sexta-feira, agosto 14, 2009

O ensinamento que desfaz o "É preciso ser assim" - 02

Masaharu Taniguchi


O conflito na família gera doenças

Se num lar o casal briga por causa de religião, e como conseqüência ambos se tornam doentes, não podemos entender como haverá salvação, não é mesmo? Jesus recomendou que, ao levarmos uma oferenda ao altar, primeiro nos reconciliássemos com nossos semelhantes. A religião deve reconciliar as pessoas entre si. Se, no entanto, os seguidores chegam a resultados como os citados acima, é porque não compreendem a profundeza do ensinamento pregado pelo fundador, e ficam na frente da porta chamada “religião”, teimando que a outra porta é diferente desta; quando aprofundando-se no próprio ensinamento, verificariam que todos estão pregando a mesma Verdade. A Seicho-no-Ie trabalha para conduzir as pessoas para a profundeza do ensinamento a fim de reconciliar as religiões entre si. Há pessoas que, individualmente, são muito boas e que não são de briga, mas que são capazes de brigar só porque a religião dos outros é diferente da sua. Em tais casos, apenas reconciliando as pessoas, sem reconciliar uma religião com a outra, não será eliminado o conflito na família. A Seicho-no-Ie neste ponto tem a função de reconciliar as religiões.


A causa do câncer estomacal

O episódio acima é um exemplo no qual uma seita se reconciliou com a outra. Mas, como a Seicho-no-Ie é o salão situado no “interior” de todas as religiões, um salão da Verdade comum ao qual se pode chegar através de qualquer porta, quando a pessoa ingressa na Seicho-no-Ie, qualquer que seja sua religião, fica admirada ao descobrir ali a essência do ensinamento do fundador da sua seita.

Somente agora pude vir proferir palestra em Morioka, atendendo a um convite, mas quem lançou a primeira semente da Seicho-no-Ie em Morioka foi a sra. Tetsu Kudo, uma viúva que mora na Vila Obuke, na periferia de Morioka. O marido dela fora um oficial do Exército que morreu após sofrer de doença mental durante dez anos. E toda vez que a senhora Tetsu assistia à crise de loucura do marido, ela sentia o peito contrair-se e formar ali um caroço. Acontece que, logo depois que o marido morreu, o que ela sentia no nível espiritual também se manifestou fisicamente e começou a se formar um caroço no peito, que impedia o alimento de passar pela entrada do estômago. Por isso, em junho daquele ano (há três anos atrás) ela foi internada no Hospital Morioka. Certo dia, o sr. Katsumi Sato, que na época trabalhava na Caixa Econômica de Morioka, foi ao hospital visitar um professor secundário, conhecido seu, que tinha sido operado do apêndice e, olhando distraidamente a placa do quarto vizinho, lia-se: “Testu Kudo”. Esse era o nome da colega de escola e amiga bastante íntima da irmã mais nova do sr. Sato!

Depois de saber que a sra. Kudo estava internada ali, visitou-a várias vezes, e como o sr. Sato também estudara a “cura pela imposição da mão”, tentou com afinco curá-la com esse método. Mas a doença era mais forte e, se descuidasse um pouco, a “palma da mão” perdia o poder. A doença agravou-se mais ainda e, em novembro daquele ano, o médico ponderou: “Já que está ficando no hospital não há esperança de ela se curar, é melhor obedecer à vontade dela”, e assim deu-lhe alta e ela voltou para a Vila Obuke. Aos parentes o médico sentenciara: “Isso é câncer e, portanto, incurável; ela não vai resistir até o fim deste inverno”. Mas à própria paciente nada revelou.

O quadro da doença nessa época era assim: tudo o que ela ingeria era bloqueado na entrada do estômago e voltava, sem nada ir para o estômago; ela mastigava uma colher de comida e engolia-a junto com um copo d’água; então, o alimento descia pelo esôfago, entravam dois ou três grãos de arroz no estômago e o restante era devolvido. Assim, a cada dois baldes de vômito, entrava uma tigelinha de arroz, e era com isso que a sra. Kudo se mantinha viva. Isso ocorria desde quando ela estava nos hospital, e continuou assim após sair de lá. Tendo o sr. Sato ouvido do médico que “a sra. Kudo não sobreviveria até o fim deste inverno”, achou que ela deveria saber que o espírito é imortal, que existe um mundo espiritual depois da morte, e levou-lhe a revista O espírito e a vida de estudo sobre a imortalidade do espírito que ele assinava. Como ele não poderia falar claramente “Você está para morrer; portanto leia isto e fique sabendo desde já da existência do mundo espiritual”, disse-lhe: “Eu li esta revista durante a viagem de trem para cá, e seu conteúdo é muito interessante. Leia para ver. Vou deixá-la aqui porque eu já terminei de ler e não preciso mais dela”.

Segundo consta, ir para Morioka até a Vila Obuke onde morava a sra. Kudo, levava cerca de uma hora de trem pela linha variante. A sra. Kudo ficou com a revista, leu-a até o fim, e quando chegou na última página, encontrou ali o anúncio da revista Seicho-no-Ie. Naquela época, publicamos condensadamente os números 3 e 4 da segunda série daquela revista sob o título: “Combate às doenças crônicas”, e as anunciamos com a seguinte mensagem: “O homem é Filho de Deus e, portanto, originariamente isento de doença. Lendo esta revista e conhecendo a Verdade, a doença se aniquila por si”. Lendo isto, a sra. Kudo pensou: “Isto sim há de me salvar. Fora isto não há nada que me salve”. Imediatamente ela encomendou aquelas revistas e as leu; leu-as repetidas vezes, durante um mês. Enquanto lia, pela força curativa das palavras contidas nos escritos, foi-se formando na mente da sra. Kudo a consciência de que “O homem é Filho de Deus; sua força vital depende da Vida de Deus, e não dos alimentos”. Dizem que, nessa época, a sra. Kudo passou a dizer a cada pessoa que ela encontrava: Eu já não tenho problemas porque conheci o meio de viver sem ingerir alimentos”. Ao mesmo tempo que ia se formando a consciência de que “pode-se viver sem comer”, a comida que até então era bloqueada, passou a entrar no estômago sem ser devolvida.

No momento em que a pessoa abandona a idéia de que “É preciso colocar comida no estômago a todo custo, é preciso fazer isto, é preciso fazer aquilo para que o homem sobreviva” – enfim, quando abandona todos esses é preciso – ela se torna livre. O homem vive graças à vida de Deus, e não às condições materiais que precisam ser desta ou daquela maneira.


Abandone o “é preciso ser assim...”

Achar que “tem de ser desta ou daquela maneira” é obstinação da inteligência superficial. A pessoa estabelece uma lei e passa a ter a obstinação de que “precisa ser de tal maneira”. E por causa disso, se ela desrespeitar um pouquinho essa lei, o seu corpo se enfraquece, ou fica doente. Porém, quando abandona a obstinação com que está segurando algo na mente, a pessoa obtém a liberdade que é inata ao ser humano – descobre o seu “eu originariamente livre”, que pode viver sem regras pré-estabelecidas. Quando a sra. Kudo compreendeu que “o homem consegue viver mesmo sem comer”, antiteticamente a comida que parava no esôfago começou a passar para o estômago. Aqui está o segredo para vivificar a Vida do homem – a fórmula secreta para curar todas as doenças: no momento em que deixam de existir todos os “é preciso...”, é recuperada a liberdade da Vida, que estava sendo tolhida pelo “é preciso...” feito pela própria pessoa.

A esposa daquele professor secundário que há pouco mencionei, curou-se em três dias da doença que o médico dissera requerer dois anos de repouso no litoral, quando ofereceu todo o patrimônio e o próprio marido a Deus, desfez-se da obstinação com que pensava “precisa ser assim”, e abandonou todos os juízos de sabedoria superficial do homem, declarando que jamais se queixaria, aconteça o que acontecer. Aparentemente, as doenças dessas duas senhoras foram curadas por diferentes tipos de despertar espiritual, mas na verdade foi o mesmo. Como a pessoa decide tudo segundo seu juízo de que “precisa ser assim”, quando não acontece assim, surgem as queixas, surge o medo, e, como reflexo da mente que perdeu a calma, ocorre a estagnação da corrente sanguínea, ou produzem-se toxinas no sangue. Mas quando se desfaz essa obstinação de que “precisa ser assim”, mesmo que não ocorra o esperado, não surgem nem a queixa nem o medo; consequentemente a mente se torna dócil, a Vida adquire a liberdade e recupera a saúde.

A despeito do tempo de sono do homem, por exemplo, no ensino de fisiologia da escola antiga, ministrava-se a lei auto-restritiva de que “O homem precisa dormir oito horas por dia”. As pessoas que receberam essa educação escolar muitas vezes ficavam presas a essa lei feita pelo próprio homem e, quando se desviavam dessa norma, eram castigadas pelo seu próprio subconsciente e ficavam cansadas ou doentes. No momento em que o indivíduo rompe a lei auto-restritiva do “precisa”, inventada pelo homem, desaparecem do seu subconsciente as prescrições do tipo “se não proceder assim, ficarei enfraquecido ou serei condenado à doença”; portanto ele já não ficará debilitado nem contrairá a doença, mesmo sem tomar providência alguma.

Eu conheço um estudante secundário que teve pleurite tempos atrás. Acreditando não ser capaz de resistir a uma sobrecarga de estudos porque tivera pleurite, esse estudante já tinha desistido de continuar os estudos, quando teve contato com a Seicho-no-Ie e aprendeu que “o homem é Filho de Deus, é isento de doença, e seu corpo não precisa de determinado tempo de sono. O ‘precisa’ é uma lei que o homem fixou voluntariamente em seu pensamento; portanto, se romper esse ‘precisa’ com a mente, não se cansará por menor que seja o período de sono”. Depois disso, esse estudante adquiriu confiança em sua saúde e, decidindo recuperar o tempo perdido e ingressar numa escola de nível superior, passou a estudar todos os dias até as duas ou três horas da madrugada. Acordava às seis horas e, tomando a refeição matinal apressadamente, corria para a escola. Assim, ele passou a levar uma vida sobrecarregada e não condizente com a lei da saúde, de acordo com o senso comum.

No entanto, essa sobrecarga não prejudicava nem um pouco a sua saúde e, ao contrário, ele foi aumentando de peso cada vez mais. Por isso, os seus colegas comentavam: “O seu corpo é incrível! Quando não dorme, fica mais saudável e engorda mais!” De fato, ele estava se comportando contra a “lei da saúde” comum. Entretanto, originariamente, Deus não determinou nenhuma lei da saúde que deva ser seguida à risca. Trata-se de uma lei da saúde do mundo humano que a mente da pessoa fixou/aceitou; portanto, se a mente dela decidir “A partir de hoje, vou determinar como lei o seu inverso”, o “inverso da lei da saúde” é que passa a ser lei.

Para esse estudante, foi-se tornando lei da saúde estudar até duas ou três horas da madrugada, em vez de dormir longas horas de sono improdutivo. Em suma, isso aconteceu porque ele conheceu a Verdade pregada pela Seicho-no-Ie e, dando uma reviravolta, criou em sua mente uma nova lei da saúde segundo a qual “o homem fica mais saudável quanto mais estuda.” No momento em que a pessoa, abolindo a lei da saúde do “precisa ser” criada pela obstinação de sua mente, conhecer a Verdade de que “sem precisar ser desta ou daquela maneira, o homem já é sadio”, conquistará o verdadeiro princípio da saúde.

Bem, voltemos ao assunto anterior: enquanto a sra. Kudo segurava na mente a corriqueira lei da saúde de que “o ser humano precisa comer, caso contrário não consegue viver”, mesmo que ela ingerisse alimento, devolvia-o e não passava nada para o estômago; mas, ao conhecer a Verdade de que “o homem não vive graças à comida, mas sim graças à Vida de Deus” lendo repetidamente durante um mês os dois exemplares da revista Seicho-no-Ie, abandonou totalmente aquela “lei da saúde” e, ao contrário, curou-se do câncer e o estômago passou a receber os alimentos.

Aqui está o Seimei no Jisso (A Verdade da Vida) que devemos conhecer. Às vezes surgem questões como: “Então, se o homem não é mantido pelo alimento, ele não precisaria comer nada, não?” Mas o certo não é a pessoa comer em razão da idéia fixa de que “se não comer, não poderá sobreviver”, mas sim pela idéia de que “o alimento lhe chega naturalmente à boca, obedecendo ao fluir da Vida de todo o Universo, sem precisar de artifício algum”. Quando é assim, come-se mas ao mesmo tempo não se está comendo; não se está lutando desesperadamente por comer. A esposa daquele professor de curso secundário já mencionado, curou-se quando decidiu “entregar tudo a Deus, até o patrimônio e o próprio marido” e, embora continuasse possuindo-os, resolveu reconhecer que não era seu egoísmo pessoal que os possuía. É tudo a mesma coisa: Comer sem comer, possuir sem possuir. Isto se torna evidente quando se compreende que a matéria é originariamente “nada”, e que este mundo material é uma ilusão.

Voltando ao caso da sra. Kudo, o sr. Katsumi Sato, após ter sido avisado pelo médico de que ela não viveria além daquele inverso, ficou na expectativa do aviso de sua morte quando chegou o auge do inverno. Não é que ele estivesse desejando a morte da sra. Kudo, mas estava se preparando para isso. No entanto, ficou sabendo por uma carta dela que tinha se curado lendo a revista Seicho-no-Ie e que, com a saúde recuperada, ela estava trabalhando ativamente, fato que o surpreendeu. Curioso e conhecer essa revista que só de ler cura a doença desenganada pela medicina, escreveu à sra. Kudo dizendo que desejava lê-la, e ela mandou-lhe aquela revista Seicho-no-Ie. O sr. Sato, ao lê-la, ficou ainda mais surpreso (os artigos compilados na revista Seicho-no-Ie daquela época estão compilados no atual livro sagrado Seimei no Jisso). O sr. Sato antigamente seguia o cristianismo, e ultimamente vinha seguindo a filosofia as Sutra de Lótus, como o mais elevado dos ensinamentos de Sakyamuni (Buda). Porém, o ensinamento da Sutra de Lótus era extremamente sutil e ele não conseguia compreendê-lo de maneira clara. No entanto, ao ler a revista Seicho-no-Ie, ao mesmo tempo que se esclareciam todas as Verdades de difícil compreensão da Sutra do Lótus (mais tarde o sr. Sato se empenhou no estudo comparativo da “Sutra de Lótus” com Seimei no Jisso, e publicou "A interpretação da Sutra de Lótus"), compreendia-se de maneira perfeita o significado das palavras da Bíblia que ele antigamente seguia. E ficou admirado com o fato de a religião estar sendo apresentada não como simples ensinamento para o espírito, mas de modo a possibilitar que o despertar espiritual seja aplicado no cotidiano.

Anteriormente falei do casal que se reconciliou depois que conheceram a Seicho-no-Ie e compreenderam que a seita Tenri e a seita Shin, na essência, pregavam a mesma Verdade; porém, no caso do sr. Sato, ficou comprovado que a Seicho-no-Ie revela a essência da Sutra so Lótus e a verdadeira doutrina do cristianismo. Creio que com isso ficou claro que a Seicho-no-Ie não está preocupada em se afirmar como mais uma seita; por isso, pode ser introduzida em qualquer religião, e as pessoas de qualquer religião podem aderir à Seicho-no-Ie, sem abandonar a sua religião.

continua...


(Do livro 'A Verdade da Vida', vol.5 -- págs 132 à 141)


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