sábado, junho 28, 2008

Aceite uma xícara de chá


Joshu, um mestre Zen, perguntou para um monge recém chegado ao mosteiro: "Eu já o vi antes?"
O monge novo respondeu: "Nunca, Senhor."
Joshu disse: "Então aceite uma xícara de chá".
Joshu virou-se para um outro monge: "Eu já o vi aqui antes?"
O segundo monge disse: "Sim, senhor, claro que já me viu".
Joshu disse: "Então aceite uma xícara de chá".
Depois o gerente do mosteiro peguntou a Joshu: "Como é que você oferece chá para qualquer resposta?" .
Nisso Joshu gritou: "Gerente, você ainda está aqui?"
O outro respondeu: "Sim, claro, mestre".
Joshu disse: "Então aceite uma xícara de chá".


A história é simples, mas difícil de entender. Sempre é assim. Quanto mais simples uma coisa, mais difícil é entender. Para compreender precisamos de alguma coisa complexa; para entender, você tem que dividir e analisar. Uma coisa simples não pode ser dividida e analizada, não há nada para dividir e analisar, a coisa é simples demais. A simplicidade sempre escapa à compreensão, é por isso que Deus não pode ser entendido. Deus é a coisa mais simples, absolutamente a coisa mais simples possível. O mundo pode ser entendido, é muito complexo. Quanto mais complexa uma coisa é, mais a mente pode trabalhar nela. Quando é simples, não há nada para ruminar, a mente não consegue trabalhar.

Os lógicos dizem que as qualidades simples são indefiníveis. Por exemplo, se alguém lhe perguntar: "O que é o amarelo?", é uma qualidade tão simples, a cor amarela, como você a definiria? Você dirá: "Amarelo é amarelo". O homem dirá: "Isto eu já sei, mas qual é a definição de amarelo?". Se você diz que amarelo é amarelo, você não está definindo, está simplesmente repetindo mais uma vez a mesma coisa. É uma tautologia.

Uma das mente mais agudas deste século, G.E. Moore, escreveu um livro Principia Ethica. O livro inteiro consiste num esforço muito consistente para definir o que é bom. Fazendo esforços em todas as direções, em duzentas ou trezentas páginas -- e duzentas ou trezentas páginas de G.E Moore valem três mil páginas de qualquer outro --, ele chega à conclusão de que bom é indefinível. Não pode ser definido, é uma qualidade demasiado simples. Quando alguma coisa é complexa, há muitas coisas nela; você pode definir uma coisa à partir de outra que está presente nela. Se você e eu estamos em um quarto e você me pergunta: "Quem é você?", eu posso ao menos dizer: eu não sou você. Essa passará a ser a definição, a indicação. Mas se eu estou só no quarto e me faço a pergunta "Quem sou eu?", a pergunta ressoa, e no entanto não há nenhuma resposta. Como definir isso?

É por isso que Deus não foi compreendido. O intelecto o nega, a razão diz não. Deus é o denominador mais simples da existência, o mais simples e o mais básico. A mente pára. Não existe nada diferente de Deus, então como definir Deus? Ele está só no quarto. É por isso que as religiões têm tentado dividir; então uma definição é possível. Elas dizem: "Este mundo não é isto. Deus não é o mundo, Deus não é nenhuma questão, Deus não é nenhuma matéria, Deus não é nenhum desejo". Essas são formas de se definir.

Você tem que por algo contra algo, então um limite pode ser estabelecido. Como você estabelece um limite se não houver nada próximo? Onde você coloca a cerca de sua casa se não houver nenhum vizinho? Se não há alguém ao seu lado, como você pode cercar a sua casa? O limite da casa depende da presença do seu vizinho. Deus está só, ele não tem nenhum vizinho. Onde ele começa? Onde ele termina? Em parte alguma. Como você pode definir Deus? O Diabo foi criado só para definir Deus. Deus não é o Diabo, pelo menos isso pode ser dito. Você não pode conseguir dizer o que Deus é, mas pode dizer o que ele não é: Deus não é o mundo.

Eu estava lendo há pouco um livro de um teólogo cristão. Ele diz que Deus é tudo menos o mal. Mas isso também é suficiente para definir. Isso é suficiente para estabelecer um limite: menos o mal. Ele não está consciente: se Deus é tudo, então de onde vem o mal? Ele deve estar vindo de tudo; caso contrário há alguma outra fonte de existência além de Deus, e essa outra fonte de existência fica equivalente a Deus. Então o mal nunca pode ser destruído. Tem sua própria fonte de existência. O mal não depende de Deus, então como Deus pode destruí-lo? E Deus não o destruirá, porque, uma vez que o mal for destruído, Deus não poderá ser definido. Para ser definido ele necessita que o Diabo esteja lá sempre, só ao seu redor. Os santos necessitam dos pecadores; caso contrário eles não serão santos. Como você saberá quem é um santo? Todo santo precisa de pecadores ao seu redor; esses pecadores são o seu limite. Uma coisa simples significa que é exclusiva.

Antes de tudo deve-se compreender que as coisas complexas podem ser entendidas, as coisas simples não. Essa história de Joshu é muito simples, tão simples que lhe escapa. Você tenta agarrar aqui, tenta agarrar ali, e ela escapa. É tão simples que a mente não pode trabalhar nela. Tente sentir a história. Eu não direi "tente entender" porque você não pode entendê-la, não encontrará nada lá, a história inteira é absurda.

Joshu vê um monge e pergunta: "Eu já o vi antes?".
O homem diz: "Nunca, senhor, não há nenhuma possibilidade. Eu estou aqui pela primeira vez, sou um estranho, você não poderia ter-me visto antes".
Joshu diz: "Certo, então aceite uma xícara de chá". Então ele pergunta para outro monge: "Eu já o vi antes?".
O monge responde: "Sim, senhor, você deve ter-me visto. Eu sempre estive aqui; não sou um estranho".
O monge deve ter sido um discípulo de Joshu, e Joshu diz: "Certo, então aceite uma xícara de chá".

O gerente do mosteiro ficou confuso: para duas pessoas diferentes responde-se de forma diferente, seriam necessárias duas respostas diferentes. Mas Joshu responde da mesma maneira para o estranho e para o amigo, para um que veio pela primeira vez e para um que sempre esteve ali. Para o desconhecido e para o conhecido, Joshu responde da mesma maneira. Ele não faz distinção, nenhuma, nada. Ele não diz: "Você é um estranho. Bem-vindo! Aceite uma xícara de chá". Ele não diz ao outro: "Você sempre esteve aqui, assim não precisa de uma xícara de chá". Nem diz: "Você sempre esteve aqui, assim não há nenhuma necessidade de responder a pergunta que eu lhe fiz".

Familiaridade cria enfado; você nunca recepciona o familiar. Você nunca olha para a sua esposa. Ela ficou com você durante muitos e muitos anos e você esqueceu completamente que ela existe. Como é o rosto de sua esposa? Você olhou recentemente para ela? Você pode ter esquecido completamente do rosto dela. Se você fecha os olhos e medita e se lembra, pode lembrar do rosto que viu pela primeira vez. Mas sua esposa foi um fluxo, um rio, constantemente mudando. O rosto mudou; agora ela ficou velha. O rio fluiu e novas curvas surgiram; o corpo mudou. Você olhou recentemente para ela? Você está tão familiarizado com sua presença que não há necessidade de olhar para ela. Nós olhamos para algo que é pouco conhecido; olhamos para algo que nos chama a atenção, que é novo. Eles dizem que a familiaridade cria o desprezo: cria enfado.

Eu ouvi uma história: dois homens de negócios, muito ricos, estavam descansando numa praia em Miami. Eles estavam deitados tomando banho de sol. Um deles disse: "Eu não consigo entender o que as pessoas vêem em Elizabeth Taylor, a atriz. Não entendo o que vêem, por que elas ficam tão alucinadas. O que ela tem? Você tira os olhos dela, o cabelo, os lábios, o corpo, e o que foi que sobrou, o que você tem?". O outro homem resmungou, ficou triste e respondeu: "Minha esposa, é isso o que sobrou.".

É isto o que sobrou da sua esposa, do seu marido, não sobrou nada. Por causa da familiaridade, desapareceu tudo. Seu marido é um fantasma; sua esposa é um fastasma sem figura, sem lábios, sem olhos, só um fenômeno feio. Isto não foi sempre assim. Você já esteve apaixonado por essa mulher, mas aquela primeira mulher não está mais ali; agora você nem olha para ela.

Na verdade, maridos e esposas evitam olhar um para o outro. Eu tenho estado com muitas famílias e observei: os maridos e as esposas evitam olhar um para o outro. Eles criaram muitos jogos para isso; estão sempre pouco à vontade quando ficam sozinhos. Um convidado é sempre bem-vindo, porque pode-se olhar para o convidado e, assim, evitar um ao outro.

Esse Joshu parece ser absolutamente diferente, enquanto se comporta da mesma maneira com um estranho e com um amigo. O monge diz: "Eu sempre estive aqui, senho, claro que me conhece bem".

E Joshu diz: "Então aceite uma xícara de chá".

O gerente não conseguiu entender. Os gerentes são sempre estúpidos; para administrar, é necessária uma mente estúpida. E um gerente nunca pode ser profundamente meditativo. É difícil: ele tem que ser matemático, calculista; ele tem que ver o mundo e organizar as coisas adequadamente. O gerente ficou perturbado: O que é isso? O que está acontecendo? Isso parece ilógico. Está bem oferecer uma xícara de chá a um estranho, mas para esse discípulo que sempre esteve aqui?

Então ele pergunta: "Por que você responde da mesma maneira a pessoas diferentes, para perguntas diferentes?".
Joshu fala em alto tom: "Gerente, você está aqui?".
O gerente responde: "Sim, senhor, claro que eu estou aqui".
E Joshu diz: "Então aceite uma xícara de chá".

Essa pergunta em alto tom, "Gerente, você está aqui?", está chamando a presença dele, a sua consciência. A consciência é sempre nova, sempre um estranho, o desconhecido. O corpo fica familiar, mas a alma nunca. Você pode conhecer o corpo de sua esposa; mas nunca conhecerá a pessoa desconhecida que ela tem por trás de si, nunca. Isso não pode ser conhecido. Você pode amar: o amor é um mistério, você não pode explicá-lo.

Quando Joshu chamou: "Gerente, você está aqui", de repente o gerente se deu conta. Ele esqueceu que era um gerente, esqueceu que era um corpo; sua resposta veio do coração. Ele respondeu: "Sim, senhor". Essa pergunta em alta voz era tão súbita, era como um choque. E era fútil, é por isso que ele respondeu: "Claro que estou aqui. Você não precisa me perguntar, a pergunta é irrelevante". De repente o passado, o velho e a mente, sumiram. Não havia mais nenhum gerente ali -- era simplesmente uma consciência respondendo. A consciência é sempre nova, constantemente nova; está sempre nascendo, nunca é velha.

E Joshu diz: "Então aceite uma xícara de chá".

A primeira coisa a ser sentida é que, para Joshu, tudo é novo, estranho, misterioso. Se é o conhecido ou o desconhecido, o familiar ou o pouco conhecido, dá na mesma. Se você vier diariamente para este jardim, logo deixará de olhar para as árvores. Você pensará que já olhou para elas, que as conhece. Aos poucos deixará de ouvir os pássaros; eles estarão cantando, mas você não escutará. Tudo tornou-se familiar; seus olhos estão fechados, seus ouvidos estão fechados. Mas se Joshu vier para este jardim -- e ele poderá ter vindo diariamente durante muitas, muitas vidas -- ele ouvirá os pássaros, ele olhará para as árvores. Tudo, cada momento, é novo para ele.

É isso que é a consciência. Para a consciência tudo é constantemente novo, nada é velho. Nada pode ser velho, porque tudo está sendo criado a cada momento. É um fluxo contínuo de criatividade. A consciência nunca carrega a memória como um fardo.

Assim, em primeiro lugar: uma mente meditativa sempre vive dentro do novo, do fresco. A existência inteira é recém-nascida, tão fresca quanto uma gota de orvalho, tão fresca quanto uma folha que brota na primavera. É como os olhos de um bebê recém-nascido: tudo está fresco, claro, sem poeira. Esta é a primeira coisa a ser sentida. Se você olha para o mundo e sente que tudo é velho, isso mostra que você não é meditativo. Na verdade, quando você sente que tudo é velho, isso mostra que você tem uma mente velha, uma mente estragada. Se a sua mente estiver fresca, o mundo será fresco. O mundo não é a questão, o espelho é a questão. Se há poeira no espelho, o mundo fica velho; se não há poeira no espelho, como o mundo pode ser velho? E se as coisas envelhecem, você vive no tédio; todo mundo está entendiado ao extremo.

Olhe para o rosto das pessoas: elas levam a vida como um fardo -- aborrecido, sem significado. Parece que tudo é um pesadelo, uma piada muito cruel; alguém está pregando uma peça, torturando. A vida deixa de ser uma celebração, não pode ser. Com uma mente carregada de memórias não pode haver uma celebração. Até mesmo quando você ri, sua risada é aborrecida. Olhe para a risada das pessoas: elas riem com esforço. O riso delas só pode ser cortês, o riso delas só pode ser por educação.

Eu ouvi a respeito de um dignatário que foi para a África para visitar uma comunidade muito antiga, uma comunidade primitiva de aborígines. Ele deu uma conferência bastante demorada. Contou uma história muito longa, a qual se estendeu por quase meia hora, e então o intérprete levantou-se. Ele disse só quatro palavras e os primitivos riram cordialmente. O dignitário ficou confuso. Ele contou a história durante meia hora, como podia ser traduzia em quatro palavras? Parecia impossível. E as pessoas entenderam; elas estavam rindo, uma risada sonora. Confuso, ele perguntou ao intérprete: "Você fez um milagre. Você falou só quatro palavras. Eu não sei o que você disse, mas como conseguiu traduzir a minha história, que era tão longa, apenas em quatro palavras?". O intérprete disse: "A história é muito longa, assim eu disse: piada -- riam".

Que tipo de risada sairá? Só uma risada formal. E esse homem trabalhou por meia hora. Olhe para a risada das pessoas. É uma risada mental, elas estão fazendo um esforço. A risada delas é falsa, é pintada, está só nos lábios, é um exercício do rosto. Não está vindo do ser delas, da fonte, não está vindo da barriga; é uma coisa criada. É óbvio que nós estamos entediados, e tudo aquilo que fazemos sairá desse enfado e criará mais enfado. Você não pode celebrar. A celebração só é possível quando a existência é uma novidade contínua, a existência é sempre jovem. Quando nada envelhece, quando nada morre, porque tudo renasce constantemente, então torna-se uma dança. Então é uma música interior fluindo. Se você está tocando um instrumento ou não, isso não importa, a música está fluindo.

Eu ouvi uma história que aconteceu em Ajmer... Você deve ter ouvido sobre um místico sufi, Moinuddin Crishti, cujo dargah, cujo túmulo, está em Ajmer. Crishti era um grande místico, um dos maiores já nascidos, e era músico. Ser um místico é estar contra o Islã, porque a música é proibida. Ele tocava cítara e outros instrumentos. Era um grande músico e apreciava isso. Cinco vezes por dia, quando ao maometano é exigido fazer as cinco orações rituais, ele não rezava, simplesmente tocava o seu instrumento. Essa era a sua oração.

Isso era absolutamente anti-religioso, mas ninguém podia dizer nada a Crishti. Muitas vezes as pessoas vinham lhe falar e ele comaçava a cantar, e a canção era tão linda que eles esqueciam completamente por que tinham vindo. Ele começava a tocar seu intrumento, e era tão agradável que até os sábios e as autoridades e os maulvis que tinham vindo para reclamar simplesmente não podiam fazê-lo. Eles iriam lembrar-se em casa; quando estava de volta, então eles lembrariam por que tinham ido.

A fama de Crishti espalhou-se pelo mundo. De toda parte, as pessoas começaram a vir. Um homem, Jilani, que era um grande místico, veio de Bagdá só para ver Crishti. Quando Crishti ouviu que Jilani tinha vindo, achou que em respeito a Jilani não seria bom tocar seu instumento porque ele era um maometano muito ortodoxo. Não seria uma boa acolhida. Ele podia sentir-se ofendido. Então, só naquele dia, em toda a sua vida, ele decidiu que não tocaria, não cantaria. Ele esperou desde manhã e à tarde Jilani chegou. Crishti tinha escondido os seus instrumentos.

Quando Jilani entrou e ambos sentaram em silêncio, os instrumentos começaram a fazer música, o quarto estava cheio. Crishti ficou muito confuso sobre o que fazer. Ele os tinha escondido, e aquela era uma música que ele nunca tinha ouvido antes. Jilani riu e disse: "As regras não são para você - não precisa escondê-los. As regras são para pessoas ordinárias, as regras não são para você - não deveria tê-los escondido. Como pode esconder a sua alma? Suas mãos não podem tocar, você pode não cantar com a garganta, mas todo o seu ser é música. E este quarto está cheio com tanta música, com tantas vibrações, que agora ele inteiro está tocando por si só".

Quando a mente está fresca, a existência inteira se torna uma melodia. Quando você estiver fresco, o frescor está em todos os lugares e a existência inteira responde. Quando você é jovem, não carregado de memórias, tudo é jovem, novo e estranho.

Esse Joshu é maravilhoso. Isso tem que ser entendido profundamente, então você será capaz de compreender. Mas essa compreensão será mais como uma sensação do que uma compreensão, não da mente, mas do coração.

Muitas outras dimensões estão escondidas nesta história. Uma outra dimensão é que quando você estiver diante de uma pessoa iluminada, qualquer coisa que você diga dá no mesmo; a resposta dela será a mesma. Suas perguntas, suas respostas não são significativas, não são pertinentes; a resposta dela será a mesma.

Para todos os três, Joshu respondeu da mesma maneira, porque uma pessoa iluminada permanece a mesma. Nenhuma situação a muda; a situação não é pertinente. Você é mudado pela situação, completamente mudado; você é manipulado pela situação. Ao conhecer uma pessoa que lhe é estranha, você se comporta diferentemente. Você fica mais tenso, enquanto tenta julgar a situação. Que tipo de homem é ele? Ele é perigoso, inofensivo? Ele será amigável ou não? Você olha com medo. É por isso que com estranhos você sente certa intranquilidade.

Se você estiver viajando em um trem, a primeira coisa que verá serão os passageiros perguntando uns aos outros o que fazem, qual é a religião de cada um, para onde vão. Qual é a necessidade dessas perguntas? Elas são importantes porque é a maneira que eles têm de ficar à vontade. Se você é hindu e eles também são hindu, então eles podem relaxar, são pessoas não muito estranhas. Mas se você disser "Eu sou maometano", o hindu fica tenso. Então um pouco de perigo existe, há um estranho ali. Ele vai estabelecer um pequeno espaço entre você e ele, ele pode não ficar à vontade, pode não relaxar, ou até mudar de assento. Mas até um maometano é religioso. Se você disser "Eu sou ateu; eu não sou religioso, não pertenço a nenhuma religião", então você é até mais do que um estranho. Um ateu? Então ele vai achar que, só por estar sentado ao seu lado, ele irá se tornar impuro. Você está com uma doença; ele o evitará. As pessoas começam fazendo perguntas não porque elas estão muito curiosas a seu respeito; não, elas só querem avaliar a situação, se podem relaxar, se estão em uma atmosfera familiar ou se há algo estranho ali. Elas estão em guarda e fazem essa investigação para a sua própria segurança.

A expressão do seu rosto muda continuamente. Se você vê um estranho, você muda a sua fisionomia; se você vê um amigo, imediatamente você muda de expressão; se o seu criado está ali, você tem um rosto diferente; diante de seu mestre, você mostra um outro rosto. Você muda suas máscaras continuamente porque você depende da situação. Você não tem uma alma, não é integrado; as coisas ao seu redor provocam mudanças em você.

Esse não é o caso com Joshu. Com Joshu o caso é totalmente diferente. Ele muda os ambientes onde se encontra, ele não é mudado pelos ambientes. Tudo o que acontece ao redor dele é irrelevante, o rosto dele permanece o mesmo. Não tem nenhuma necessidade de mudar a máscara.

Conta-se que, certa vez, um governador veio ver Joshu. Claro que ele era um grande político, um homem poderoso -- um governador. Ele escreveu num papel: "Eu vim vê-lo". Ele escreveu seu nome e seu título de governador deste e daquele estado. Ele deve ter tentado consciente ou inconscientemente influenciar Joshu.

Joshu olhou o papel, jogou-o fora e disse ao homem que havia trazido a mensagem: "Diga a esse camarada que eu não quero vê-lo. Mande-o embora".
O homem voltou e disse: "Joshu disse: mande-o embora. Ele jogou fora o seu papel e disse: eu não quero ver esse camarada".
O governador entendeu. Ele escreveu novamente um papel apenas com o seu nome e acrescentou: "Eu gostaria de vê-lo".
Ao receber o papel Joshu disse: "Então este é um camarada! Faça-o entrar".
O governador entrou e perguntou: "Mas por que você se comportou daquele modo estranho? Você disse: mande embora esse homem".
Joshu disse: "Aqui não são permitidas fachadas. Governador é uma fachada, uma máscara. Eu o reconheço muito bem, mas não conheço máscaras, e se você veio com uma máscara não será lhe permitido entrar. Agora está tudo bem. Eu o conheço muito bem, mas não conhceço nenhum governador. Da próxima vez que você vier, deixe o governador para trás, não o traga consigo".

Nós usamos máscaras quase o tempo todo; imediatamente nós as trocamos. Assim que vemos uma mudança de situação, nós as trocamos imediatamente, como se não tivéssemos nem uma alma integrada, nem uma alma cristalizada.

Para Joshu é tudo igual o estranho, o amigo, um discípulo, o gerente. A resposta dele é: "Aceite uma xícara de chá". Ele permanece o mesmo interiormente. E por que "aceite uma xícara de chá"? Essa é uma coisa muito simbólica para os mestres zen. O chá foi descoberto por mestres zen e não é uma coisa ordinária para eles. Em todo mosteiro zen eles têm um salão de chá. É especial, quase igual um templo. Você não poderia entender isso... porque é uma coisa muito religiosa para um mestre zen ou num mosteiro zen. O chá é como a oração. Foi descoberto por eles.

Na Índia, se você vê um sannyasin bebendo chá, você julgará que ele não é um homem bom. Ghandi não permitiria a ninguém no seu ashram tomar chá. O chá era proibido, era um pecado; a ninguém era permitido tomar chá. Se o Ghandi tivesse lido esta história, ele teria ficado chocado: um ser iluminado, Joshu, fazendo perguntas para as pessoas, convidando-as para tomar chá? Mas o zen tem uma atitude em relação ao chá. O próprio nome vem de um mosteiro chinês, Ta. Ali, pela primeira , descobriram o chá, e eles acharam que o chá ajuda a meditar melhor porque deixa o indivíduo mais alerta, lhe dá uma certa consciência. É por isso que, se você tomar chá, será difícil dormir imediatamente. Eles acham que o chá ajuda a ficar mais consciente, mais atento; assim, em um mosteiro zen o chá faz parte da meditação. O que mais Joshu pode oferecer além de consciência? Assim, quando ele diz: "Aceite uma xícara de chá", ele está dizendo: "Aceite uma xícara de consciência".

Isso é tudo aquilo que a iluminação pode fazer. Se você vem a mim, o que posso lhe oferecer? Eu não tenho nada além de uma xícara de chá.

Para o familiar ou o menos familiar, o amigo ou o estranho, ou até para o gerente que está administrando o seu mosteiro, "Aceite uma xícara de chá". Isso é tudo aquilo que um buda pode oferecer a qualquer pessoa, mas não há nada mais valioso do que isso.

Em mosteiros zen eles têm um salão de chá. É como um templo, o lugar mais sagrado. Você não pode entrar com seus sapatos, porque é um salão de chá; não pode entrar sem tomar um banho, porque é um salão de chá, e chá significa consciência. O ritual é como a oração. Quando as pessoas entram em um salão de chá, elas tomam um banho, deixam os sapatos do lado de fora, vestem roupas frescas, ficam em silêncio. Quando elas entram no salão nenhuma conversa é permitida, elas ficam em silêncio. Sentam-se no chão numa postura meditativa, então a anfitriã ou o anfitrião prepara o chá. Todo mundo está em silêncio. O chá começa a ferver e todos têm que escutar isso, o som: a chaleira cria música. Todo mundo tem que escutar isso. O ato de beber começou, embora o chá nem esteja pronto.

Se você perguntar para as pessoas do zen, elas dirão que o chá não é algo que você verte sem atenção e bebe como qualquer outra bebida. Não é uma bebida, é meditação, é oração. Assim elas escutam a chaleira que cria uma melodia, e nessa escuta elas ficam mais silenciosas, mais alertas. Então as xícaras são colocadas diante das pessoas e elas as tocam. Essas xícaras não são comuns; cada mosteiro tem suas próprias xícaras únicas, eles fazem suas próprias xícaras. Até mesmo se elas forem compradas no mercado, primeiro eles a quebram, então as colam novamente assim a xícara torna-se especial, assim você não pode achar uma réplica delas em nenhum outro lugar.

Então todo mundo toca a xícara, sente a xícara. A xícara significa o corpo; se o chá significa a consciência, então a xícara significa o corpo. E se você tiver que estar alerta, tem que estar alerta a partir das raízes do corpo. Tocando, as pessoa ficam alertas, enquanto meditam. Então o chá é servido. O aroma surge, o cheiro. Isso leva muito tempo -- uma hora, duas horas --, assim, não é no espaço de um só minuto que você bebe o chá, depõe a xícara e vai embora. Não, é um processo longo, lento, de forma que você se dá conta de cada passo. E então elas bebem. O gosto, o calor, tudo tem que ser feito em um estado de muita atenção.

É por isso que um mestre oferece chá ao discípulo. Quando um mestre verte chá na sua xícara, você estará mais alerta e atento; quando um criado verte chá na sua xícara, você pode simplesmente esquecer. Quando Joshu verte chá na sua xícara -- se eu venho e verto chá na sua xícara -- sua mente parará, você ficará em silêncio. Algo especial está acontecendo, algo sagrado. O chá torna-se uma meditação.

Joshu diz: "Aceite uma xícara de chá", para todos os três. O chá é só uma desculpa. Joshu lhes dará mais consciência, e consciência surge da sensibilidade. Você tem que ser mais sensível em tudo o que faz, até mesmo uma coisa trivial como um chá... você pode achar alguma coisa mais trivial do que o chá? Você pode achar uma coisa mais vulgar, mais ordinária, do que o chá? Não, você não pode. E os monges e os mestres zen elevaram essa coisa, a mais ordinária, para ser a mais extraordinária. Eles atravessaram "este" e "aquele", como se o chá e Deus se tornassem um. A menos que o chá fique divino, você não será divino, porque o menor tem que ser elevado ao maior, o ordinário tem que ser elevado ao extraordinário, a terra tem que tornar-se o céu. Eles têm que ser ligados, nenhum intervalo pode ser deixado.

Se você vai para um mosteiro zen e vê um mestre que bebe chá, com uma mente ingênua você vai sentir-se muito transtornado: que tipo de homem é este, bebendo chá? Você pode conceber o Buda debaixo da árvore bodhi bebendo chá? Você não pode conceber isso, é inconcebível. A mente ingênua tem falado sobre a não-dualidade, mas criou muita dualidade. Você tem ouvido Advaita, a unidade, o um, mas tudo aquilo que você faz acaba virando dois. E você criou tal separação entre os dois que parece intransponível. Por causa disso Shankara teve de falar sobre maya e ilusão. Você criou uma tal separação entre este mundo e aquele mundo que eles não podem ser ligados. Assim, o que fazer?

Shankara disse: Este mundo é ilusório, você não precisa de ponte. Este mundo não é. Essa é a única maneira para vir a ser um: você tem que negar o outro completamente. Mas negar não ajudará; até se você disser que este mundo é ilusório, ele está aqui. E por que você insiste tanto que é ilusório se realmente ele não está aqui? Qual é o problema? Por que é que Shankara ficou ensinando a vida inteira que este mundo é ilusório? Ninguém se aborrece se for ilusório. Se Shankara soubesse que é ilusório, por que aborrecer-se com isso? Parece que há algum problema nisso. Parece que a única maneira é eliminá-lo completamente da consciência, dizer: 'isto não existe', então só um permanece. Nós temos só uma forma para alcançar o um, negar o outro.

O zen tem outra forma para alcançar isso, e eu penso que é muito mais bonita. Não há nenhuma necessidade de negar o outro. E você não pode negar: até mesmo ao negar você está afirmando. Se você diz que este mundo não existe, você tem que indicar este mundo, que não está em nenhuma parte, então o que você está indicando? Para onde você está apontando o seu dedo se não houver nada? Então você é tolo. Este mundo existe, e se você diz que é ilusório, é só uma interpretação. Se este mundo é ilusório, então o seu Brahma não pode ser real. Se a criação é ilusória, como o criador pode ser real? Porque a criação vem do criador. Se o Ganges é ilusório, como Gangotri pode ser real? Se eu sou uma ilusão, então meus pais são obrigatoriamente ilusórios, porque um sonho só nasce de outro sonho. Se eles são reais, então a criança deve ser real.

O zen diz que ambos são reais, mas ambos não são dois; unifique-os. Assim o chá torna-se oração, assim a coisa mais trivial torna-se a mais sagrada. É um símbolo. E o zen diz que se sua vida ordinária ficar extraordinária, só então você será espiritual; caso contrário, você não é espiritual. O extraordinário tem que ser encontrado dentro do ordinário; no familiar, o estranho; no conhecido, o desconhecido; no próximo, o distante; e, em "este", "aquele". Assim Joshu diz: "Venha e aceite uma xícara de chá".

Mais uma dimensão está na história e essa dimensão é de acolhimento. Todos são bem-vindos. Quem você é não importa, você é bem-vindo. No portal de um mestre iluminado, no portal de um Joshu ou um Buda, todos são bem-vindos. De certo modo a porta está aberta: Entre e aceite uma xícara de chá. O que isto significa: Entre e aceite um xícara de chá? Joshu está dizendo: Entre e relaxe.

Se você for até os outros assim chamados mestres, ou os assim chamados monges e sannyasins, você ficará mais tenso, mais amedrontado. Ele cria culpas, ele olhará para você com olhos condenatórios, e a própria forma como ele olhará para você já dirá que você é um pecador. E ele começará condenando: Isto está errado, aquilo está erado; deixe isto, deixe aquilo.

Esse não é o comportamento de uma pessoa realmente iluminada; alguém iluminado fará com que você se sinta relaxado. Há um dito chinês que afirma que se você encontrar um verdadeiro grande homem, você se sentirá relaxado na presença dele; se encontrar um falso grande homem, ele criará tensão dentro de você. Ele fará, consciente ou inconscientemente, todos os esforços para mostrar que você é inferior, pecador, culpado; e que ele é alto, superior, transcendental. Um buda o ajudará a relaxar, porque só com o seu relaxamento profundo você também se tornará um buda. Não há outra maneira.

"Aceite uma xícara de chá", diz Joshu. "Venha e relaxe comigo". O chá é simbólico, relaxe. Se estiver bebendo chá com um buda, você sentirá imediatamente que a sua presença não é a de um estranho, que você não é um forasteiro. Buda servindo chá na sua xícara... o Buda desceu, o Buda veio para "este", ele trouxe "aquele" para "este". Os cristãos, os judeus não podem conceber isso; maometanos não podem conceber isso. Se você bater no portal do céu, você pode conceber Deus vindo e dizendo: "Venha, aceite uma xícara de chá"? Parece demasiado profano. Deus está sentado no próprio trono, olhando para você com os seus mil olhos, olhando para cada canto e cada recanto de seu ser, para quantos pecados você cometeu. Você estará sendo julgado.

Esse Joshu é um não-juiz. Ele não o julga, ele simplesmente o aceita. Tudo aquilo que você diz, ele aceita e convida: "Venha e relaxe comigo". O relaxamento é o ponto. E se você pode relaxar com um ser iluminado, então a iluminação dele começará a penetrá-lo, porque quando você está relaxado, você se torna permeável. Quando você está tenso, você se torna fechado; quando você relaxa, ele vai entrar. Quando você estiver relaxado, confortável, bebendo chá, Joshu estará fazendo algo. Ele não pode entrar pela sua mente, mas ele pode entrar pelo seu coração. Ao pedir-lhe que aceite um xícara de chá, ele o está fazendo ficar relaxado, amigável, aproximando-o, tornando-o mais íntimo. E lembre-se, sempre que você está comendo ou bebendo com alguém, você fica muito íntimo. Comida e sexo são as únicas duas intimidades. No sexo você é íntimo, na comida você é íntimo. E a comida é mais básica e íntima do que o sexo, porque, quando uma criança nasce, a primeira coisa que ela recebe da mãe é comida. O sexo virá mais tarde, quando ela ficar madura sexualmente, catorze, quinze anos depois. A primeira coisa que você recebeu neste mundo foi comida, e aquela comida era uma bebida. Assim, aprimeira intimidade neste mundo é entre a mãe e a criança.

Joshu está dizendo: "Venha, aceite uma xícara de chá". Deixe que eu me torne a sua mãe. Deixe que eu lhe dê uma bebida. E um mestre é uma mãe. Eu insisto que um mestre é uma mãe; um mestre não é um pai. Os cristãos estão errados quando chamam os seus sacerdotes de padre (= pai), porque "padre" é uma coisa muito antinatural, um fenômeno da sociedade. O pai não existe em nenhum lugar da natureza a não ser na sociedade humana; é uma coisa criada, uma coisa cultivada. A mãe é natural, ela existe sem qualquer cultura, educação, sociedade; está lá na natureza. Até mesmo árvores tem mães. Pode ser que você não tenha ouvido que não só a sua mãe lhe deu a vida, mas até uma árvore tem mãe. Têm sido realizadas experiências na Inglaterra. Há um laboratório especial onde vem sendo realizadas experiências com plantas, e descobriu-se um fenômeno muito misterioso. Se uma semente é lançada na terra, e a mãe de onde a semente foi recolhida está próxima, a semente brota mais cedo. Se a mãe não está próxima, a semente leva um tempo mais longo. Se a mãe foi destruída, cortada, então leva um tempo muito maior para a semente brotar. A presença da mãe, até mesmo para uma semente, é útil.

Um mestre é uma mãe, ele não é um pai. Com o pai você está relacionado só intelectualmente, com a mãe a sua relação é total. Você fez parte da sua mãe, você pertence totalmente a ela. O caso é o mesmo com um mestre, mas na ordem inversa. Você saiu da mãe, você entrará no mestre. É um retorno à fonte.

Assim os mestres zen sempre o convidam para uma bebida. Eles estão dizendo, de modo simbólico: Venha e torne-se uma criança para mim, deixe que eu me torne a sua mãe; deixe que eu me torne o seu segundo útero. Deixe-me acolhê-lo, eu lhe darei um renascimento.

Comida é intimidade, e é tão profundamente enraizada em você que a sua comida inteira é afetada por isso. Homens no mundo inteiro, em sociedades diferentes, culturas diferentes, continuam pensando nos seios das mulheres. Nas pinturas, o seio permanece o ponto central. Por que tanta atração pelo seio? Essa foi a sua primeira intimidade com o mundo; você veio a conhecer a existência por intermédio dele. O seio foi o primeiro contato com o mundo. Pela primeira vez você aproximou-se da existência, pela primeira vez você conheceu o outro, através do seio. É por isso que há tanta atração pelo seio. Você não se sentirá atraído por uma mulher que tenha pouco seio, seios achatados. É difícil porque você não pode sentir nela a mãe. Assim, mesmo uma mulher feia fica atraente se tiver seios bonitos, como se os seios fossem o ponto, a coisa central do ser. E o que é o seio? O seio é comida. Sexo vem depois, comida vem primeiro.

O convite de Joshu para todos os três virem e tomarem um xícara de chá é um convite para a intimidade. Amigos comem juntos, assim, se você vê um estranho aproximar-se quando está comendo, você se sentirá incomodado. Estranhos sentem-se incomodados ao comer juntos. É por isso que num hotel, num restaurante, as coisas lhe fazem mal. Porque você está comendo com estranhos e a comida fica venenosa; você se sente demasiado cansado e tenso. Não é uma família, você não está relaxado.

Comida é intimidade, é amor. E os mestres zen sempre convidam para o chá. Eles o levarão ao salão de chá e lhe darão chá; eles estão lhe dando comida, bebida. Eles estão lhe dizendo: "Torne-se íntimo. Não fique tão longe, venha mais perto. Sinta-se à vontade".

Essas são as dimensões da história. Mas elas são dimensões da sensibilidade. Você não pode entender, mas pode sentir, e sentir é uma compreensão mais elevada; o amor é um conhecimento mais elevado. E o coração é o mais alto centro de conhecimento, não a mente; a mente é secundária, executável, utilitária. Você pode conhecer a parte superficial com a mente, nunca poderá conhecer o centro com ela.

Mas você se esqueceu do coração completamente, como se ele tivesse se tornado um nada; você não sabe nada sobre isso. Se eu falo sobre o coração, o centro do coração, você pensa nos pulmões, não no coração. Os pulmões não são o coração; os pulmões são só o corpo do centro do coração. O coração está escondido nos pulmões, em algum lugar profundo. Da mesma maneira que a alma está escondida no corpo, o coração está escondido nos pulmões. Não é algo físico; assim, se você for a um médico ele dirá que não há nenhum coração, nenhum centro do coração, só pulmões. E ele tem razão, até onde ele sabe, porque se você dissecar o corpo, nenhum centro do coração será encontrado, só os pulmões. Da mesma maneira que a sua alma está escondida no corpo, assim o centro do coração está escondido nos pulmões.

O coração tem sua próprias formas de conhecimento. Joshu só pode ser compreendido pelo coração. Se você tenta compreender pelo intelecto, é possível que entenda mal; mas compreender realmente não é possível. Isso é mais do que certo.

Basta por hoje.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Devido aos spams que chegam constantemente, os comentários estão sujeitos à moderação.
Grato pela compreensão!