quinta-feira, agosto 20, 2009

O "Eu" permanente

Mooji por Snax's Visual experiment.
Mooji


Questão – A felicidade vem e vai.

Mooji – A felicidade pessoal vai e vem. A pessoa vai e vem, o sentido de ser uma pessoa vai e vem. E por isso qualquer coisa a que a pessoa se agarre também vai e vem. Porque a pessoa não é uma coisa estável. A pessoa, em si mesma, é uma idéia. Ao dizer isso, eu não sei quão profundo isso entra em vocês. É por este motivo que eu não confio em ensinamentos. E eu não confio também em aprender. Mas experiência - aquilo que você descobre porque você experimenta -, isso é algo. Você diz que a felicidade vai e vem. E toda e qualquer outra emoção e sensação vai e vem. Existe qualquer emoção que venha e fique? Existe qualquer coisa na tua vida inteira que veio e ficou? Tudo vem e vai.

Há uma interessante história de um homem que queria se livrar de sua sombra.

A sombra lhe perturbava. Então um dia ele teve uma idéia. Ele foi a um funeral e viu que eles fizeram um buraco bem grande, colocaram o corpo e cobriram. Ele teve a idéia de que ele poderia enterrar a própria sombra. Então, cava um buraco profundo e grande, e ele ficou lá parado, com o sol atrás dele, até que a sombra se posicionasse dentro do buraco. E ele começou a botar terra em cima rapidamente. Mas a sombra estava sempre em cima...

(...)Você está tentando matar a mente. E a mente fica cada vez mais forte através de sua tentativa de matá-la. Abandone esta tarefa. Deixe a mente ser. Permaneça enquanto testemunha da mente. Você não pode matar aquilo que não existe.

Você pode apenas despertar para a Verdade. Você é a testemunha da mente. Localize-se. Descubra o que você pode ser. Você pode ser encontrado? Você, que testemunha todo o resto, você pode ser encontrado?

Eu vou lhe dar um exemplo. É como uma faca. Uma faca pode cortar muitas coisas, mas não pode cortar a si mesma. Porque é uma única unidade. Ou seus olhos, que podem ver muitos objetos, mas não podem ver a si mesmos diretamente. Ou uma balança que pode pesar tantas coisas, mas não pode pesar a si mesma. Porque é uma unidade. Você também é um! Você não pode ver a si mesmo. Você pode ver a partir de si mesmo, mas o Self, você não pode ver. Tudo o que você pode perceber são os efeitos, o vapor do oceano. E esse vapor são os conceitos que surgem a partir do Self. Você pode perceber a idéia que tem de si mesmo, mas não pode perceber a si mesmo. Não de uma maneira fenomenal.

Você se conhece intuitivamente, além da dualidade. Da mesma forma como se você se tornasse consciente e não tivesse nada para ver. Nada com que se relacionar. Você ainda teria o sentimento Eu Sou. Você não precisa de mais nada para você dizer que você é. Então, se sua mente está pulando, não tente suprimi-la ou controlá-la. Você pode controlar a mente? Sim. Mas por períodos curtos de tempo. Quando você pára o exercício, a mente volta novamente.

Então, não desperdice toda sua energia tentando parar a mente. Permaneça como o observador das atividades mentais. Contemple essa energia, ou este principio que observa. Até que o observador incuba no observar. Significando que ele fica apenas sobre si mesmo. E neste momento a mente desaparece, não tem mais poder. Se você perder o interesse, ou ver que a mente é ilusória e perder o interesse na mente, no final você não vê mais a mente. Ela não deixará mais nenhuma pegada em você.

O que isso significa?

Recentemente, fizeram uma pergunta bastante profunda na Índia: ‘Bhagavan Sri Ramana Maharshi disse uma coisa: ele disse “Quando o Self é visto, o mundo não é visto, e quando o mundo é visto, o Self não é visto”.’

Ela disse: ‘Se eu vir o Self, o eu real, o mundo desaparecerá, e eu me sinto com medo. Mas é isso que o Bhagavan disse. Você pode explicar?’ Eu disse ok, vou tentar lhe dizer o que é. Quando não há interesse ou apego naquilo que você percebe, o objeto enquanto objeto de percepção ainda continua. Mas quando você não criou nenhuma relação com ele, ou criou qualquer tipo de sentimento em relação a ele, ele continua a ser um objeto da percepção, mas não registra nenhuma marca na consciência. Então, a pessoa vê, percebe, mas não faz um registro na consciência, é pura percepção. Então, é isso que ele quis dizer.

Quando o Self é realizado, as coisas não são vistas na consciência. As experiências estão lá, espontaneamente. Mas sem nenhum apego. Então a experiência é pura. A alegria está presente. A tristeza pode acontecer também, mas não deixa nenhuma marca na consciência. Elas são como as ondas na superfície do oceano. A experiência, o experienciar é sempre novo. É como escrever na água. Você não pode ler três segundos depois. Acabou. Quando sua percepção é fresca, é nova assim, e isso é completamente possível, da maneira como estou apontando a vocês, reconheça a testemunha.

Mas como você pode reconhecer a testemunha se ela não possui nenhuma característica? Isso não pode ser respondido através mente. Algo está observando todo o resto. Isto é óbvio. Descubra o que é esta coisa que está testemunhando todo o resto. Deixe que a atenção pare de ir para fora e volte para o coração. E compartilhe o que vocês descobriram comigo. É tudo o que vocês precisam fazer. Se seguirem esta pergunta, podem deixar de lado todos os livros espirituais, todas as suas práticas. Porque, para todas as práticas, para todas as leituras, o eu deve estar lá. O eu que pratica, o eu que lê, o eu que aprende. É por isso que o eu é o mais significante. O que é este eu?



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