Segundo Goldsmith, Deus, o Ser, ou o Absoluto, está além do bem e do mal. Único. Absoluto. Mas os indivíduos todos, relativizam cada um a sua maneira para chegar a esse reconhecimento de DEUS. Mas, então, pergunto aqui: como os indivíduos alcançariam essa transição da sua própria consciência, sem relativizar? Como ir contra essa imensidão de controle mental, psicológico, social, aplicado à humanidade?
Resposta:
O mundo das relatividades é o que Goldsmith chama de "este mundo", ao passo que o Mundo Absoluto é o "Meu reino". Sob a ótica do mundo da relatividade, parece mesmo que temos uma "transição" a fazer, parece que temos de sair de um lugar e chegar a outro, que temos uma busca e um caminho espiritual a percorrer. É assim que parecerá para nós enquanto não conseguirmos fazer esta "transição", porque, quando conseguirmos, quando chegarmos "lá", veremos que nunca houve nenhuma transição a ser feita. É assim que os mestres iluminados explicam esse processo.
Como estamos "imersos" num mundo que é relativo, que é dual, que funciona somente em termos de "bem e mau", "dia e noite", "espiritual e mundano", "direita e esquerda", "relativo e absoluto"... "Relativo e absoluto" - isso também é um conceito dual. Do ponto de vista relativo, podemos discutir as coisas (inclusive ensinamentos espirituais) em termos de "relatividade" e de "absolutez", mas até mesmo isso é dualidade.
Até agora estamos falando em coisas como "realidade relativa" e "realidade absoluta". Isso só é possível ser feito do ponto de vista relativo - enquanto estamos imersos na relatividade, faz sentido nos utilizarmos de termos como "existência relativa" e "existência absoluta" - porque desconhecemos a existência absoluta e parece-nos impossível que tal coisa realmente possa vir a existir. Então parece mesmo que existe uma "transição" a ser feita. Mas, quando começamos a compreender Sua existência, percebemos que continuar a falar em termos de "realidade relativa" e "realidade absoluta" deixa de fazer sentido, pois aos olhos do Absoluto o relativo não existe. O Absoluto não pode conhecer o relativo, mas no relativo podemos pelo menos "ouvir falar" a respeito do Absoluto (mas no Absoluto nem mesmo isso é possível de se acontecer).
No absoluto não existe transição. Não estamos no mundo para que possamos deixá-lo e entrar no Reino de Deus. Cristo disse: "Eis que estivestes comigo desde o princípio". Se é desde o princípio, então nunca saímos de Sua presença.
A crença coletiva em "mundo material" é tão forte que parece mesmo que ele é existência real. Enquanto estivermos no estado de ignorância, em maya, para nós parecerá absurdo dizer que este mundo não existe absolutamente e que ele é uma ilusão, irreal. Então, Paulo vem e nos diz:
"Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." (I Cor. 2:14)
Para o "homem natural" (aquele que pertence ao mundo), as coisas do Espírito parecem loucuras. É óbvio que, para o mundo (material), o mundo da matéria é real, ele não pode ser uma mentira. Ele é regido por fortes crenças coletivas, e as crenças coletivas fazem com que o "homem natural" o perceba. Ele o vê! Como pode ser irreal? Do ponto de vista do mundo é impossível que o próprio mundo seja irrealidade. A chave para a solução consiste em conseguir entender a questão dos referenciais - compreender este ponto é muito importante. O mundo não pode conhecer Deus e Deus não pode conhecer o mundo. Deus e o mundo da matéria existem em "lugares" ou dimensões totalmente diferentes. O mundo da matéria pertence à dimensão do vazio, do "nada", do "não existente". A matéria não existe. Deus, por ouro lado, habita a dimensão do "tudo", da "totalidade", da realidade. Quando a Consciência está presa/apegada à matéria e busca tentar entender ou conceber alguma coisa sobre Deus, ela não poderá concebê-lo senão como um "vazio" ou um nada. Do ponto de vista da matéria, Deus parecerá ser um nada, o homem pode procurar por Ele e Deus parecerá não existir. Por isso os ensinamentos dizem: "nenhum homem até hoje foi capaz de ver Deus." Do ponto de vista material Deus parecerá não existir e a matéria parecerá ser tudo. E, finalmente, quando a Consciência se desapega da matéria e passa a observar a existência do referencial no qual Deus habita, a matéria é que parecerá ser vazia e não existir. O quadro todo inverte-se. Ocorre isso porque os dois referenciais existem isolados um do outro, eles não se cruzam em momento algum, não há contato, não há ponto de encontro. São como duas retas paralelas: por mais que estejam ali, eternamente se desconhecerão. A menos que se encontrem, uma nunca poderá saber da outra. Para poder compreender essa relação, você deverá aprender a observar a partir dos respectivos referenciais. É por isso que as coisas do Espírito de Deus parecem "loucura" aos olhos do mundo. As coisas de Deus só podem ser discernidas espiritualmente, de Espírito para Espírito. O mundo não pode vir a conhecer o Espírito. Quando estava para partir, Jesus disse: "Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes (os discípulos dele) conheceram que tu me enviaste a mim.". O mundo não pode conhecê-Lo.
Os ensinamentos iluminados do oriente dizem que o único meio de conhecermos a Verdade é SENDO a própria Verdade. Não podemos conhecê-la de outro modo. Podemos ler, podemos meditar, orar e buscar... mas essas coisas não são o bastante. Conhecer a Verdade intelectualmente não é conhecer de fato a Verdade. O único meio de conhecê-la, é sendo a própria Verdade. Jesus disse: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". Ele não disse que conhecia a Verdade, ele disse que ERA a Verdade. Ele não disse que conhecia um caminho a ser percorrido, ele falou que ele próprio era o Caminho. Essas palavras são maneiras que Jesus encontrou para expressar a sua compreensão da Unidade. Nenhuma Verdade é Verdade se não houver a Consciência da Unidade...
Jesus disse que ERA a Verdade, porque a Verdade não estava separada dele. Se ele dissesse: "eu conheço a Verdade", isso implicaria em separação, em dualidade. Ele conheceria a Verdade, mas não seria ela. A Verdade poderia estar "lá", e ele "aqui". A Verdade poderia estar em algum ensinamento, em alguma escritura, então Jesus poderia indicá-la. Mas Cristo nunca indicou a Verdade assim. Ele disse: "Vinde a Mim". Foi um convite direto. A Verdade estava nele, e não numa escritura ou ensinamento. Jesus também disse ser o Caminho, porque o Caminho não era algo separado ou fora do Seu ser. O Caminho era ele próprio! Se ele dissesse: "eu conheço o caminho", então de novo o caminho poderia estar "lá" e Jesus "aqui". Haveria separatividade entre o Caminho e entre Jesus, e Jesus teria de "percorrer" o Caminho. Mas Ele sabia que não há Caminho algum a ser percorrido (ou transição a ser feita), e assim disse: "Eu sou o Caminho". Ele não andava no Caminho, Ele era o Caminho! Para onde ele fosse, o Caminho ia junto com ele. O que quer que ele fizesse, essa era a ação/o modo de se percorrer o Caminho. Cristo não se preocupava em ter um Caminho para seguir. Se o fizesse, então de novo o Caminho seria algo situado fora, separado de seu Ser.
Enquanto nós estivermos buscando um "caminho" a percorrer, ainda não teremos entendido a Mensagem. Do ponto de vista da Verdade, a transição de uma realidade relativa para uma realidade absoluta não existe (esse ensinamento é relativo). Quando, afinal, conseguirmos nos afinar cada vez mais com o entendimento da Verdade Absoluta, comprenderemos que não existe transição a ser feita, e deixaremos de nos preocupar. Deixaremos de tentar alcançar um "conhecimento" ou um "estado" divino, porque a nossa compreensão aquietará os nossos esforços. Saberemos que "nós, de nós mesmos, nada podemos fazer e nada somos". Saberemos que "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam". Nós, de nós mesmos, não podemos realizar transição alguma, se tal transição não houver já sido realizada por Deus. A "transição" já está feita. A Verdade Absoluta já é agora! Esse é o sentido da frase de Jesus "É do agrado do Pai dar-vos o reino". A compreensão profunda dessa Verdade desfaz todas as tentativas, todas as preocupações/tensões e todos os anseios de querer alcançar a iluminação, o nirvana, o Reino de Deus, fazendo com que nos seja permitido relaxar e apenas ser. É como Ramana Maharshi diz: "não há Verdade para ser conquistada, apenas ignorância por ser removida." Não temos que seguir para uma direção específica. Se tivermos "olhos para ver", o Caminho é o exato ponto onde estamos agora; qualquer direção, qualquer lugar em que estivermos pode constituir o Caminho. Tudo o que sugere a dualidade é um falso caminho. Por isso os ensinamentos dizem que a única maneira de conhecermos a Verdade é SENDO a Verdade, porque então não haverá nenhuma divisão/separação entre "nós" e a "verdade", tudo será UM só.
Mas como podemos chegar a esta verdade, imersos no mundo dos sentidos, onde somos vitimas e algozes, num circulo sem fim de desamor e violência? Todas as almas deste mundo 6/7 bilhões, estão condenadas a viver neste circo de horror e medo? Quem dessa população que mal sobrevive nessa materia, tem como pensar ou sentir o que é meditação, elevação, etc.
ResponderExcluirSou a verdade, sou o caminho,quem desse 6/7 bilhões sabe disso? 0,0001%? O Restante está condenado a viver ad eternum na matéria e angustia, como condenados num inferno, sem nenhuma culpa? Apenas porque discerniram fazer uma escolha relativo a árvore do conhecimento? E aí, simplesmente toda a humanidade de almas, entrou nesse jogo sem começo nem fim, onde purgação e sofrimento são constantemente predominantes, sobre a alegria genuína e fraternal?
a ca la respuesta ,"não há Verdade para ser conquistada, apenas IGNORANCIA por ser removida." Não temos que seguir para uma direção específica. Se tivermos "olhos para ver", o Caminho é o exato ponto onde estamos agora; qualquer direção, qualquer lugar em que estivermos pode constituir o Caminho. Tudo o que sugere a dualidade é um falso caminho. Por isso os ensinamentos dizem que a única maneira de conhecermos a Verdade é SENDO a Verdade, porque então não haverá nenhuma divisão/separação entre "nós" e a "verdade", tudo será UM só.
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