Masaharu Taniguchi
Existiu, no Século XVI, um eminente sacerdote budista de nome Mussô. Disse ele, certa vez: “Na verdade, não há nações no apogeu da glória, nem nações em ruína”, o que significa: “Sejam quais forem as situações manifestadas aos olhos carnais, elas não pasam de aspectos fenomênicos, isto é, não passam de ‘sombras’ projetadas pela mente humana. Portanto nem o esplendor e nem a ruína das nações tem uma existência real”. A essência dessas palavras é a mesma contida na afirmação que fazemos na Seicho-No-Ie: “O fenômeno não é realidade. As infelicidades, as doenças, etc., são apenas fenômenos e por isso não são realidade, não passam de manifestações de carmas acumulados na mente do homem”. Como vemos, a essência do Zen-budismo é a mesma dos ensinamentos da Seicho-No-Ie.
Também o mestre Hakuin, outro sacerdote budista de grande renome, disse: “Em seu estado original, todo homem é Buda, do mesmo modo que o gelo, originariamente é água”. O significado dessas palavras é o mesmo, basicamente, daquele contido na afirmação da Seicho-No-Ie: “Não há ninguém essencialmente mau”. Em sua essência, todas as pessoas são boas, pois são Filhos de Deus. Tanto faz dizermos que “o homem é Buda” ou que é “Filho de Deus”. O importante é compreendermos que originariamente todo homem é bom, e não há um só que seja “essencialmente mau”.
Ainda que até este momento você tivesse cometido mil pecados, a verdade é que todos esses pecados “não têm existência real”, pois Deus não criou pecados nem pecadores. Isso não passa de “sombras” projetadas pela mente humana, comparáveis às imagens projetadas numa tela cinematográfica. E por que se projetam essas “sombras” na tela da vida? Porque o homem – desconhecendo sua própria perfeição original – mantém em sua mente a idéia de que “o pecado existe, e todos os homens são pecadores”, e esta idéia é projetada no mundo das formas, pois este mundo é um espécie de “tela de três dimensões”. E o homem, vendo essas “sombras” projetadas, torna a fixar em sua mente a idéia do pecado e do pecador, formando desta forma um círculo vicioso de projeções dos carmas negativos. Porém, a partir do momento em que compreendermos que “na verdade não existem nem pecados nem pecadores, existem unicamente Deus e filhos de Deus”, conseguiremos alcançar um mundo de total liberdade, transcendendo as imperfeições manifestadas no plano fenomênico.
Cristo disse: “... e a Verdade vos tornará livres” (João 8:32). E também: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6). “Verdade” é aquilo que existe realmente; não o aspecto manifestado provisoriamente, mas o Aspecto Verdadeiro (Jisso). A maioria das pessoas, erroneamente, julga existência verdadeira aquilo que está manifestado provisoriamente. Existe somente aquilo que existe de verdade, e as demais coisas, que não são existências verdadeiras, não existem. Aquilo que é existência falsa não pode ser considerado existência. O fenômeno é uma coisa manifestada, e por isso não podemos dizer que ele existe. Isso é comparável ao fato de que as cenas de uma peça teatral, ou de um filme, por mais autênticas que possam parecer, nunca são cenas reais. Por exemplo: mesmo que um ator “mate” cem pessoas no palco, isso é apenas encenação; na verdade ele não matou nem sequer uma pessoa. Pode-se constatar isso facilmente, olhando-se os camarins dos artistas. O mesmo acontece em relação ao cinema: por mais autênticas que possam parecer as cenas de uma batalha sangrenta, em que morrem milhares de pessoas, essas cenas não são reais. Não passam de cenas criadas pela mente dos que produziram o filme, e captadas pela mente dos espectadores. Podemos, pois, dizer que elas são apenas “imagens” projetadas pela mente, e que não existem de verdade.
Na Sutra do Lótus, do Budismo, encontramos este trecho: “Todos os fenômenos são o mesmo que nada”. Realmente, fenômenos são apenas fenômenos, e não são substanciais. O aspecto fenomênico deste mundo não é seu verdadeiro aspecto. O que há realmente é o “mundo pleno de luz, criado por Deus”. E todos os seus habitantes são perfeitos e vivem em harmonia, pois são filhos de Deus. Eis o Jisso deste mundo e das pessoas que habitam nele.
Ouçam todos aqueles que choram sofrendo de doenças e infelicidades! Levantem os olhos e fitem a luz do Jisso. Por mais reais que possam parecer as doenças, as infelicidades e as tragédias “manifestadas” em suas vidas, creiam que elas não têm “existência real”, pois são apenas fenômenos. É essencial que todos nós contemplemos constantemente essa verdade.
Na palestra anterior, contei o caso de uma criança que parou de “molhar a cama” a partir da noite em que sua mãe sentou à sua cabeceira logo após ele ter pegado no sono, sussurrando-lhe, durante cerca de dez minutos, as palavras: “você é um menino bom e carinhoso”. Como podemos ver por este exemplo, a manifestação dos aspectos imperfeitos do homem cessa quando é gravada no seu subconsciente a Verdade que diz: “O homem, sendo filho de Deus, é bom, é generoso, é perfeito”. Comumente, os pais cujo filho tem o vício de “molhar a cama” tentam curá-lo através de repreensões severas, dizendo constantemente: “Você já é muito crescido para fazer xixi na cama. Não tem vergonha?! Precisa dar um jeito de parar com esse hábito feio, ouviu?”. Mas, quanto mais os pais ralham, mais profundamente fica gravada na mente da criança a idéia de “molhar a cama”, de modo que ela não consegue deixar esse vício.
Talvez vocês pensem que estou dando exagerada importância a um caso insignificante como a cura do vício de “molhar a cama”. Quero que compreendam que citei este caso apenas como um pequeno exemplo de como podemos melhorar as pessoas através da mentalização/contemplação de palavras positivas. Da mesma forma que uma simples experiência de laboratório pode comprovar uma grande verdade científica, também um caso aparentemente sem importância pode mostrar-nos a Verdade e tornar-se base para a compreensão de como poderemos melhorar realmente a humanidade.
Se, apesar do surgimento de tantas religiões, a humanidade ainda não alcançou grande progresso espiritual, é porque a maioria dos pregadores vem dirigindo aos devotos palavras negativas: “Os homens são maus! Os homens são pecadores! É preciso que se arrependam. É preciso que se penitenciem, que tentem ser bons. Senão, o inferno os espera!”. Podemos dizer que esses pregadores estão agindo exatamente como os pais que vivem repreendendo o filho, tentando curá-lo do vício de “molhar a cama”. Gravando na mente da humanidade a idéia de que “todos os homens são pecadores”, estão impedindo-a de melhorar – embora a intenção seja justamente o contrário.
Eu costumo ouvir com atenção as palestras radiofônicas dos pregadores de diversas seitas religiosas, e tenho notado que quase todos dizem: “O homem é pecador”. Outro dia, ouvi um pregador afirmar: “Todo homem é pecador, não apenas por seus pequenos pecados individuais, mas porque ele já nasce pecador devido ao pecado original, comum a toda a humanidade”. Mesmo sabendo que fazem tais pregações com nobre objetivo de salvar a humanidade, eu não posso deixar de pensar quão prejudicial é gravar na mente dos homens a idéia de que “todos são pecadores”. Não posso deixar de sentir um grande pesar, sempre que ouço tais afirmações partindo dos que se dizem cristãos. Ao analisarmos profundamente os textos da Bíblia, compreendemos que Cristo sabia que as doenças e infelicidades dos homens eram manifestações da autopunição oriunda da “idéia de pecado” e o conseqüente desejo de “autopunição”. Certa vez ele disse a um paralítico: “São-te perdoados os teus pecados... Levanta-te e anda”. No mesmo instante, desapareceu da mente do paralítico a “idéia de autopunição” e ele levantou e começou a andar.
“São-te perdoados os teus pecados” – essas palavras Jesus não disse apenas aos enfermos. Disse constantemente a toda a humanidade. No entanto, muitos dos que se dizem seguidores de Cristo vivem pregando que “a humanidade é cheia de pecados”, “todos os homens são pecadores”, etc. Parecem não compreender a essência dos ensinamentos de Cristo. Ao contrário de algumas seitas que de Cristianismo só tem o nome, a Seicho-No-Ie, apesar de não ser conhecida como religião cristã, compreende a essência dos ensinamentos de Cristo, pondo-a em prática. Aliás, a Seicho-No-Ie aplica à vida prática não apenas a essência do Cristianismo, mas também a do Budismo, pois ela se baseia na verdade de que a essência de todas as religiões é uma só. Não mandamos as pessoas entrarem num “cercado” chamado Seicho-No-Ie, pois acreditamos que a verdadeira religião é aquela que liberta realmente o homem. Por isso, lamentamos saber que existem religiosos como um certo sacerdote budista que fez a seguinte “advertência”: “Se vocês entrarem na Seicho-No-Ie, cairão no inferno”. Certamente, ele agiu assim porque receava não poder manter seu próprio templo se não mantivesse os seus fiéis. Sacerdotes como este revelam a pequenez de sua própria fé, pois, ao fazerem tais “advertências”, praticamente afirmam ser tão fraco o poder de Buda, de forma que não é capaz de salvar as pessoas que, na opinião deles, “estão em mau caminho”. O grande mestre Shiran disse, na sua obra TAN-NI-SHO: “Não deveis temer o mal, pois não existe mal algum que tenha poder de impedir a vontade de Buda”. E disse também: “Por maiores que sejam os pecados que tenham cometido, o homem certamente entrará no Paraíso se acreditar em Buda e tomar consciência de sua unidade com Ele”. Como vemos, o verdadeiro Buda é capaz de salvar até os homens que tenham cometido as piores ações. Se é assim, o ato de ler livros da Seicho-No-Ie, o que não constitui mal algum, não será, de modo algum, empecilho para o poder de salvação de Buda.
A razão fundamental por que todo homem tem a possibilidade de ser salvo é que cada um traz dentro de si a Vida de Deus ou Natureza Divina. O mestre Shinran disse: “A verdadeira fé é a manifestação da natureza búdica que existe no homem”. Daí podemos concluir, naturalmente, que “a fé nasce no coração do homem porque este traz consigo o Deus interior”. A verdadeira fé baseia-se na consciência que o homem possa ter desse Deus interior e no seu sentimento de reverência. Reverenciar quer dizer: “contemplar a perfeição do Jisso do homem, e dirigir a esse Jisso os nossos louvores, o nosso amor e respeito”, e não simplesmente tomarmos a posição de prece, fechando os olhos e unindo as palmas das mãos. Essa postura deve ser a manifestação natural de amor, gratidão e respeito pelo Jisso. O essencial é a atitude mental: contemplar e reverenciar o Jisso perfeito de todas as pessoas.
“Todas as pessoas são filhos de Deus. Portanto, não existe uma pessoa sequer que seja má, pecadora, perversa”. Devemos dirigir essas palavras não apenas aos ouvidos da criança prestes a adormecer, mas também à mente de toda a humanidade. Devemos fazer a humanidade despertar para a Verdade contemplando fortemente: “Despertem todos os homens da face da Terra! Despertem para a Verdade de que todos são filhos de Deus, seres bons e generosos. Não há ninguém que deseje eliminar o próximo”. Quando despertar para essa Verdade, a humanidade melhorará, desaparecerão as doenças, a miséria e as guerras. Se a humanidade não tem melhorado, apesar do seu veemente desejo de concretizar a paz e a felicidade, é porque ainda não eliminou de seu subconsciente a idéia errônea de que “o homem é pecador, e por isso tenta melhorar mas não consegue livrar-se dos pecados”. Essa idéia provoca o desejo de autopunição que leva a humanidade a torturar a si mesma, desencadeando guerras, criando infelicidades, favorecendo o aparecimento de doenças... Com certeza a humanidade melhorará se a fizermos conscientizar-se de que “todos os homens são perfeitos, pois são filhos de Deus. Na realidade não existe sequer um pecador”. Também no tocante à educação das crianças, essa conscientização é essencial. Enquanto os pais, professores e educadores persistirem em apontar os pontos negativos das crianças, será impossível obter bons resultados. Por mais imperfeito que seja o aspecto fenomênico de uma criança, devemos crer que o seu Jisso é perfeito e orientá-la de modo que ela própria compreenda. Assim ela passará a manifestar a perfeição do Jisso e tornar-se-á um ser maravilhoso.
Existiu, no Século XVI, um eminente sacerdote budista de nome Mussô. Disse ele, certa vez: “Na verdade, não há nações no apogeu da glória, nem nações em ruína”, o que significa: “Sejam quais forem as situações manifestadas aos olhos carnais, elas não pasam de aspectos fenomênicos, isto é, não passam de ‘sombras’ projetadas pela mente humana. Portanto nem o esplendor e nem a ruína das nações tem uma existência real”. A essência dessas palavras é a mesma contida na afirmação que fazemos na Seicho-No-Ie: “O fenômeno não é realidade. As infelicidades, as doenças, etc., são apenas fenômenos e por isso não são realidade, não passam de manifestações de carmas acumulados na mente do homem”. Como vemos, a essência do Zen-budismo é a mesma dos ensinamentos da Seicho-No-Ie.
Também o mestre Hakuin, outro sacerdote budista de grande renome, disse: “Em seu estado original, todo homem é Buda, do mesmo modo que o gelo, originariamente é água”. O significado dessas palavras é o mesmo, basicamente, daquele contido na afirmação da Seicho-No-Ie: “Não há ninguém essencialmente mau”. Em sua essência, todas as pessoas são boas, pois são Filhos de Deus. Tanto faz dizermos que “o homem é Buda” ou que é “Filho de Deus”. O importante é compreendermos que originariamente todo homem é bom, e não há um só que seja “essencialmente mau”.
Ainda que até este momento você tivesse cometido mil pecados, a verdade é que todos esses pecados “não têm existência real”, pois Deus não criou pecados nem pecadores. Isso não passa de “sombras” projetadas pela mente humana, comparáveis às imagens projetadas numa tela cinematográfica. E por que se projetam essas “sombras” na tela da vida? Porque o homem – desconhecendo sua própria perfeição original – mantém em sua mente a idéia de que “o pecado existe, e todos os homens são pecadores”, e esta idéia é projetada no mundo das formas, pois este mundo é um espécie de “tela de três dimensões”. E o homem, vendo essas “sombras” projetadas, torna a fixar em sua mente a idéia do pecado e do pecador, formando desta forma um círculo vicioso de projeções dos carmas negativos. Porém, a partir do momento em que compreendermos que “na verdade não existem nem pecados nem pecadores, existem unicamente Deus e filhos de Deus”, conseguiremos alcançar um mundo de total liberdade, transcendendo as imperfeições manifestadas no plano fenomênico.
Cristo disse: “... e a Verdade vos tornará livres” (João 8:32). E também: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6). “Verdade” é aquilo que existe realmente; não o aspecto manifestado provisoriamente, mas o Aspecto Verdadeiro (Jisso). A maioria das pessoas, erroneamente, julga existência verdadeira aquilo que está manifestado provisoriamente. Existe somente aquilo que existe de verdade, e as demais coisas, que não são existências verdadeiras, não existem. Aquilo que é existência falsa não pode ser considerado existência. O fenômeno é uma coisa manifestada, e por isso não podemos dizer que ele existe. Isso é comparável ao fato de que as cenas de uma peça teatral, ou de um filme, por mais autênticas que possam parecer, nunca são cenas reais. Por exemplo: mesmo que um ator “mate” cem pessoas no palco, isso é apenas encenação; na verdade ele não matou nem sequer uma pessoa. Pode-se constatar isso facilmente, olhando-se os camarins dos artistas. O mesmo acontece em relação ao cinema: por mais autênticas que possam parecer as cenas de uma batalha sangrenta, em que morrem milhares de pessoas, essas cenas não são reais. Não passam de cenas criadas pela mente dos que produziram o filme, e captadas pela mente dos espectadores. Podemos, pois, dizer que elas são apenas “imagens” projetadas pela mente, e que não existem de verdade.
Na Sutra do Lótus, do Budismo, encontramos este trecho: “Todos os fenômenos são o mesmo que nada”. Realmente, fenômenos são apenas fenômenos, e não são substanciais. O aspecto fenomênico deste mundo não é seu verdadeiro aspecto. O que há realmente é o “mundo pleno de luz, criado por Deus”. E todos os seus habitantes são perfeitos e vivem em harmonia, pois são filhos de Deus. Eis o Jisso deste mundo e das pessoas que habitam nele.
Ouçam todos aqueles que choram sofrendo de doenças e infelicidades! Levantem os olhos e fitem a luz do Jisso. Por mais reais que possam parecer as doenças, as infelicidades e as tragédias “manifestadas” em suas vidas, creiam que elas não têm “existência real”, pois são apenas fenômenos. É essencial que todos nós contemplemos constantemente essa verdade.
Na palestra anterior, contei o caso de uma criança que parou de “molhar a cama” a partir da noite em que sua mãe sentou à sua cabeceira logo após ele ter pegado no sono, sussurrando-lhe, durante cerca de dez minutos, as palavras: “você é um menino bom e carinhoso”. Como podemos ver por este exemplo, a manifestação dos aspectos imperfeitos do homem cessa quando é gravada no seu subconsciente a Verdade que diz: “O homem, sendo filho de Deus, é bom, é generoso, é perfeito”. Comumente, os pais cujo filho tem o vício de “molhar a cama” tentam curá-lo através de repreensões severas, dizendo constantemente: “Você já é muito crescido para fazer xixi na cama. Não tem vergonha?! Precisa dar um jeito de parar com esse hábito feio, ouviu?”. Mas, quanto mais os pais ralham, mais profundamente fica gravada na mente da criança a idéia de “molhar a cama”, de modo que ela não consegue deixar esse vício.
Talvez vocês pensem que estou dando exagerada importância a um caso insignificante como a cura do vício de “molhar a cama”. Quero que compreendam que citei este caso apenas como um pequeno exemplo de como podemos melhorar as pessoas através da mentalização/contemplação de palavras positivas. Da mesma forma que uma simples experiência de laboratório pode comprovar uma grande verdade científica, também um caso aparentemente sem importância pode mostrar-nos a Verdade e tornar-se base para a compreensão de como poderemos melhorar realmente a humanidade.
Se, apesar do surgimento de tantas religiões, a humanidade ainda não alcançou grande progresso espiritual, é porque a maioria dos pregadores vem dirigindo aos devotos palavras negativas: “Os homens são maus! Os homens são pecadores! É preciso que se arrependam. É preciso que se penitenciem, que tentem ser bons. Senão, o inferno os espera!”. Podemos dizer que esses pregadores estão agindo exatamente como os pais que vivem repreendendo o filho, tentando curá-lo do vício de “molhar a cama”. Gravando na mente da humanidade a idéia de que “todos os homens são pecadores”, estão impedindo-a de melhorar – embora a intenção seja justamente o contrário.
Eu costumo ouvir com atenção as palestras radiofônicas dos pregadores de diversas seitas religiosas, e tenho notado que quase todos dizem: “O homem é pecador”. Outro dia, ouvi um pregador afirmar: “Todo homem é pecador, não apenas por seus pequenos pecados individuais, mas porque ele já nasce pecador devido ao pecado original, comum a toda a humanidade”. Mesmo sabendo que fazem tais pregações com nobre objetivo de salvar a humanidade, eu não posso deixar de pensar quão prejudicial é gravar na mente dos homens a idéia de que “todos são pecadores”. Não posso deixar de sentir um grande pesar, sempre que ouço tais afirmações partindo dos que se dizem cristãos. Ao analisarmos profundamente os textos da Bíblia, compreendemos que Cristo sabia que as doenças e infelicidades dos homens eram manifestações da autopunição oriunda da “idéia de pecado” e o conseqüente desejo de “autopunição”. Certa vez ele disse a um paralítico: “São-te perdoados os teus pecados... Levanta-te e anda”. No mesmo instante, desapareceu da mente do paralítico a “idéia de autopunição” e ele levantou e começou a andar.
“São-te perdoados os teus pecados” – essas palavras Jesus não disse apenas aos enfermos. Disse constantemente a toda a humanidade. No entanto, muitos dos que se dizem seguidores de Cristo vivem pregando que “a humanidade é cheia de pecados”, “todos os homens são pecadores”, etc. Parecem não compreender a essência dos ensinamentos de Cristo. Ao contrário de algumas seitas que de Cristianismo só tem o nome, a Seicho-No-Ie, apesar de não ser conhecida como religião cristã, compreende a essência dos ensinamentos de Cristo, pondo-a em prática. Aliás, a Seicho-No-Ie aplica à vida prática não apenas a essência do Cristianismo, mas também a do Budismo, pois ela se baseia na verdade de que a essência de todas as religiões é uma só. Não mandamos as pessoas entrarem num “cercado” chamado Seicho-No-Ie, pois acreditamos que a verdadeira religião é aquela que liberta realmente o homem. Por isso, lamentamos saber que existem religiosos como um certo sacerdote budista que fez a seguinte “advertência”: “Se vocês entrarem na Seicho-No-Ie, cairão no inferno”. Certamente, ele agiu assim porque receava não poder manter seu próprio templo se não mantivesse os seus fiéis. Sacerdotes como este revelam a pequenez de sua própria fé, pois, ao fazerem tais “advertências”, praticamente afirmam ser tão fraco o poder de Buda, de forma que não é capaz de salvar as pessoas que, na opinião deles, “estão em mau caminho”. O grande mestre Shiran disse, na sua obra TAN-NI-SHO: “Não deveis temer o mal, pois não existe mal algum que tenha poder de impedir a vontade de Buda”. E disse também: “Por maiores que sejam os pecados que tenham cometido, o homem certamente entrará no Paraíso se acreditar em Buda e tomar consciência de sua unidade com Ele”. Como vemos, o verdadeiro Buda é capaz de salvar até os homens que tenham cometido as piores ações. Se é assim, o ato de ler livros da Seicho-No-Ie, o que não constitui mal algum, não será, de modo algum, empecilho para o poder de salvação de Buda.
A razão fundamental por que todo homem tem a possibilidade de ser salvo é que cada um traz dentro de si a Vida de Deus ou Natureza Divina. O mestre Shinran disse: “A verdadeira fé é a manifestação da natureza búdica que existe no homem”. Daí podemos concluir, naturalmente, que “a fé nasce no coração do homem porque este traz consigo o Deus interior”. A verdadeira fé baseia-se na consciência que o homem possa ter desse Deus interior e no seu sentimento de reverência. Reverenciar quer dizer: “contemplar a perfeição do Jisso do homem, e dirigir a esse Jisso os nossos louvores, o nosso amor e respeito”, e não simplesmente tomarmos a posição de prece, fechando os olhos e unindo as palmas das mãos. Essa postura deve ser a manifestação natural de amor, gratidão e respeito pelo Jisso. O essencial é a atitude mental: contemplar e reverenciar o Jisso perfeito de todas as pessoas.
“Todas as pessoas são filhos de Deus. Portanto, não existe uma pessoa sequer que seja má, pecadora, perversa”. Devemos dirigir essas palavras não apenas aos ouvidos da criança prestes a adormecer, mas também à mente de toda a humanidade. Devemos fazer a humanidade despertar para a Verdade contemplando fortemente: “Despertem todos os homens da face da Terra! Despertem para a Verdade de que todos são filhos de Deus, seres bons e generosos. Não há ninguém que deseje eliminar o próximo”. Quando despertar para essa Verdade, a humanidade melhorará, desaparecerão as doenças, a miséria e as guerras. Se a humanidade não tem melhorado, apesar do seu veemente desejo de concretizar a paz e a felicidade, é porque ainda não eliminou de seu subconsciente a idéia errônea de que “o homem é pecador, e por isso tenta melhorar mas não consegue livrar-se dos pecados”. Essa idéia provoca o desejo de autopunição que leva a humanidade a torturar a si mesma, desencadeando guerras, criando infelicidades, favorecendo o aparecimento de doenças... Com certeza a humanidade melhorará se a fizermos conscientizar-se de que “todos os homens são perfeitos, pois são filhos de Deus. Na realidade não existe sequer um pecador”. Também no tocante à educação das crianças, essa conscientização é essencial. Enquanto os pais, professores e educadores persistirem em apontar os pontos negativos das crianças, será impossível obter bons resultados. Por mais imperfeito que seja o aspecto fenomênico de uma criança, devemos crer que o seu Jisso é perfeito e orientá-la de modo que ela própria compreenda. Assim ela passará a manifestar a perfeição do Jisso e tornar-se-á um ser maravilhoso.
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