maior é a nossa vida. Quando "abrimos mão" de nossa vida, mais vida recebemos! Essa é a lei do "dar e receberás". Não é só uma lei mental. A lei do "Dar", porque diz respeito ao amor, atua em todos os âmbitos: material, mental e espiritual.
E o dízimo está ligado a questão do "dá e receberás". Oferecer o dízimo a Deus não significa ter que tratar com dinheiro. Quem não tem dinheiro, pode oferecer o dízimo a Deus de outras formas, inúmeras - doar uma palavra, um pouco de atenção, ou mesmo um sorriso... tudo isso constitui formas de amar, de doar, de "contribuir" com os nossos "10%". E o que importa não são os atos que praticamos, e sim nossa disposição/vontade/intenção de praticá-los. Quem sorri a uma pessoa apenas superficialmente (com a boca), não está praticando o dízimo. O sorriso deve ser feito com uma intenção sincera. Essa intenção sincera é o que conta. Ela é aquilo que nós estamos oferecendo a Deus. Não estamos oferecendo a Deus dinheiro, um sorriso, uma palavra ou qualquer outra coisa. Estamos oferencendo a Ele o nosso amor, a nossa "intenção sincera de amar". Essa "intenção sincera de amar" é a alma de tudo o que fazemos, e por isso pode assumir a forma de uma caridade, de uma atenção ou de um gesto. Quando essas coisas são praticadas sem a alma, elas se tornam atividades "vazias", então mesmo que você doe grande soma de dinheiro, não terá praticado o dízimo. Como Deus é Amor, Ele vive Sua Vida para "os outros". Se atingirmos o estado de consciência no qual somos "filhos de Deus", feitos à Imagem e semelhança do Pai", nossa vida será vivida da mesma forma que Deus vive a Sua vida. Não precisamos de nada, já temos tudo - só o que nos resta a fazer, então, é fazer o amor circular: distribuindo, compartilhando, amando. Deus ama a tudo e a todos, porque tudo e todos são UM com Ele. Deus vive para todos os seus filhos, porque Ele é a vida de cada um dos filhos que ele tem. Por isso, Deus se doa por inteiro, doa todo o Ser que ele é. Por isso, tudo o que Deus é, nós somos. Por isso, tudo o que Deus tem, nós temos. Porque somos UM. Se Deus é Deus, nós também somos, porque nesse instante recebemos de Deus todo o Ser que Ele próprio é. Não há maior dizimista do que o Pai, que tudo nos doa.
O amor humano nos instigaria a pegar tudo o que temos e a gastar com as pessoas que amamos. O amor universal nos permite começar, pelo menos num grau pequeno, a ser impessoais e imparciais com o nosso dinheiro. Assim, dizemos que esta riqueza não é nossa, que ela é de Deus e, porque é de Deus, pertence ao mundo, pertence ao mundo dos filhos de Deus.
O amor espiritual nos mostra como ser impessoal e imparcial em nosso amor. Ele nos mostra como a chuva de Deus cai sobre o justo e o injusto. Ele nos mostra como a impessoalidade da palavra de Deus é expressa. Ele nos mostra por que podemos curar os pecadores tão bem como os santos, e que, às vezes, é mais fácil curar pecadores do que santos, porque o santo, via de regra, representa um alto grau de egoísmo. O amor espiritual é muito diferente do amor humano. O amor espiritual transcende o amor humano; todavia, o amor espiritual se manifesta no amor humano. É um mistério e um paradoxo (...)"
"Deus não concede ao homem o Espírito por medida. O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos." (João 4;34-35)
"Não há maior dizimista do que o Pai, que tudo nos doa."
ResponderExcluirGostei muito disso. Além de todo o resto. Muito bom esse texto.
Abraços!