sábado, novembro 11, 2006

SIMPLICIDADE 02 - Diálogo Zen

Agora, um diálogo entre um mestre iluminado e um discípulo buscador da Verdade. Ele é bem extenso. Leia-o inteiro: Não abandone a leitura até terminar. Somente assim, você poderá entendê-lo da maneira correta: Não com sua mente ou sua lógica, mas com sua percepção. Atente-se para perceber a simplicidade da existência, que está inserida nesse bate-papo.
Medite sobre esse diálogo:



-Mestre: Responda... por que você existe?
-Discípulo: Bem... Eu estou aqui, agora, não é? Ou, pelo menos, penso que estou. O fato é que eu não posso ignorar isso.

-Mestre: E por que você está aqui agora?
-Discípulo: Porque eu posso me perceber aqui, oras!

-Mestre: A questão é "por que?"... Você existe porque pode se perceber, ou pode se perceber porque existe? (...) Não entre em ciclos viciosos e dê uma resposta coerente. A questão persiste: Por que você existe?
-Discípulo: Porque EU SOU!

-Mestre: Você continua dando voltas, em ciclos. E não responde a pergunta. Você existe porque é, ou é porque existe?
-Discípulo: Então, se for assim,não há resposta para isso, mestre. Não há um porquê... há um fato não-motivado.

-Mestre: Não é só porque você não sabe a resposta que ela não exista! E te garanto que você não é o único que procura a resposta. Pense além... você consegue. Pense além... é uma pergunta simples. Perguntas simples possuem respostas simples. Se você pensar logicamente, você só irá entrar em ciclos e ficará dando voltas sem sair do lugar: "o corpo esquenta porque as moléculas se agitam.... as moléculas se agitam porque o corpo esquenta...." Bah!
-Discípulo: Mas essa pergunta pode ser pensada? Acho que a resposta só pode vir se você sentí-la.

-Mestre: O método é seu... contanto que você encontre a resposta. Se vai pensar ou sentir, isso é critério seu.
-Discípulo: Obrigado por este koan!

-Mestre: O que é koan?
-Discípulo: Koan, no zen, são perguntas passadas àqueles que buscam despertar... perguntas que só podem ser respondidas se você pensar além. Há uma famosa pergunta do ganso: "há um ganso preso dentro de uma garrafa. Como vc poderá tirá-lo de lá sem matá-lo e sem quebrar a garrafa?"

-Mestre: Hmmmm... e qual é a resposta para esta pergunta? fiquei curioso...
-Discípulo: a resposta clássica para aquele koan, a primeira que foi dada pelo discípulo que conseguiu respondê-la, foi: "mestre, o ganso está fora!!!!"

-Mestre: Mas será que ele respondeu?
-Discípulo: Dizem que essa resposta foi proveniente de ele ter pensado além...

-Mestre: E o que o mestre disse?
-Discípulo: Não sei, a história só vai até aí.

-Mestre: E você responderia o quê?
-Discípulo: Não sei... prefiro tentar responder o seu koan. Me sinto mais a vontade com ele: "você existe porque pode se perceber, ou pode se perceber porque existe?"

-Mestre: Esse não foi meu koan... esse foi o SEU! Isso não é um koan... é uma tautologia, uma artimanha sem resposta criada pela sua mente lógica. Veja bem o que você me respodeu quando eu lhe perguntei.... eu havia lhe perguntado outra coisa!
-Discípulo: A pergunta do ganso, se analisada do ponto de vista da mente, também é uma tautologia.

-Mestre: Não. A do ganso é bem objetiva... assim como aquela que eu te fiz e você não respondeu. Repito: "Por que você está aqui agora"?... a questão é:"por que?"
-Discípulo: Eu não respondi, porque ainda não fui capaz de pensar além. (Se é que esses tipos de pensamentos podem ser percebidos...)

-Mestre: E será que você seria capaz de perceber se eu te desse a resposta?
-Discípulo: Você não pode me dar a resposta!

-Mestre: Sim, eu posso. Mas se você vai aceitá-la ou não, já é outra história.
-Discípulo: Mestre, para você que já está aí do outro lado da margem, pode parecer muito fácil. Você já chegou; você já compreende e é evidente demais para você. Mas pra mim, isso é uma grande dificuldade. Então, por que eu existo? Vou lhe dar uma resposta, e a resposta é: "Eu aceito que eu existo!".

-Mestre: Eu não perguntei se você aceitava, ou não. Eu perguntei POR QUE? preste atenção... a pergunta já contém a resposta.
-Discípulo: ... ... ...

-Mestre: Insisto...a dificuldade está na sua cabeça. A pergunta é simples, e a resposta também. Vou dar uma dica: olhe para você mesmo, procure os seus erros, procure o que tem de ser mudado... você vai descobrir a resposta. Eu tenho fé nisso.
-Discípulo: MU!

-Mestre: Aí!! Eu sabia que você conseguiria!
-Discípulo: Não sei o que eu consegui... eu ainda não percebi nada.

-Mestre: Eu também não percebi nada... deve ser porque você não respondeu certo. Definitivamente, "MU" não é a resposta.
-Discípulo: Eu apenas desisti da resposta. O vácuo, por acaso, pode ser percebido? O NADA... quando você tenta estender a mão até ele, ele é como uma miragem: vai se afastando conforme você vai se aproximando. Como eu poderia percebê-lo, então?

-Mestre: O vácuo? E por que não poderia? Se não pudesse, como você se perceberia sendo o NADA? Você não me disse que tens certeza da existência porque você a percebe?
-Discípulo: Continuemos!! Quero muito encontrar essa resposta!!... Por que eu existo? Você disse que a resposta está na própria pergunta.

-Mestre: Fácil, não? Apenas 4 palavras contém a pergunta.
-Discípulo: Minha mente está interferindo muito na resposta! Ela está pensando em mil coisas... e eu continuo aqui, observando ela.

-Mestre: Esqueça todas essas coisas que você já sabe... vamos lá: se você tivesse acabado de nascer, e lhe fizessem essa pergunta, o que você responderia? Pense com a inocência de uma criança!
-Discípulo: Minha mente gostou disso que você acabou de dizer. (...) Hmmmm... vamos tomar sorvete?

-Mestre: Vamos! Amanhã. Agora está chovendo. Uma curiosidade: você não acredita em reencarnação, acredita?
-Discípulo: Acredito, sim!

-Mestre: acredita? E pra você, o que justifica a reencarnação?
-Discípulo: A persistência dos desejos, quando se morre... às vezes alguém morre com vários desejos... Então, o corpo fica pra trás. Mas você, que é uma energia cármica, continua a existir e carrega os desejos que não conseguiu realizar com você. Vai renascer, portanto, até que você consiga dominar a natureza dos desejos.

-Mestre: É isso o que pensas? Ou você leu isso em algum livro sobre budismo? Me parece muito com o conceito de carma... mas vamos lá: eu não perguntei o que é carma.
-Discípulo: Sem contar que essa Terra aqui tem muitas lições para nos ensinar. Emoções, sensações....

-Mestre: Opa!!! pára!!
-Discípulo: hmmmm?

-Mestre: Isso que você falou por último tem algo a ver.... você está quase lá.
-Discípulo: Sim... sensações e emoções.

-Mestre: Isso não! Aquilo que você falou antes.
-Discípulo: Você vai renascer até dominar a natureza dos desejos.

-Mestre: Nada disso!... Era pra você perceber as coisas simples da vida. Olha isso que você disse: "Sem contar que essa Terra aqui tem muitas lições para nos ensinar"... Você falou essa frase e não deu impotância à ela.
-Discípulo: Isso é o que o meu pai diz. Mas essa frase ficou muito vaga.

-Mestre: Pense como criança. O que uma criança recém-nascida sabe fazer?
-Discípulo: Ela só sabe existtir!! Aliás, nem isso ela sabe. Ela existe não porque ela quer... mas porque existe.

-Mestre: Ahh!! Desisto. Você insiste em julgar: "ela só sabe existir".... até as suas próprias palavras você julga.
-Discípulo: (!) ... ok. Pergunte de novo!! Por favor!

-Mestre: Eu sei que o mundo é uma merda... mas por que o mundo existe, então? Por que eu existo pra você? Porque você existe pra mim? Por que o mundo existe pra você? E por aí vai... (...) Eu só perguntei da reencarnação pra obter isso de você: "Sem contar... que essa Terra aqui tem muitas lições para nos ensinar.". Eu não queria saber sobre a sua teoria de carma, que deve ter lido em algum livro budista.
-Discípulo: Mas essa frase também foi um julgamento, não foi?

-Mestre: Não, não foi. Isso foi uma conjectura... é diferente.
-Discípulo: O que é uma conjectura?

-Mestre: É uma afirmação categórica. Ela tende a ser neutra e não migra para pólos de julgamento. Quando eu digo que está chovendo, isso é uma conjectura minha. Eu só digo, porque percebo a chuva caindo lá fora. Eu não julguei se a chuva é boa ou ruim, se ela é necessária ou fútil... enfim.
-Discípulo: Certo... Então, quem sou eu? Qual seria a sua resposta?

-Mestre: Você é sempre você. Mas a profundidade do seu EU, você só vai descobrir quando entender porque esse EU existe.
-Discípulo: Hmmmmm.... e quem é você?

-Mestre: eu sou EU.
-Discípulo: A resposta está bem na frente da minha cara, né!

-Mestre: Se você é você, e eu sou eu...então somos EU's iguais... suponho. É isso que você pensa?
-Discípulo: sim, sim!

-Mestre: (!) Nhaaa... Esqueça... você não vai saber tão cedo.
-Discípulo: Hahaha... me desculpe, mas eu não aceito isso. Isso que acaba de dizer me soou como uma bambuzada na minha cabeça. Fique com ela pra você. E eu saberei, sim!!!

-Mestre: Então faça por onde. E se soou como bambuzada, foi porque você quis.
-Discípulo: Juro que estou fazendo tudo que posso.

-Mestre: Você insiste em encontrar a resposta naquilo que você acumulou de conhecimento.
-Discípulo: Certo.

-Mestre: Como criancinhas.... lembre. Buda não criou doutrina; as pessoas que o estudaram criaram uma doutrina. O verdadeiro Budismo nasceu com Buda e morreu com Buda. Não se prenda a doutrinas. Pense...como criancinhas.
-Discípulo: (...) O bom dessas suas provocações é que elas me fazem ficar cada vez mais atento para alguma coisa que eu não consigo pensar.

-Mestre: Juro que eu não queria te provocar. Só queria que você entendesse uma coisa muito importante para que você pudesse seguir seu caminho, mas acho que falhei.
-Discípulo: Mas olha só... suas provocações me fazem ficar alerta para alguma coisa que eu não consigo pensar. Então, nenhuma resposta vem pra mim... somente um silêncio seria a resposta. Assim, eu teria de agir sem pensar.

-Mestre: Então aja! responda! tente! Tente!! ao menos uma vez!!!
-Discípulo: Sim! eu preciso tentar isso. Pergunte-me de novo!

-Mestre: Vamos começar do começo (como já dizia o sábio matemático)!
-Discípulo: Manda bala!

-Mestre: Você acredita em reencarnação?
-Discípulo: ahhhhhh!! baaaaa ahhhhhhhh!!! ugghhhhhh!!!

-Mestre: O que???? Como?? acredita, ou não?
-Discípulo: Estou inquieto.

-Mestre: O que que você está pensando? Você não tem certeza se acredita ou não? Você tem dúvida de sua própria fé? Eu não acredito nisso....... Oh God!
-Discípulo: Não quero pensar!! Eu quero agir!... (mas isso foi um pensamento)... Ah! então foda-se tudo!

-Mestre: Vamos lá, novamente... vou facilitar!
Você acredita em reencarnação? ( ) sim ( ) não. Marque apenas uma,ok?
-Discípulo: (...) ... Sim!

-Mestre: Aeeeeeeeewwwww!!! Viu... foi fácil. E veja que não estou te julgando, e nem me posicionando quanto a tua fé. Se você acredita, então ela existe pra você, e pronto! ok? próxima pergunta... Pra você, o que justifica a reencarnação?
-Discípulo: as lições.

-Mestre: Use as frases de seu pai. Eu preferi... hehehehe.
-Discípulo: Ok! Nascemos nesse planeta porque temos muitas coisas para aprender aqui. E uma vida só não é o suficiente para aprender tudo o que ele tem a oferecer...

-Mestre: A palavra "nascer", pra você, é consectária da palavra "existir"? ( ) sim ( ) Não
-Discípulo: não.

-Mestre: Por que?
-Discípulo: Hmmm... consectária quer dizer que é a mesma coisa?

-Mestre: Não. Consectária, eu quis usar no sentido de consequência. Ahh...eu só quis perguntar: "você nasce porque existe?" (Só que eu tenho certeza que você vai se perder nessa pergunta..)
-Discípulo: Ah tá... então a resposta é "sim". Pra você nascer, você tem que existir antes. (...) Eu me perdi?

-Mestre: Não, não... felizmente.
-Discípulo: Oba! Então, próxima pergunta!

-Mestre: Você respondeu que o que justifica a reencarnação são as coisas que tem de fazer quando nasce... ("nascemos nesse planeta porque temos muitas coisas para aprender aqui")... Então, por que você nasce nesse planeta?
-Discípulo: Você já existe! (mas é vazio)... então você nasce para poder aprender a se preencher com as coisas do mundo. Isso cria um contraste que precisa ser percebido.

-Mestre: Preste atenção! A sua resposta estava em cima da pergunta. Pare de pensar e me responda.
-Discípulo: Você queria que eu repetisse a mesma coisa que eu disse antes?

-Mestre: Sim. Por acaso a sua resposta mudou?
-Discípulo: Então tá...nascemos aqui porque temos muitas lições a aprender. (A minha resposta não mudou em nada. Eu apenas disse ela de uma forma diferente.)

-Mestre: Mas eu perguntei VOCÊ... VOCÊ!! Responda na primeira pessoa.... você não colabora comigo. Vamos lá: Por que você nasce?
-Discípulo: Minha resposta não mudou, porque eu não mudei. Hahahaha.... nasço, logo existo!

-Mestre: Meu Deus!!! ok. Vou te dar a resposta. (Até você consegue me confundir)....
Por que você nasce? (perguntei)..... Porque tenho muitas coisas a aprender(você respondeu). Concorda que você me respondeu isso?
-Discípulo: Sim, foi isso o que eu respondi.

-Mestre: Affff! Eu mudo a forma da pergunta e você me responde outra coisa... que complexo! Até parece que eu perguntei outra coisa, hahahaha!! Pois bem, a próxima: Antes de você nascer, você não precisava aprender nada?
-Discípulo: Eu sabia algumas coisas.

-Mestre: Então por que você nasceu?
-Discípulo: Pra mim aprender mais.

-Mestre: Então, antes de nascer, você não sabia tudo?
-Discípulo: Eu não. Se eu soubesse, eu não precisaria estar aqui.

-Mestre: E antes de você nascer, o que você era?
-Discípulo: Uma outra pessoa, em algum outro lugar.

-Mestre: Uma pessoa não é um ser humano "nascido" com vida?
-Discípulo: Eu não quero discutir Direito Privado!

-Mestre: Hey... apenas responda. CONFIE EM MIM! ( ) sim ( ) não.
-Discípulo: Sim... pessoa é ser humano com vida.

-Mestre: Você era pessoa antes de nascer?
-Discípulo: Não.

-Mestre: Yeah! Então, o que você era antes de nascer?
-Discípulo: Eu era um nascituro(feto)!! hahahaha... com expectativas de direito.

-Mestre: E antes de ser um nascituro, o que era você? (esperma não vale!)
-Discípulo: ok. Antes de ser nascituro....eu não me lembro.

-Mestre: Ok. Você disse que acredita em reencarnação. Entre o fim de sua vida passada e o nascimento de sua vida atual, o que era você?
-Discípulo:Apenas uma presença escura e silenciosa prevalece, quando eu volto minha atenção para essa sua pergunta.

-Mestre: Sim. O que você chama essa presença? É você?
-Discípulo: creio ser isso, a presença.

-Mestre: A presença é VOCÊ, ou seja, sua existência incondicional, seu EU imortal?( )sim ( ) não.
-Discípulo:Eu devo ser essa presença da qual eu não me lembro. (...) Sim!

-Mestre: Então... antes de nascer, você era você... essa EXISTÊNCIA... e que nasceu porque não sabia de tudo (pois, caso contrário, não teria nascido; pois vc me disse que nasce porque tem muito o que aprender)...ok? Então, você era você antes de nascer... mas não deixou de ser você após ter nascido, de forma que você não morre quando seu corpo morre.
-Discípulo: Sim. Eu sempre soube disso.

-Mestre: Agora, a pergunta final: Então... Por que você existe?
-Discípulo: (...)

-Mestre: Ajudinha!! ( ) pra nascer ( ) pra não nascer ... Marque apenas uma, ok?
-Discípulo: ok. (...)

-Mestre: Você tá pensando né...
-Discípulo: Estou reavaliando a sua pergunta.

-Mestre: Eu sei... você pensa. (...) Seja ao menos coerente com tudo o que você já respondeu até agora. Não é possível que você vai negar tudo o que você disse!...
-Discípulo: Pra nascer!

-Mestre: Ufaaaaaa! E você nasce por que?
-Discípulo: Porque eu já existia!

-Mestre: Não se canse... repita sem medo a resposta anterior... não tenha medo, confie em mim! Você nasce por que? Você reencarna por que?
-Discípulo: Pra aprender muitas coisas.

-Mestre: Se você existe pra aprender muitas coisas... logo... você EXISTE para aprender muitas coisas. Ufaaaaaa........ Por que você existe?
-Discípulo: Pra aprender muitas coisas.

-Mestre: Aeeeeewwww!! E isso é o que? Um propósito, um motivo ou um desmotivo?
-Discípulo: Um propósito.

-Mestre: Isso garoto! então, você existe porque você tem um propósito. (ainda que estejamos falando apenas do propósito de aprender.)
-Discípulo: Sim, eu existo.

-Mestre: E por que você existe? (lembra do raciocínio que você veio construindo até aqui, por meio das respostas!)
-Discípulo: Eu existo porque eu tenho um propósito.

-Mestre: Aeeeewwww!! E por que as coisas existem? há algo que exista em vão?
-Discípulo: Não.

-Mestre: Se fosse em vão, então, por que você existiria?
-Discípulo: Eu não existiria.

-Mestre: Você tem propósitos!! Você não é um propósito.... senão você não precisaria nascer, óbvio.
-Discípulo: (!) .... Isso!

-Mestre: Você não precisa de algo que já é. Logo, você não é um propósito. Ao contrário: você existe porque TEM propósitos.... e não porque é um.
-Discípulo: Hmmmm, mestre, acho que estou começando a entender. Continue com as perguntas, por favor!

-Mestre: Você já respondeu a pergunta que, supostamente, não tinha resposta no ínício de nossa conversa hoje a noite. Você progrediu. Foi árduo, mas progrediu.
-Discípulo: Não, não foi. Eu não tive que fazer esforço algum para compreender isso. Ao contrário, eu deveria ter me desfeito de meu esforço o quanto antes. Mas foi só agora que eu consegui fazer isso.

-Mestre: Quando eu perguntei por que você existia, você me respondeu que existia porque podia se perceber. Veja como a sua resposta parece tola, diante disso que você acaba de concluir.
-Discípulo: "Eu existo porque posso me perceber" x "Eu existo por que tenho um propósito".... hmmmmmmm.

-Mestre: Isso. A primeira leva a uma tautologia...
-Discípulo: A segunda me deixa mais envolvido comigo mesmo!

-Mestre: Compare as duas. "Eu existo porque me percebo, ou me percebo porque existo?".... Percebe a tautologia que você superou?
-Discípulo: Agora eu percebo.

-Mestre: Você existe porque você tem um propósito... assim como tudo o que existe possui um propósito. Nada existe em vão. Deus é sábio em tudo o que faz!
-Discípulo: E mesmo que a mente julgue que os propósitos não sejam grande coisa, ainda sim são propósitos.

-Mestre: Sim. Então não julguemos. A mente tem o seu valor e isso basta.
-Discípulo: ok!

-Mestre: Quando as coisas perdem o propósito, o que acontece? Quando um lápis já não pode ser usado?
-Discípulo: Eu não posso escrever.

-Mestre: Quando uma flor já não dá mais frutos? O que acontece?
-Discípulo: Eu não posso comê-los, nem apreciá-la.

-Mestre: Sim... isso porque eles acabam. Quando as coisas cumprem seu propósito, elas acabam. Tudo acaba!... Tudo existe porque tem um propósito, e quando o cumpre, acaba. Nada é eterno.
-Discípulo: E o discípulo aqui? E depois que o discípulo cumprir o seu propósito... ficarei bem?

-Mestre: Eis a verdade que você buscava. Quando você deixar de ter propósitos, você irá parar de nascer, ou renascer... enfim, você irá apenas existir. Entrará no estado de existência não-motivada.
-Discípulo: Esse estado de existência não-motivada... isso é o nirvana?

-Mestre: Eu prefiro chamar de céu, paraíso... o estado original. Fomos todos criados nús. Mas o homem quis ter propósito. O homem quis comer do fruto proibido do conhecimento... e por isso saiu do paraíso.
-Discípulo: E porque o nirvana, um estado de existência não-motivada, seria mais importante do que essa existência motivada?

-Mestre: Quando você entra no nirvana, você pára de sofrer. Tudo o que existe sofre: sofremos ao nascer, sofremos ao viver, sofremos ao morrer... Ser iluminado não significa ter alcançado o nirvana, o céu, ou seja lá como você o chame.Ser iluminado é compreender isso. Se você compreendeu isso hoje, então eu posso dizer que você é iluminado. Que importância tem isso? Bom... eu não sei. Mas quando você atribui importâncias, você julga...e cria propósitos e sofrimentos e... e.... apenas aceite.
-Discípulo: Estou entendendo. E vou tentar carregar isso dentro de mim, daqui pra frente. Aliás, eu vou carregar isso comigo.

-Mestre: Então não lamente mais nada... celebre as coisas. Agora, parece que você já entendeu. Seu interior está curado. Agora falta colocar isso pra fora... que tal? Ajudar o próximo, sem perder a humildade... o que acha?
-Discípulo: Claro!

-Mestre: Que tal cumprir o seu propósito? O motivo de sua existência?
-Discípulo: Quando eu começar a fazer isso... o propósito tomará forma... e começará a se cumprir... até que eu... enfim. Acho que entendi.

-Mestre: Que bom amigo! Você se iluminou!
-Discípulo: Hahahaahaha... não, não pode ser só isso! (...) Sério? A iluminação é isso? Só isso? Mas eu esperava tanto...

-Mestre: Você está não no fim, mas no começo de uma jornada que só começa, realmente, agora! Finalmente, você conseguiu achar o que tanto buscava.E isso só te deu mais responsabilidades. Antes não tivesse achado, não é?
-Discípulo: É verdade. Eu sinto isso.

-Mestre: Não se frustre, aceite... é assim. Você não é a Luz; você não é Deus, apenas parte dEle... apenas parte do Todo.
-Discípulo: Bom... eu aceito o que está aqui pra mim agora. Mas esse "eu esperava tanto" foi um propósito... que já se cumpriu. Agora o propósito que está se manifestando é uma frustração.

-Mestre: Aceite-a!
-Discípulo: É que eu me sinto diferente... mas não é nada de mais.

-Mestre: Sim... é algo bom. Apenas não é o que você esperava.
-Discípulo: E o nirvana... o nirvana é aquilo que está fora dos propósitos.

-Mestre: Vida é sofrimento... sofrimento está fora do nirvana. Você não está querendo alcançar o nirvana em vida, está? Ficou louco? enfim... acho que agora você já sabe tudo isso.
-Discípulo: Sim... Então soframos todos nossos propósitos, certo!? E deixemos o nirvana quietinho lá onde ele está.

-Mestre: Sim.
-Discípulo: Ok. Vou desfrutar de minha frustração, quanto à iluminação, então. Vou saboreá-la... até que ela cumpra o seu propósito e vá embora.


-Mestre: Sim... ria bastante e desfrute de sua ingenuidade. É assim que é. Parece que essa noite foi a noite da frustração... hahaha! Agora sim, dê bambuzadas em sua cabeça... não pelo que você pensa agora, mas pelo que você já pensou.
-Discípulo: Muito obrigado!

-Mestre: Sim. A noite é avançada e já está quase amanhecendo... Vamos dormir.

SIMPLICIDADE 01


A linguagem da Vida é a simplicidade. Essa palavra é muito, mas MUITO importante para a obter a compreensão acerca da Existência, acerca de quem você é. A Vida é muito simples; ela existe por si mesma. Mas a mente dos homens está sempre querendo complicá-la: quanto mais complicada ela for, então mais interessante ela também será. É assim que a mente humana pensa. E quanto mais você souber à respeito dessas complicações, mais você se sentirá importante... se sentirá alguém que sabe das coisas, dos mistérios "difíceis de serem entendidos". E mais estará iludido. Dessa forma, o homem está sempre distorcendo Aquilo que a Vida É, para ver aquilo que a Vida não é: Ilusão.

A Existência é tão simples, que você ficaria com medo de olhar para ela. Você não conseguiria acreditar que basta apenas olhar para ela, da maneira como ela é agora. Você prefere buscar as respostas em algum outro lugar: Elas não podem estar aqui de graça... as coisas não podem ser assim tão fáceis!! Isso não pode ser possível. (...) E isso é o que acontece com todos. Então, você tenta olhar para a Vida de todas as formas possíveis, pensando daqui e dali, e procurando as respostas e o sentido da Vida. Você nunca vai achar.

A Vida é simplicidade. Ela é despida; está nua e está dançando a sua volta. E, ao olhar para ela, você a veste com seus pensamentos, suas idéias, suas intenções e pretensões. Se você puder tirar a roupagem dos seus olhos, você conseguirá vê-La. Não é preciso nada, apenas olhar despreocupadamente para ela. E todo problema é que, ao tentar olhar para a Existência dessa forma, a sua mente começa dizer a você: "Ei! porque você está parando de procurar? Não há nada ali. Continue tentando encontrar! Não relaxe! Você não vai encontrar nada parando de procurar". E a armadilha é essa. Você precisa estar confiante, do contrário você não conseguirá relaxar e olhar para a Vida com olhos puros. Você se sentirá inseguro quanto a continuar o aprofundamento de não procurar nada. Por isso, você precisa desenvolver uma confiança que lhe permita ir avançando cada vez mais. Eu lhes asseguro: olhem com simplicidade para a Vida. Confiem e não tenham medo de ver as coisas com a qualidade simples.

Se você meditar à respeito disso, chegará a conclusão de que o homem tem medo de olhar para a Vida da maneira como Ela é agora: essa simples Presença que Ela é. Ele tem de buscar o sentido das coisas. Admitir que o sentido de tudo já está presente é demais para ele. Porque... se o sentido já estiver presente, então o que será daquele homem, dali em diante? O que ele fará? Ele não poderá mais continuar buscando. Terá de fazer outra coisa, que ele ainda não sabe o que será. Assim, a atividade de estar procurando o sentido das coisas é o que entretém o homem e o faz sentir-se seguro. Mas ela jamais pode cessar, porque, se assim o for, então toda segurança que o homem construiu em sua mente irá desabar.

Por isso o porquê da Existência é tão difícil de ser compreendido. Ele é tão simples, tão fácil, que a mente perde TODA compreensão ao tentar tornar as coisas complexas. A vida é totalmente simples: torne-a complexa, pelo mínimo que seja, e você não conseguirá mais vê-la: você terá vestido ela com uma roupagem.

Olhe para Ela! Você perceberá que não encontrará nada ali! E, de fato, não encontrará mesmo. Por isso o medo virá. Mas, quanto mais você puder se aprofundar na simplicidade das coisas, mais as coisas começarão a acontecer por si mesmas... e você já não necessitará mais procurar por nada. Tudo estará achado para você; o sentido da vida ficará evidente, claro, límpido. Estará tudo ali, despido. Não busque o sentido!!!!

Quando você olhar e começar a perceber que as coisas estão simples demais e que não encontrará nada, esse é o momento: confie nisso! Nada de ruim irá lhe acontecer. Sua mente lhe tentará a não entrar ali. É somente com confiança que você poderá avançar. Repito: confie!! E vá em frente.


Leia este texto:

“Aniruddha fez uma pergunta dizendo que quando ele veio até aqui, imaginava–me uma pessoa erudita, especial, extraordinária. Agora ele diz: 'Vivendo aqui com você durante muitos dias, vejo-o como um homem, como um outro homem qualquer. Então por que tanto estardalhaço?'

Eu não tenho nenhuma obrigação de preencher suas exigências. Sou apenas o que sou, totalmente comum. A realidade é comum. Sou apenas o que sou, totalmente comum. A realidade é comum. A rosa é uma rosa, a rocha é uma rocha, o rio é um rio. A realidade é absolutamente comum.

Então qual é a diferença entre você e eu? A diferença é a seguinte: eu celebro minha mediocridade, você não celebra.

Esta é a diferença.

Eu dou as boas - vindas a ela, sinto-me completamente feliz com ela; você não. Eu sou um ser, você é um tornar-se.

Eis a diferença.

Não que eu seja especial e você seja comum - isso é inteiramente absurdo: se eu fosse especial, então todo mundo seria especial;se você fosse comum, então todo mundo seria comum.

Pertencemos à mesma realidade.

Eu sou totalmente comum.
Mas a diferença é que eu celebro isso...

Não tenho rancor, não tenho nenhuma queixa, não estou tentando tornar-me alguém que não sou.Aceitei-me inteiramente – não desejo mudar nem mesmo uma única coisa.

Neste relaxamento, nesta aceitação,
a celebração começou a acontecer em mim.”

(OSHO, O Segredo dos Segredos ,Vol. I)


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*Para entender melhor essa mensagem, leia o diálogo disponível no próximo post! Ele poderá lhe ser de grande ajuda.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Viva com qualidade

Gurjieff, um famoso pensador russo, através de seus conhecimentos obtidos por meio de seus estudos experiências, ao longo de muitos anos, traçou 20 regras que podem melhorar a qualidade de vida interna de uma pessoa. Basta, no mínimo, que dez delas consigam ser assimiladas para que se possa, seguramente, passar a levar uma vida mais serena, tranquila, confiante, sem medo, anseios, nem preocupações. Experimente assimilar alguns deste conhecimentos e comece a comprovar sua eficácia:

1- Faça pausas de 10 minutos a cada 2 horas de trabalho, no máximo. Repita essas pausas na vida diária e pense em você, analisando suas atitudes.

2- Aprenda a dizer NÃO sem se sentir culpado ou achar que magoou. Querer AGRADAR a todos é um desgaste enorme.

3- Planeje seu dia, sim, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso, consciente de que nem tudo depende de você.

4- Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez. Por mais ágeis que sejam seus quadros mentais, você se exaure.

5- Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, em casa, no grupo habitual. Por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem sua atuação, a não ser você mesmo.

6- Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos.

7- Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas.

8- Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os, porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.

9- Tente descobrir o prazer de fatos cotidianos como dormir, comer e tomar banho, sem também achar que é o máximo a se conseguir na vida.

10- Evite se envolver na ansiedade e tensão alheias. Espere um pouco e depois retome o diálogo, a ação.

11- Família não é você, está junto de você, compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.

12- Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso, a trava do movimento e da busca.

13- É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente ao menos num raio de 100 quilômetros. Não adianta estar mais longe.

14- Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância sutil de uma saída discreta.

15- Não queira saber se falaram mal de você e nem se atormente com esse lixo mental; escute o que falaram bem, com reserva analítica, sem qualquer convencimento.

16- Competir no lazer, no trabalho, na vida a dois, é ótimo...para quem quer ficar esgotado e perder o melhor.

17- A rigidez é boa na pedra, não no ser humano. A ele cabe firmeza.

18- Uma hora de intenso prazer, substitui com folga 3 horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade de divertir-se.

19- Não abandone suas três grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a inocência e a fé.

20- Entenda de uma vez por todas, definitivamente e consultivamente: você é o que você faz.