sexta-feira, agosto 29, 2008

A Maldição



"Se de repente as coisas começarem a fazer sentido,
as coisas não coisas
e as coisas coisas...
não um sentido explicável,
não um sentido demonstrável,
mas um sentido inevitável...

Se de repente as coisas começarem a fazer sentido
como se sempre fizessem,
como se o sentido estivesse sempre presente,
feito o presente,

que, por mais que esteja presente,
nunca está,
porque nunca estamos...

Se de repente o presente aparecer do nada,
onde sempre está,
se sussurrar sentido,
se assoprar sentido,
se beijar sentido,
será que você suportaria a maldição
de saber o sentido das coisas,
sem saber o sentido de saber?"


(Marcelo Ferrari)


Comentários:

O poema está falando sobre a percepção iluminada. A percepção de um homem ou mulher espiritualmente iluminados não provém do mesmo lugar do qual emana a percepção do homem que ainda não despertou. É imensamente essencial sabermos diferenciar o que é percepção espiritual e o que é a percepção mental, porque tudo o que é percebido pela percepção espiritual não faz nenhum sentido para a percepção mental da realidade.

É disto que o poema está falando: "Se de repente as coisas começarem a fazer sentido e, ainda assim permanecerem inexplicáveis..." A pessoa que atinge a iluminação espiritual, começa a perceber a vida com outros olhos, e muitas coisas começam a fazer sentido para ela. Os sentidos espirituais são acordados e passam a perceber a realidade de uma maneira totalmente nova. As coisas - não só as velhas coisas, como também coisas nunca vistas antes - começarão a fazer sentido (para a percepção espiritual) e mesmo assim parecerão inexplicáveis (para a mente). Esse novo sentido é espiritual, ele não pode ser explicado pela mente humana, ele não pode sequer ser tocado por ela de modo algum; se a mente pudesse perceber o espírito, então a substância espiritual não seria espírito, seria mente. Estes são dois níveis distintos, são substâncias distintas: espírito e mente.

O que para o sentido espiritual é simples, lógico, ordinário e comum é totalmente complexo, ilógico, extraordinário e incomum para a mente humana. A mente humana não vê o menor sentido e é incapaz de compreender a percepção iluminada. Por isso, "se de repente as coisas começarem a fazer sentido inexplicável e inevitável..." será inevitável porque trata-se de seu próprio ser. Você não sabe como você faz para "ser", você apenas é - contemple isto. Você não pode evitar ser aquilo que já é; a compreensão espiritual não lhe traz nenhuma nova revelação, ela apenas o lembra aquilo de que você já sabe. É algo que você sempre soube.

"Se de repente as coisas começarem a fazer sentido como se sempre fizessem..." O que faz sentido para percepção espiritual, sempre fez. Uma vez que você acorde, você dirá "mas disso eu sempre soube, eu sempre fui quem eu sou". Este é o problema: as pessoas que buscam iluminação espiritual procuram por algo que julgam ainda não conhecer, quando na verdade deveriam voltar sua atenção para aquilo que já sabem. E essa sabedoria ocorre da forma mais natural possível, se houver esforço de sua parte, você estará afastando-se (melhor seria dizer "fechando os teus olhos", pois o teu ser é algo do qual você nunca se afasta) do teu ser. Mais uma vez, contemple: "o que você faz para 'ser'?". Você não faz nada... essa é a sua natureza, sua sabedoria. Você poderia até mesmo responder "não sei". Mas como você SABE que você 'não sabe'? Você apenas sabe. O seu ser é essa sabedoria; você é aquele que simplesmente sabe. Para sua mente humana isso parece não fazer o menor sentido. Mas, para você, sempre fez.

"Como se o sentido estivesse sempre presente..." Toda a verdade trata-se do Ser. O seu ser está sempre presente. Ele não poderia estar em algum outro lugar que não aqui. Se o seu ser estivesse em outro lugar, seja lá qual for, você não estaria aqui. Você estaria em qualquer outro lugar, mas não aqui - mesmo assim aquele outro lugar seria "aqui" para você, é impossível você escapar do seu momento AQUI e AGORA. Mesmo que o seu ser deixasse de existir neste tempo, em 29 de agosto de 2008, e passasse a existir no futuro, no ano de 2050, esse futuro seria para você o seu momento presente. Portanto, essa é a lógica: o Ser é Presença. Mas a mente humana não é capaz de viver no momento presente - apenas o seu ser vive o momento presente. Através de pensamentos, a mente desvia sua atenção do momento presente para o futuro ou para o passado. Isso é o que coloca o homem em seu estado de sono: enquanto seu ser está AQUI no momento presente, sua atenção está passeando em lembranças passadas ou imaginando coisas futuras. Raramente sua atenção está aqui e agora. Por isso, "por mais que o presente esteja presente, ele nunca está... porque nunca estamos" Nosso ser é um fluxo de energia, essa energia é chamada "atenção". O nosso ser é um fluxo de atenção; e quando cedemos nossa atenção aos pensamentos da mente, que lhe atiram ou para o passado ou para o futuro (no momento presente não há pensamentos, só há o ser), ficamos com o nosso ser dividido. Quando a mente rouba nossa atenção, parte de nossa energia fica aqui e outra parte desloca-se para um mundo inexistente, e assim não estamos inteiramente presentes aqui e agora. Contemple o teu ser, não busque nada fora do ser que você já é... todo o segredo está nele.

"Se de repente o presente aparecer do nada" Acordar é isto, iluminar-se nada mais é do que lembrar-se de quem você já é. E isto você sempre soube. Você estava apenas esquecido, porque sua mente roubou-lhe a atenção do momento presente e atirou-a para um tempo inexistente - você adormeceu. Quando acordar, portanto, o momento presente aparecerá "do nada", você saberá que o momento presente é tudo o que existe.

"Se surrurar sentido, se assoprar sentido, se beijar sentido, você suportaria a maldição de saber o sentido das coisas, sem saber o sentido de saber?" As palavras do poema não estão sendo direcionadas para você, ele não está falando com você. Se estivesse, a pergunta seria outra. O seu ser é naturalmente capaz de suportar a percepção espiritual. O poema inteiro está falando com sua mente. Naturalmente a mente humana não conseguirá suportar, mas se você puder colocar toda sua atenção neste exato momento, se conseguir com sua atenção suportar a tremenda energia da existência que existe aqui e agora, aos poucos a sua mente irá perder a força sobre você. Você não mais estará alimentando a mente, ela necessita que você se identifique com ela, precisa de sua atenção para manter-se ativa. A percepção mental não irá desaparecer, você continuará sendo capaz de usar a mente para ver, ouvir, imaginar ou lembrar sempre que lhe for necessário fazer uso da mente. Só que agora a mente terá deixado de ser um "senhor" e passou a ser uma "serva". Como "senhora" a mente é muito inconveniente, mas como serva a mente é um instrumento magnífico. Ela jamais conseguirá saber aquilo que o seu ser já sabe. A mente é menor e, apesar de tentar, ela não consegue compreender e fazer caber dentro de si o espírito e as coisas do espírito.

A mente nada pode fazer com relação ao espírito, ela terá que suportá-lo, e deverá suportar também tudo de espiritual que não fizer sentido para ela. Mesmo sem entendê-los, ela deverá se conformar. Como entender? Será impossível, a coisa estará lá diante dela, e ela não saberá 'como' nem 'por que'. Ela terá de viver com isso; é como se ela tivesse sido amaldiçoada. E, para a mente, isto é uma maldição - daí o nome do poema. Mas alcançar a compreensão espiritual da existência é realmente uma bênção, a maior possível. Com a bênção do ser, ocorre a realização, a paz, e um profundo sentido de aceitação da vida. Para a mente será uma maldição, mas para você será um grande estado de êxtase. Somente o espírito pode compreender as coisas do espírito; não tente compreendê-las com a mente. A mente foi criada para compreender coisas mentais. Se você puder aceitar isso, começará a desistir de tentar compreender. E será, aos poucos, invadido por uma paz... que provém de um lugar que só pode ser compreendido pelo Ser, pelo Espírito.
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*Agradecimentos -
Marcelo Ferrari é escritor, filósofo e poeta.
Para saber mais sobre ele, e sobre seu trabalho, clique aqui.

terça-feira, agosto 26, 2008

Vivifique Deus que há dentro de você!

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SEICHO-NO-IE

Você precisa ser mais atencioso.
precisa ter amor pleno para com todas as coisas.
Precisa tomar cuidado, mesmo com as coisas pequenas.
O seu defeito de personalidade
está em sempre deixar tudo incompleto,
achando que "coisa de pouca monta pode deixar passar".
Pouca coisa não tem importância.
Um pouco de sujeira não faz mal.
Um pouco de ruga não faz mal.
Um pouco de desleixo não faz mal.
Eu não gosto desse pensamento
"um pouco não faz mal".

Porque Deus é amor,
Porque Deus é atenção,
Se você realmente acredita em Deus,
Sempre que for fazer algo,
precisa dar total atenção a esse trabalho.
Sempre que for fazer algo, precisa
dedicar total amor a esse trabalho.

Quando você efetua um trabalho com amor pleno,
Quando você efetua um trabalho com um coração atencioso,
Deus que está dentro de você passa a ser vivificado.

"Pouca coisa não tem importância"
Não estaria você, com estas palavras,
anulando diariamente Deus que está dentro de você?
...
(Masaharu Taniguchi)

quinta-feira, agosto 21, 2008

O Verbo feito carne (fim)

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Joel S. Goldsmith



NÃO SE ORGULHE COM A APARÊNCIA

Assim que tiver consciência do Espírito, você poderá fazer qualquer coisa que precise fazer, porque você não a estará fazendo; será o espírito da Verdade da qual você se tornou ciente. Ele tomará forma. Mas, quando isso ocorre, não se orgulhe dessa aparência. Tenha muito cuidado para não se sentir satisfeito com abundância de suprimento, saúde física ou felicidade diária. Não fique satisfeito com qualquer coisa no reino da carne, dos bens materiais ou da forma. Não quero dizer que você não deva apreciar as coisas. Quero dizer que você não deve ficar satisfeito com elas.

Quando você se sentir satisfeito com suprimento, nunca se alegre com isso, como se fosse a manifestação. O que foi manifestado foi o Espírito, não o suprimento. Alegre-se com o Espírito invisível que está gerando esse suprimento. Quando uma pessoa lhe diz: “estou me sentindo melhor”, observe para que você não se sinta muito feliz com isso porque, se você estiver observando as aparências, lembre-se de que elas podem mudar amanhã. Olhe o que está por trás do indivíduo e sinta-se agradecido de que a percepção consciente do Espírito realizou-se, porque essa é a razão pela qual a pessoa agora está bem, empregada, alegre ou coisa que o valha.

Observe para que você não se orgulhe da carne, na forma da manifestação, mas se orgulha com o outro sentido da carne: o Verbo feito carne. Essa carne é a carne invisível. Repetidas vezes os metafísicos perdem suas completas manifestações de harmonia porque no momento em que seu salário dobra, pensam que realizaram uma manifestação. Eles realizaram, mas a manifestação não foi o salário dobrado; a manifestação foi a presença do Espírito que apareceu como salário dobrado.

Os hebreus que estiveram com o Mestre, pensavam ter realizado uma manifestação quando os pães e os peixes foram multiplicados. Não realizaram uma manifestação absolutamente. No dia seguinte eles estavam com fome novamente. Mas o Mestre realizara uma manifestação da consciência da presença de Deus e, assim, podia multiplicar pães e peixes a todo e qualquer dia da semana. Podia sair e descobrir ouro na boca dos peixes. Ele não estava tentando multiplicar pães e peixes; tudo o que estava fazendo era elevar seus olhos na compreensão de que o Espírito de Deus era sua manifestação. Permanecer em plena consciência da Presença foi sua manifestação e quando ele realizou essa manifestação, o cadáver tinha que se levantar, os pães e os peixes tinham que ser multiplicados e o ouro tinha que estar na boca dos peixes, porque Deus é a substancia de toda a forma.

Não se orgulhe em curar. Nunca afirme uma cura a não ser para ilustrar o princípio ou a idéia espiritual que a realizou. É relativamente sem importância se você tem saúde ou riqueza hoje. O que é importante é se você obtém a convicção espiritual que lhe dará saúde e riquezas eternas. Não se orgulhe de qualquer tipo de manifestação, mas jacte-se e alegre-se de que viu a face de Deus, de que testemunhou a presença do Espírito, que por sua vez se tornou evidente como a cura ou o suprimento.


USANDO UM NOVO CONCEITO DE CORPO

“Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu (...) Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados: não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida” (II Coríntios 5: 1, 2, 4).

Nossa tarefa não é livrarmo-nos negando ou ignorando, do corpo. Nossa tarefa é sermos revestidos com outra consciência do corpo, esse corpo que é “não feito pelas mãos, eterno, nos céus”. Este corpo verdadeiro é aquele corpo. É eterno nos céus, imortal. Mas não podemos ver este corpo. Nós todos recebemos conceitos diferentes de todo corpo que vemos, se estamos apenas julgando pelas aparências, baseados em nossas experiências.

Este corpo, que é invisível, que é eterno e imortal estará conosco para todo o sempre. Este corpo, como eu o vejo, mudará de dia para dia, porque, quanto mais elevado meu conceito de Deus ou do Espírito, tanto melhor em aparência e em sentimentos meu corpo fica. O conceito muda, mas o próprio corpo é imortal; portanto, não nos livramos do corpo mesmo na morte. Nós nos livramos de nossos conceitos de corpo. Mais cedo ou mais tarde, portanto, desenvolveremos a consciência de que nosso conceito de corpo mudará enquanto estivermos na terra.


O CONHECIMENTO DAS PESSOAS PELA ESPIRITUALIDADE

“Assim que daqui por diante a ninguém conheceremos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora já não o conhecemos mais deste modo” (II Coríntios: 5:16).

Antes você me conhecia na carne como um homem. Daqui em diante, você não vai mais me conhecer daquele modo, mas vai me conhecer como um mestre espiritual e não juiz da carne. Antes eu conhecia vocês como seres humanos e alunos, mas daqui por diante não devo conhecê-los jamais deste modo, porém apenas como o Cristo, como Espírito, como fruto de Deus. Antes você conhecia seus amigos e seus parentes, seus pacientes e seus alunos como seres humanos; alguns bons e outros maus. Daqui em diante, você não deve conhecê-los nem como bons nem como maus, mas como seres espirituais. É um erro tentar avaliar uma pessoa como rica, e também avaliá-la como pobre. Você não deve avaliar qualquer pessoa segundo a carne, quer seja boa ou má. Daqui em diante, você deve avaliar uma pessoa apenas como o Cristo.

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Coríntios 5:17). No momento em que você deixar de considerar-se a si mesmo e aos outros como condenados a ser bons ou maus, doentes ou sãos e avaliá-los apenas segundo o Espírito, as coisas velhas passarão. Velhos hábitos, velhas formas da carne, velhos apetites carnais, cobiça, luxúria, ambição, desejo de saúde, riqueza e fama – todas essas coisas passarão e se renovarão.

É nesse ponto que a mensagem do Caminho Infinito se mantém firme. Não devemos considerar uma pessoa como carne ou como ser humano. Não devemos glorificá-la como homem, bom ou mau, mas é melhor agora conhecê-lo não segundo a carne, mas segundo o Espírito. Portanto, se alguém estiver em Cristo, se alguém estiver consciente de sua qualidade messiânica, todas as coisas velhas desaparecerão. Mesmo os velhos conceitos sairão de sua vida. Ele pode ficar triste ao ver alguns deles desaparecerem porque gostava deles, mas eles não permanecerão porque deixarão de fazer parte de sua experiência.

Uma vez que estejamos fundados no Cristo, toda a nossa família, todas as nossas relações pessoais e toda a nossa esfera de ação mudam. Podemos até nos mudar para um outro estado ou sair do país de uma vez, porque todas as coisas se renovaram neste estado elevado de consciência, no qual “nós vivemos, nos movemos e existimos”. Achamos que não há limitações; não estamos confinados a um apartamento ou a uma casa; não estamos ligados a uma família. Nós as temos, mas chegamos e partimos e nos sentimos livres.

Quando a consciência muda e quando a substância do Espírito é revelada na consciência, não necessariamente revelada na sua totalidade, mas mesmo quando revelada em parte, o Templo Sagrado, o corpo verdadeiro, surge em nossa consciência. Outros (que estão de fora e não compreendem a consciência espiritual) ainda podem vê-lo como esta forma, mas saberemos que não é isso. Este corpo é o templo do Deus vivo. Se nós subirmos numa balança, ela pode ainda mostrar um certo número de quilos; mas não teremos sensação alguma de peso, do estado sólido, do corpo.


DESEJAR SOMENTE A DEUS

Hoje, com todos os conflitos, guerras e tumultos, parece que o mundo está inclinado a destruir-se. Nessa desordem, as pessoas, por si mesmas, não têm força, inteligência ou amor. "Porque o homem não prevalecerá pela força" (I Samuel 2:9). Esta detruição ou crucificação, que ocorre e toda parte do mundo, é na realidade a crucificação da crença em poder pessoal, vontade pessoal e sentido de uma identidade isolada e separada da Unidade. É tudo isso que está sendo crucificado. Qualquer um que se agarre à crença de que tem uma vida pessoal pra salvar ou perder, fortuna pessoal para proteger ou uma vontade ou autoridade pessoal pode ser crucificado, porque essas crenças devem ser extirpadas para que a glória de Deus encha a terra e para que o homem se mostre na plenitude da condição de Cristo.

"O que posso desejar além de Ti? Se eu tivesse toda a terra e Ti, eu não teria mais do que se eu só tivesse a Ti. Mas se eu tivesse toda a terra e não tivesse a Ti, então eu teria nada além de um vazio ainda à espera de ser preenchido. Compreendo claramente a inutilidade da cobiça, do desejo e da esperança, porque no silêncio eu sei que Tu estás comigo. Tu és a luz do meu ser."

Nunca posso sentir a presença de Deus até que eu esteja em silêncio. Mas depois de ter alcançado a tranqüilidade e o silêncio, posso pô-la em prática no mundo por algumas horas, quando novamente eu devo recolher-me para renovação da confiança. Não é que Deus não seja onipresente, mas no tumulto e atividade da mente humana, eu estou apto a desenvolver um sentimento de separação, um sentimento de estar à parte. Assim volto para este silêncio por um momento, para renovar a confiança e sentir aquela Presença divina.

quarta-feira, agosto 20, 2008

O Verbo feito carne - 01

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Joel S. Goldsmith


Há pouquíssimas citações ou passagens de sabedoria espiritual nas escrituras que não têm um duplo sentido, o literal e o intuitivo, espiritual ou místico. Muitas palavras e afirmações na Bíblia parecem contraditórias, embora eu duvide que haja uma contradição verdadeira na Bíblia inteira. Pode parecer que haja contradições, se as informações são interpretadas a partir do conceito que uma pessoa tem da palavra ou mesmo a partir da definição que o dicionário registra, mas eu não encontrei nenhuma.

Provavelmente, a palavra mais controvertida da Escritura é a palavra “carne”, porque, na bíblia, ela é empregada de dois modos completamente diferentes. O primeiro modo é “Espírito”, que é a substância original, é uma forma. É a idéia. E quando ela vem à nossa consciência, é o Verbo feito carne. Quando ele se torna visível, é a carne que definha, a carne com a qual podemos ter prazer hoje. Mas não vamos nos prender à forma amanhã. Vamos mudar nosso conceito de ser, de corpo ou provisão todo dia. Isaías disse: “Toda carne é erva” (Isaías 40:6). Jesus disse: “A carne para nada aproveita” (João 6:63). No primeiro capítulo de João, diz-se: “E o Verbo se fez carne” (João 1:14).

“O Verbo se fez carne” pode ser considerado como uma das principais premissas do ensinamento do Mestre, tal como é uma premissa maior no ensinamento do Caminho Infinito. A palavra de Deus dentro de nós torna-se visível ou tangível como expressão: O Verbo torna-se o filho de Deus. Nesse sentido, a carne deve ser considerada como significando forma espiritual, atividade e realidade. “O Verbo se fez carne e habita em nós”: Deus se tornou visível como o homem. Deus-Pai tornou-se visível como o filho, mas ninguém jamais verá esse homem com seus olhos. Esse homem só pode ser visto no ápice da consciência espiritual.


A PALAVRA INVISÍVEL TORNA-SE TANGÍVEL

Os médiuns espirituais apresentam a cura no momento em que notam o homem espiritual: o Verbo feito carne. Até esse momento de percepção, a meditação ou o tratamento estão apenas nos conduzindo para onde o Verbo torna-se carne como homem espiritual.

Uma pessoa pode empenhar-se em meditações saudáveis desde a manhã até à noite, mas se a meditação não culmina num momento de distensão – liberdade, alegria e paz – não adianta esperar a cura ou a restauração da harmonia daquela meditação, porque não são os pensamentos de uma pessoa que realizam a cura. Eles apenas conduzem a um estado de consciência acima da percepção humana da vida, em que, num momento de plena consciência, é como se alguma coisa reluzisse diante dos olhos e dissesse: “Havendo eu sido cego, agora vejo” (João 9:25). E, naturalmente, ele pode não ter visto ou ouvido alguma coisa e, no entanto, sabem, concebe e pressente.

Quando uma pessoa afirma a verdade na sua consciência, pondera-a e finalmente pára de ponderar e apenas senta-se quietamente com a atenção em expectativa de que algo se revela a partir do seu interior, aquele momento de iluminação vem – um clarão, uma liberação, uma sensação de paz – e é como se a pessoa fosse libertada de seu próprio corpo. Há uma sensação de leveza, um sentimento de alegria, um sentimento de realização. É naquele momento que ele se torna ciente da Realidade, o Deus invisível torna-se tangível, mesmo que ele não possa vê-Lo ou ouvi-Lo.

Depois disso a febre pode baixar, o tumor pode ser removido, o suprimento pode ser mostrado, um trabalho pode ser oferecido ou um novo lar pode ser encontrado. Todos são os resultados na experiência humana, do Verbo invisível que se torna tangível como um sentimento invisível. Primeiro vem o Verbo invisível, Deus, o Próprio Infinito Invisível, que sabemos que está aqui e agora preenchendo todo o espaço dentro e fora de nós. Então, segue-se a percepção consciente daquele Verbo que se evidencia em captar um instantâneo do Divino e finalmente aqui fora, naquilo que chamamos de cura ou mudança na aparência. Mas nenhuma aparência pode mudar a menos que algo tenha ocorrido na consciência.

Não cuide das aparências. Não busque as aparências para qualquer mudança. “Ainda em minha carne verei a Deus” (Jó 19:26). Bem aqui e agora na terra, podemos ver a Deus. Eu não quero dizer que vemos com os olhos físicos, mas podemos discernir ou ficar conscientes d’Ele. Isso é o que significa ver a Deus ou senti-Lo: ser tocado por Deus ou tocar na orla do manto.

Cada praticante espiritual recebe iluminação direta, se não de outra forma, pelo menos na cura da qual ele foi instrumento. Do contrário, a cura não poderia ter sido realizada. Não há ninguém na terra hoje que realize quaisquer obras maiores do que o Mestre, Jesus Cristo. Ele disse: “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma” (João 5:30). Tenho certeza de que não podemos fazer mais do que ele podia. O Pai dentro de nós faz a obra, mas só naquele momento de contato, de iluminação. Daí pra frente, depois que se conseguiu a iluminação, aquele fluxo continua sem esforço consciente. Mas deve ser renovado dia a dia. Todo dia é necessário penetrar no silêncio, em certas ocasiões, doze vezes, para sentir novamente o Impulso divino.

Depois que se está neste caminho há vários anos, não é necessário voltar e estabelecer aquele contato em cada meditação ou tratamento dado. Chega o tempo em que “vivemos e nos movemos e existimos em Deus” (Atos 17:28), e raramente estamos fora daquele estado de consciência. É só sob tensão de alguma grande emoção ou de alguma grande tragédia, dura experiência ou impacto, que a pessoa que vive deste modo há muitos anos pode estar temporariamente fora do reino de Deus. Isso pode acontecer e acontece mesmo para aqueles bem adiantados no caminho, mas eles têm pouca dificuldade de refazer seus contatos. Nos primeiros anos de nosso trabalho, contudo, isso não é assim. Fazemos contato e então parecemos perdê-lo por alguns dias na oportunidade e encontrá-lo novamente somente com esforço e luta.


A CARNE QUE ENFRAQUECE

A palavra “carne” é usada com um sentido realmente diferente da afirmação: “Toda a carne é erva”. Carne, nesse sentido, significa o que nós observamos através dos sentidos, o que vemos, ouvimos, saboreamos, tocamos ou cheiramos. Se estivermos num estado de consciência, no qual nossa manifestação é de pessoas, coisas ou circunstâncias, não poderemos entrar no reino de Deus, no domínio do Espírito.

A posse de um bilhão de dólares não tornará possível a uma pessoa herdar o reino de Deus, nem a crença de que a carne tem poder para nos dar prazer ou dor. Enquanto nossa fé e confiança estiverem nos bens materiais, nunca conheceremos a realidade das coisas; só conheceremos as formas aqui fora. Quando, porém, com estudo e meditação, nossos interesses começarem a transcender as pessoas, as coisas e as circunstâncias, estamos sendo levados para um reino mais elevado da consciência e nele, finalmente, O vemos tal como Ele é e ficamos satisfeitos com essa semelhança.

Isso também ocorre quando começamos a compreender por que é possível amar aos nossos semelhantes. Uma vez que ficamos cientes um do outro através desta visão mística interior, somos amigos. Na verdade, quando vemos a nós mesmos aqui fora, somos mortais, materiais e finitos. Nós somos a carne que definha como a erva, mas, quando nos observamos uns aos outros com visão espiritual, em nossa verdadeira identidade, somos os filhos de Deus. Quando despertamos deste sonho de materialidade, observamos as pessoas como elas são e ficamos satisfeitos com essa semelhança.

Quando você se apresenta a um mestre espiritual com um problema físico, monetário ou de relacionamento familiar, você é da terra. Seu mestre, vendo-o assim, nunca o ajudará a resolver seus problemas. Mas a capacidade de estar quieto, até que esse pequeno instantâneo venha de dentro, capacita o médium espiritual a vê-lo como você é, o que revela o Verbo feito carne, o que revela o filho de Deus.

Primeiro vem o Verbo, Deus, e Ele se faz carne. Ele se torna um estado de consciência, mas sem forma. Não é uma idéia e também não é uma coisa. Mas, então, com isso vem o pensamento a palavra falada, a palavra escrita, o dólar palpável, um peixe ou um pão. Esse tipo de carne - palavras, escritos e dólares - deve definhar como a erva. Mas a carne entendida como a consciência jamais morrerá. Primero é a compreensão de Deus como Substância. Depois, o Verbo, a Substância, torna-se carne. Ela se torna um estado de consciência. E o estado de consciência se manifesta como forma.



domingo, agosto 17, 2008

O Amor é Deus

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"Jesus diz: Deus é amor. Mas eu digo a vocês: o amor é Deus. 'Amor' é uma palavra muito mais importante do que a palavra 'Deus'. 'Amor' tem um significado existencial. A palavra 'Deus' é completamente vazia, ela nada significa, ela não se relaciona a coisa alguma dentro de você. Ela é uma pura palavra, pura no sentido de que ela não tem qualquer realidade correspondente dentro de sua experiência.

Embora ambas as palavras indiquem a mesma verdade, 'amor' é a palavra dos poetas enquanto 'Deus' é a palavra dos teólogos. Mas, obviamente o insight poético é mais intenso, mais profundo e a sensibilidade do poeta é também muito mais refinada, muito mais sutil que a dos teólogos. A visão do poeta é também mais estética, mais bela, mais primorosa; ela tem mais graça, mais sentido, mais significância. Além disso, a escolha dos teólogos tem sido contaminada ao longo das eras por tantas pessoas: hindus, cristãos, muçulmanos; por tantas igrejas; por tantas religiões, as quais fingiam ser religiosas, mas não eram.

Amor ainda permanece sem contaminação; ele ainda é virgem.

Assim, deixe-me repetir: em vez de dizer Deus é amor, diga amor é Deus, e você estará mais próximo da verdade. E não apenas mais próximo, você imediatamente estará ligado à verdade, porque o amor é uma experiência sua. Ele pode não ser tão profundo ao ponto de ser tornar Deus, mas ainda assim, ouro é ouro, mesmo que não seja refinado. O diamante é diamante mesmo que não tenha sido lapidado e polido. O diamante pode estar perdido no meio da lama, mas, a qualquer momento, ele pode ser limpo, a lama não consegue entrar dentro do seu ser.

O amor é o seu ser. E no momento em que usamos a palavra 'Deus', grandes controvérsias se levantam. Use a palavra 'amor', e ficam descartados: teísmo, ateísmo e todo tipo de argumentos desnecessários.

O amor também representa o centro mais interno da própria existência. A existência não é indiferente a você, ela não é distanciada. Ela está envolvida com você, ela cuida de você. Ela pode não cuidar do jeito como você queria ser cuidado, mas ainda assim, ela cuida da maneira que lhe é própria. E a sua expectativa pode não ser verdadeiramente a sua necessidade; pode ser exatamente o oposto.

A existência de fato preenche as suas necessidades, não o que você gosta e desgosta, não o que você quer; mas as suas necessidades reais, verdadeiras e autênticas são sempre cuidadas. A existência não pode ser indiferente a você: você é parte dela. Ser indiferente a você significaria ser indiferente a ela mesma, o que é impossível. A existência já teria desaparecido há muito tempo, se fosse assim.

Nós somos as suas ondas. Nós somos as flores dessa árvore de vida e existência. O seu desejo de ser amado e o seu desejo de amar é o seu desejo mais supremo. Ele mostra algo da sua natureza básica fundamental, ele representa o seu centro mais interno, ele representa isso.

Uma vez que você entenda o amor como Deus, toda a sua visão da vida irá mudar. Então você não irá venerar num templo ou numa igreja ou numa mesquita: então o amor será a sua veneração. E então você não terá medo da existência, porque ela cuida de você. O medo desaparecerá. Você não terá medo nem mesmo da morte, porque a morte só pode levar aquilo que não é mais necessário, mas ela não pode destruir você.

A existência é a sua mãe, ela não pode permitir destruição. Nada é destruído, jamais. Agora, mesmo os físicos concordam com isso: nada é destruído em tempo algum e nada é criado. Nem mesmo um pequeno grão de areia pode ser destruído ou criado. A existência contém a mesma quantidade de matéria, vida, amor e energia que sempre conteve e que sempre conterá.

Martinho Lutero disse uma coisa tremendamente significante. Ele disse 'Pecca fortiter: peque audaciosamente'. É estranho. A declaração parece ser inacreditável: um homem como Martinho Lutero dizendo 'Peque audaciosamente'. Mas realmente vale a pena refletir a respeito do seu significado. Ele está dizendo: o amor permeia toda a existência, assim não tenha medo. Mesmo se você estiver em pecado, seja audacioso nele, porque a existência está sempre pronta para perdoar, está perdoando.O amor sempre é perdão. Ele não quer dizer que você deve pecar. Ele está simplesmente dizendo: o seu pecado é nada comparado ao perdão que flui da existência para você.

Há poucos dias, alguém me perguntou: 'Eu sou um grande pecador. Como posso perceber Deus?'

Você não consegue ser esse grande pecador. Você não consegue estar tão caído que as mãos de Deus não possam alcançar você. Você não consegue estar tão pesado e sobrecarregado pelos pecados que Deus não possa levantar você. O peso dos pecados não pode ser maior que a graça de Deus.

Esse é um dos fundamentos do sufismo, que Deus é perdão incondicional. Ele tem que ser, pois a sua natureza é o amor. O amor é a sua realidade. A questão não é se o amor perdoa. O amor é perdão. Não existe a questão de Deus perdoar você. A questão surgiria apenas se Deus estivesse com raiva de você. Só então a questão de perdoar surgiria. Mas Deus não pode estar com raiva de você. Você é do jeito que ele o fez. Você não é uma criação sua. Como ele pode ficar com raiva de você? Isso equivaleria a estar com raiva dele mesmo, o que seria uma auto condenação.

Mas você começa a pensar a respeito de coisas pequenas como se você estivesse cometendo grandes pecados. O ego sempre adora fazer grandes coisas. Mesmo se você estiver fazendo algo errado, você vai querer fazer com que seja o maior erro que jamais foi feito ou que jamais será feito. Você quer que ele seja único, incomparável; você quer que ele esteja no topo. O ego sempre se sente bem se algo grandioso está sendo feito. Pode ser um pecado, não importa.

Que grande pecado você consegue cometer? Todos os nossos pecados nada são, a não ser coisas pequenas. Nós somos pequenos, nossos pecados não podem ser grandes. Nossas mãos são pequenas: o que quer que façamos irá permanecer pequeno, porque levará a nossa assinatura.

A sua vida, virtuosa ou malvada, não será uma barreira nem uma ponte, porque você já está conectado e não existe jeito de desconectá-lo de Deus. E não é uma questão de que quando você peca, Deus o perdoa. Ele é perdão: ele está continuamente fluindo em tremendo amor para você.

O amor dele é como uma enchente e os seus pecados são como gotas d'água. A enchente irá levá-las. E a enchente não vem para levar os seus pecados embora, ela já está aí. Entender isso, compreender esse ponto, é um grande alívio, como se uma montanha de repente desaparecesse, aliviando o seu peito. Você se torna leve, sem peso. E somente em tal estado de leveza você pode venerar.

O pecador não pode venerar, ele está continuamente assustado. O medo não pode criar prece. A prece criada pelo medo permanece política, uma estratégia da mente para persuadir Deus; é um tipo de suborno. A verdadeira prece surge da compreensão, do amor.

Lutero está realmente certo quando diz: 'Peca fortiter: peque audaciosamente'. Qualquer coisa que você estiver fazendo, faça-o audaciosamente. Você pertence a Deus e Deus pertence a você. Este é o seu lar. Não viva como um estranho, não esteja aqui como um hóspede, você é parte do anfitrião. Viva sem medo.

Lutero está certo quando diz: 'Pecca fortiter: peque audaciosamente', porque o seu perdão é imenso, é infinito. E o que você fizer serão apenas pequenas gotas d'água: a enchente virá e as levará embora.

O sufismo é o caminho da graça. Nenhum esforço é preciso de sua parte: apenas receptividade, abertura, um coração amoroso, um estado de entrega, um relaxamento. E tudo aquilo que os chamados yogues não conseguem alcançar em milhões de vidas, você alcança num simples instante. Seu perdão vem tão rápido, ele é imediato, porque Deus conhece apenas um tempo: o agora. Deus não pode adiar, ele não tem futuro. Ele não pode dizer 'Amanhã', porque para ele não existe amanhã. O tempo significa este tempo, este momento.

Para Deus tudo é o presente. A nossa visão é limitada e por isso alguma coisa é passado, alguma coisa é futuro e alguma coisa é presente. A nossa visão é tão limitada que o nosso presente é muito estreito. Essa é a proporção de nossa visão. Nós estamos olhando para a realidade através de um buraco de fechadura: nós só conseguimos ver esse tanto, tudo o mais é passado.

Sente-se atrás de um buraco de fechadura e observe. Alguém vem: você vê de repente uma pessoa surgindo do nada. Há um momento, você não era capaz de vê-lo. Quando ele vem à frente do buraco de fechadura, você o vê, e, no momento seguinte, ele já se foi, ele passou, de novo ele não está mais lá. Num momento atrás ele estava no futuro, num momento depois ele está no passado.

Você pensa que o homem desapareceu? Você pensa que o homem de repente apareceu do nada e que agora ele desapareceu no nada novamente, e que ele apareceu somente por um simples momento? É a nossa visão que está criando o engano. Saia de seu lugar escondido, abra a porta e você ficará surpreso: ele estava lá antes de você vê-lo e ele está lá depois que você o viu. Agora você terá uma visão melhor.

Para Deus tudo é eterno agora.

O ladrão que foi crucificado ao lado de Jesus, perguntou-lhe: 'Senhor, eu serei capaz de vê-lo novamente no futuro?' Jesus disse: 'Hoje você me verá no reino de meu Deus'. A palavra é 'hoje' e isso é muito significante. 'Hoje você me verá no reino de meu Deus'. O amanhã está fora de questão. Deus é imediato. Deus está sempre presente. Assim, tudo o que acontece através de Deus, acontece agora. E isso não está acontecendo para você, Deus não está acontecendo para você, porque você vive ou no passado ou no futuro, e ele nunca está no passado nem no futuro.

Daí a ciência da meditação: ela traz você para o presente, ela traz você para este momento. O passado é um pensamento e ele desaparece quando os pensamentos desaparecem. O futuro também é um pensamento e ele desaparece quando você abandona o pensar. Quando você está num estado de não-pensamento, não existe passado algum, nem futuro, apenas o presente existe. Em tal estado de não-pensamento você é um, em sintonia com Deus. De repente a enchente está ali e você é inundado com luz, com amor e com graça. Você não é mais um homem, você é divino. Você superou a humanidade.

Humanidade é um estado de sono profundo.

Deus é o nosso pastor. Ele cuida de tudo. Nós estamos preocupados desnecessariamente, e começamos a tentar tomar conta de nós mesmos. E é assim que nos tornamos vítimas do lobo, a mente.

A mente diz: esse caminho é mais seguro, mais prudente. Organize a vida dentro deste padrão, não viva na insegurança. Essa é a constante mensagem da mente. 'Não viva na insegurança, torne a vida segura. Tenha uma conta bancária, tenha uma família, tenha os pés no chão. Faça tantos arranjos quanto possíveis, assim você estará protegido.'

Deus é o nosso protetor, mas a mente começa a atuar como protetora. E a mente é o lobo, porque ela é criada por todo tipo de exploradores que existem no mundo. Os padres, os eruditos e os políticos criam a mente, criam o medo em você. Eles vivem do seu medo, eles criam uma constante tremedeira; por toda a sua vida você permanece angustiado, tremendo, com medo. Eles criam preocupação em você e a preocupação é a fonte de sua mente.

Se a pessoa estiver pronta para viver na insegurança, a mente desaparece. Aí não existe necessidade de mente.

Sânias significa viver na insegurança, porque Deus é a nossa única segurança. Sânias significa viver sem qualquer medo, porque nós somos parte da existência. Não há de que se ter medo. A existência não é antagônica a nós; ela nos protege.

Mas a mente é um subproduto do medo e por causa do medo ela segue criando sua própria segurança: tenha mais dinheiro, tenha uma casa maior, tenha respeito, prestígio, poder político. Conquiste amigos e influencie pessoas, assim você estará seguro. Tenha muitos amigos, eles serão úteis. É dito que um amigo é amigo somente quando ele o socorre nos tempos de necessidade. Assim, tenha muitos amigos, faça concessões. Tenha uma face falsa, sorria, assim você poderá influenciar pessoas.

Você coloca a sua segurança em coisas muito frágeis. E Deus é a sua única segurança. Mas para conhecer a segurança de Deus, para saber que ele é o seu pastor, você terá que confiar, terá que viver na insegurança. Se você não puder confiar, você seguirá acumulando lixo ao seu redor.

Basta olhar as pessoas. Quanto mais ricas elas se tornam, mais infelizes elas parecem. Isso não deveria ser assim. E por que é assim? Isso é tão sem lógica. Por que elas se tornam tão infelizes? Parece que elas não sabem como viver na confiança, elas não sabem como viver na alegria. Toda a vida delas tem sido trabalhar para ficar mais e mais seguras. E não é muito difícil acumular muita riqueza. Mas ao mesmo tempo em que você vai acumulando muita riqueza, a sua vida vai escorrendo pelo bueiro. Então, de repente, a pessoa percebe: 'O que eu tenho feito? Eu desperdicei a minha vida.'

Surge uma grande frustração com a percepção de que 'eu desperdicei a minha vida, acumulando coisas desnecessárias, e agora todos aqueles belos dias se foram e somente a morte existe no futuro'. A pessoa sente que fracassou tremendamente.

É dito que nada é tão bem sucedido como o sucesso, mas eu digo nada fracassa tanto como o sucesso. No momento em que você é bem sucedido, você conhecerá o sabor do fracasso completo.

A mensagem Sufi é: Entregue tudo para Deus, entregue tudo para o todo. E veja: essa existência infinita segue perfeitamente. A energia que cuida de milhões de estrelas também pode cuidar de você. Você não precisa carregar esse fardo na sua cabeça, você pode confiar. E basta algumas poucas experiências de confiança e então você nunca mais será pego na velha armadilha de novo, porque você irá saber que as coisas estão sendo bem cuidadas.

Você terá que criar um tipo diferente de espaço. Um espaço diferente será necessário. Tal espaço se chama confiança, entrega, relaxamento, fé, amor, ou como quer que você queira chamá-lo. Uma vez que esse espaço seja criado, você começa a se movimentar num plano totalmente diferente. Você entra numa nova dimensão: é a dimensão sem morte, é a dimensão sem medo. E então você viverá totalmente, audaciosamente, e qualquer coisa que você faça, você estará totalmente nela, completamente nela. Cada ato se tornará um caso de paixão e muito criativo, não apenas nas coisas que você cria do lado de fora, mas em alguma coisa que integra você também internamente."

OSHO - Unio Mystica - Discurso nº 5
tradução: Bodhi Champak



quinta-feira, agosto 14, 2008

A consciência que cura


Ciência Cristã

Às vezes fico pensando: "O que é que Deus, a Mente divina, está sabendo agora? O que é que a Mente divina está vendo como sendo o estado atual do ser? Sendo eu a imagem e semelhança da Mente divina, tenho de refletir o que a Mente divina sabe, e pretendo adotar como meu cada um dos seus pensamentos poderosos e sanadores".

Uma coisa que aprendi sobre a Mente divina, por meio da Ciência Cristã, é a verdade profundamente simples de que Deus, a Mente, é Tudo. Em seu livro 'Unity of Good', a Sra. Eddy apresenta um diálogo hipotético entre o bem e o mal. A certa altura, o bem responde às sugestões do mal: "Tuas hipóteses insistem em que haja mais de uma Mente, mais de um Deus; mas, em verdade te digo, que Deus é Tudo-em-tudo, e não podes estar fora de Sua unicidade".

Pense nisso! Toda a vida se manifesta dentro da infinita totalidade de Deus e por isso é boa. Toda a realidade está no âmbito da Mente única, dentro da consciência divina, que o homem reflete, e essa é a nossa única e verdadeira consciência. Tal raciocínio espiritualmente científico ajuda-nos a compreender que a cura por meio da oração consiste em trazer à luz a harmonia que para sempre existe dentro da Mente divina. É um despertar para aquilo que é real, em Deus e no homem. Por isso, a cura não ocorre fora do nosso pensamento, em alguma circunstância ou situação.

Às vezes, nos vemos frente a frente com sugestões perturbadoras acerca de nossa vida. A sugestão de que a escassez, a perda ou a doença sejam incuráveis, chega a ser assustadora. A sugestão de que o abuso irá deixar seqüelas permanentes, ou que a solidão seja inevitável, também é perturbadora. Mas, será que essas coisas estão fora de nosso controle? Fora de nossa consciência? Não! Podemos redefinir essas situações, que parecem existir fora de nós e fora de nosso controle. Podemos classificá-las pura e simplesmente como pensamentos errôneos, crenças falsas, porque não estão incluídas na totalidade de Deus. Isso ajuda a colocar a situação sob o controle divino e, assim, a cura tem início.

Jesus certa vez viajava de barco, atravessando o Mar da Galiléia, quando foi despertado do sono por seus discípulos, com a notícia de que um terrível temporal se abatera sobre eles. Estavam com medo de morrer e, desesperadamente, aguardavam do Mestre alguma ação. A eles, parecia estar ocorrendo algo externo, fora do controle deles. Viam-se desamparados. Mas Jesus, compreendendo que Deus é Tudo, deu à crise uma solução simples e poderosa. Relata-nos a Bíblia que Jesus "despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou, e fez-se grande bonança".

Jesus deve ter reconhecido que nenhuma tempestade perigosa poderia jamais ter sequer entrado na perfeita criação de Deus. Parece evidente que ele considerou-a apenas uma tempestade de pensamentos, e compreendeu que tinha a habilidade e a autoridade, dadas por Deus, para rejeitar os elementos destrutivos do pensamento mortal, por serem ilegítimos e impotentes.

A Sra. Eddy diz: "Nada aparece aos sentidos físicos a não ser seu próprio estado mental subjetivo." Depois acrescenta: "Destruí o pensamento de pecado, de doença e de morte, e destruireis a existência deles." A Mente que havia em Cristo Jesus acalma as tempestades da vida. Essa Mente é a nossa verdadeira consciência, a consciência que cura.

A percepção que Jesus tinha da supremacia de Deus e da natureza espiritual e perfeita da existência, era maior do que qualquer desafio que tivesse pela frente. Confiava resolutamente em que esse ponto de vista o informaria da realidade, ainda que a evidência material fosse diferente. E aquilo que Jesus provou, de forma científica, é igualmente natural para nós comprovarmos em nossa vida, hoje.

Por exemplo, sofri várias lesões num acidente de carro e estava com muitas dores. Eu estava com uma perna inutilizada. Vi-me diante da terrível sugestão de que talvez não voltasse a andar. Chamei um praticista da Ciência Cristã e pedi ajuda por meio da oração.

O trabalho do praticista me ajudou a ver a mim mesma como a verdadeira expressão da divindade, que não necessita de nada fora de seu próprio reino de infinita perfeição. Isso me fez compreender que a totalidade de Deus incluía a mim também, e não era algo externo a mim. Esse raciocínio levou à cura.

Durante as semanas de consagrado estudo da Bíblia e de Ciência e Saúde, da Sra. Eddy, cheguei a perceber que o único e verdadeiro apoio de minha existência era Deus. Aprendi que eu incluía todo o bem e que não existia bem algum que não estivesse incluído em minha própria consciência, como reflexo da Mente divina. Apoiando-me inteiramente no Princípio-Cristo, consegui ficar de pé novamente e mais tarde voltei a caminhar. Embora a cura tivesse demorado algumas semanas, foi completa. Hoje movimento-me livremente, mesmo ao correr.

Nenhuma tempestade de pecado, doença, morte, invalidez, escassez, depressão, medo, declínio ou dúvida pode determinar o estado do homem, a imagem e semelhança de Deus.

As Escrituras nos aconselham: "Tende em vós a mesma mente que houve também em Cristo Jesus". Como o homem é a imagem e semelhança da Mente divina, Deus, nós, em realidade, refletimos apenas a Mente divina. Não podemos pular para dentro e para fora da Mente, pois nela moramos para sempre e a refletimos. Nossa tarefa é a de ceder mentalmente a essa verdade. Para a Mente divina não há tempestade que invada nossa paz, nossa inteireza espiritual e perfeição.

Você tem opção de não ficar num estado mental cheio de medo, olhando para uma tempestade. Em vez disso, poderá ver a si mesmo como reflexo da Mente celestial, compreendendo que na realidade divina não há tempestade, nada que possa roubar-lhe a alegria, o suprimento, a saúde, a segurança e o bem-estar, nada que possa diminuir o bem eterno.

A Mente que havia em Cristo Jesus é a sua mente e ela sempre sabe que tudo é bom, Deus e Sua manifestação, sabe que esse fato está sendo comprovado continuamente. Quando nos submetemos a essa consciência pura e divina, a consciência que cura, o poder sanador da Ciência Cristã é demonstrado.

(De "O Arauto da Ciência Cristã", Fev. 1997)

quarta-feira, agosto 13, 2008

A natureza do poder espiritual (fim)

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Joel S. Goldsmith



O Abre-te Sésamo

“Olha para Sião, a cidade das nossas solenidades: os teus olhos verão a Jerusalém, habitação quieta, tenda que não será derrubada, cujas estacas nunca serão arrancadas, e das suas cordas nenhuma se quebrará... E morador algum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será absolvido da sua iniqüidade”. (Isaías 33:20-24)

Os males são perdoados para aqueles que habitarem na consciência de um Espírito todo-poderoso, perdoados no sentido de serem apagados e esquecidos. Em outras palavras, o restabelecimento, de fato, significa ser perdoado. Ser curado de nossos males é realmente ser perdoado do pecado de dualidade, perdoado do pecado de crer que há duas forças e que Deus não é força todo-poderosa. Estamos sendo realmente perdoados da aceitação da crença de que há uma outra força que não a divina. O modo de sentir esse restabelecimento é deixar de combater às circunstâncias, parar de temer o “homem cujo fôlego está no seu nariz”, parar de temer o orgulhoso, o fanfarrão, parar de temer o ruído das armas. Eles se destinam apenas a amedrontar-nos, mas não podemos nos preocupar, se tivermos um Deus todo-poderoso.

Como é possível a um povo, amante de Deus, constantemente temer o ateísmo ou qualquer obra dele? O ateísmo não é uma força. Não adianta simular que há um Deus em quem acreditamos, se acreditamos também que o ateísmo é uma força.

Ninguém nunca tem chance de derrotar a Deus ou ao religioso. Nós moraremos em habitação quietas e pacíficas, quando aprendemos, como disse Ralph Waldo Emerson, que os dados de Deus estão sempre chumbados. Ninguém tem chance contra Deus, contra o Espírito, contra o amor, a liberdade e a justiça. Ninguém tem chance contra o disposto espiritualmente. Mesmo a doença não pode deitar raízes no espiritualmente disposto. Ela pode aproximar-se dele e ameaçá-lo, mas tudo o que precisa fazer é estar atento e compreender que: “Nós temos o Senhor Deus Todo-poderoso”, virar-se e ir dormir, deixar que haja luz, deixar que haja liberdade, deixar que seja revelado na Terra que Deus existe. Então, mesmo o irreligioso observará as palavras de Deus e verá que Deus, e só Deus, é poderoso.

Entre nós, Deus já sabe o que deve ser feito e é Seu grande prazer dar-nos o reino, dar-nos a liberdade, dar-nos a alegria, dar-nos abundância. Dar, dar! A palavra é sempre “dar”, mas temos que ficar bastante quietos e confiantes para receber.

Uma vez que tenhamos tal vislumbre de Deus, teremos captado o significado do poder espiritual. Deixemo-lo ser nossa contra-senha, nosso “abre-te sésamo”. Deixemo-lo ser o que abre todas as portas para nós – poder espiritual. Não tentemos obtê-lo; não tentemos fazer uso dele. Não tentemos empregá-lo: apenas compreendemos e relaxamos a tensão nele. Não estamos resistindo ao mal; todavia, o mal desaparecerá. Ele se dissolverá. De um modo normal, natural, a harmonia começará a existir.


A CONQUISTA DO MUNDO

O tipo de hostilidade que poderia envolver o mundo hoje, nunca poderia resultar em vitória para ninguém. Portanto, ninguém em seu juízo perfeito vai dar início a quaisquer conflitos que nos ameacem. A proteção necessária não são mais ou melhores bombas. Eu não sou um pacifista e não estou tentando impedir ninguém de fabricar bombas. Mas o mundo só será salvo pelo poder espiritual, e ele vem apenas através da consciência dos indivíduos. Sempre houve poder espiritual, mas até que chegasse através de um Moisés, de um Elias, de um Jesus, de um Paulo ou de alguém mais que alcançasse essa compreensão, não ficaria em evidência. O poder espiritual governará esta terra através de nossa consciência individual (ela deverá ser o canal), na medida em que não temermos o erro nem empregarmos o poder espiritual contra ele, mas somente manifestando “o poder espiritual” dentro de nós mesmos.

Algum dia teremos um corpo de pessoas deste mundo tocado pelo Espírito. Eles se encontrarão e haverá paz. A paz virá pela atividade do Espírito que está agora a circular pelo mundo, tocando pessoas de todos os países. Os que foram tocados pelo Espírito estão auxiliando e podem auxiliar mais a despertar a humanidade para esse toque do Espírito por suas orações, pelo desempenho das ações de Graça – absolvição, oração para o inimigo – mas, acima de tudo, pela compreensão do Messias. O Messias ensinou: “O meu reino não é deste mundo”. “Mete no teu lugar a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão”.

A maior parte das pessoas pensa em Deus como um Rei absoluto. Elas até cantam hinos em louvor do Rei absoluto, o Rei que sai à frente delas para matar os inimigos, o Rei que conquista as terras para elas. O resultado é que, quando os conquistadores saem com suas armadas, há sempre um sacerdote ou um padre para abençoá-lo, como se Deus sancionasse ou pudesse abençoar o conquistador de outros povos. Exércitos e armadas saem para matar, e sempre se pode encontrar alguém para fazer uma oração para eles.

Tudo isso baseia-se nos errôneos ensinamentos dos antigos hebreus de que Deus é um Rei todo-poderoso e que Sua atividade é providenciar para que nossos inimigos sejam mortos e para que sejamos vitoriosos. Devemos ser sempre vitoriosos, o que seria verdadeiro se apenas pudéssemos ser vitoriosos como o Mestre ensinou: “Eu venci o Mundo”. Ele não venceu o mundo de César, nem o mundo exterior. O que ele realmente quis dizer foi: “Eu venci o mundo dentro de mim; eu venci a avidez, a luxúria, a ambição louca; eu venci a sensualidade, os falsos desejos, os falsos apetites. Eu venci ‘este mundo’ dentro de mim”.

Mesmo quando vencemos espiritualmente o mundo, um ditador desumano pode estar ocupando o trono do poder ou a bomba pode ainda estar lá fora. Contudo, será verdade que vencemos o mundo, porque não temeremos a bomba ou o ditador; não teremos medo do pecado, da enfermidade, da tentação, da necessidade ou da limitação. Vencemos o mundo porque fomos tocados pelo Messias, e o filho de Deus foi despertado em nós. Depois de termo sido assim tocados, podemos dizer: “Eu vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”. “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Quando o Cristo que habita em nós tiver ressuscitado, não haverá necessidade de se preocupar com nossa vida, porque este filho de Deus, em nós ressuscitado, irá, antes de nós, realizar cada atividade de nossa experiência.

Deus é Espírito e deve ser cultuado em espírito e na verdade. Deus é Espírito e governa pelo amor, não pela destruição das coisas, mas pela revelação mística da inexistência de qualquer outra coisa que não a presença de Deus. Quando orarmos, não peçamos que Deus faça algo, mas que o filho de Deus seja despertado em nós e governe nossa experiência. Não peçamos ao Messias para derrotar nossos inimigos ou nossos competidores. Oremos para que o Messias ressuscite em nós como um espírito de amor, e assim será para nós. Quanto mais nos estendermos à compreensão de Deus e de Cristo como Espírito, maior será a manifestação de Cristo em nossa própria experiência.

O perigo consiste no retorno às crenças antigas de que Deus ou Cristo é alguma forma de poder e que uma vez que nos agarremos a Ele, poderemos até fazer desaparecer Houdini (Nota: famoso mágico americano de teatro, 1874-1926). Podem estar certos de que não conseguiremos. Não dominaremos quaisquer inimigos. Não dominaremos quaisquer competidores. Apenas vivemos,nos movemos e existimos em uma paz alegre, em abundância e benevolência. Viveremos pela Graça, em vez de viver pelo poder ou pela força. Todas as coisas são realizadas pelo Espírito, não pelo poder ou pela força. É um Espírito nobre. Deus não está no furacão, no pecado, na doença, nos falsos apetites. Deus não está na pobreza. Deus está na “voz mansa e delicada” (I Reis 19:12). Conduzir-nos a uma vida sob a proteção de Deus, quer dizer levar-nos a uma vida por meio da qual possamos ser tão silenciosos intimamente, que, quando a voz mansa e delicada falar, será como se estivesse trovejando.


FUNÇÃO DE CRISTO

Cristo não é algo fora de nós que tem que ser procurado. Cristo é algo que já está dentro de nós, esperando atrair a nossa atenção.

O que é o Cristo? O que é o Espírito de Deus no homem? Qual o propósito de Deus em minha vida? Qual é a natureza da Presença que segue à minha frente para guiar o meu caminho? Qual é a natureza do poder que apareceu para Moisés como “uma nuvem”, “uma coluna de fogo”, e o “maná” caindo do céu? Qual é a natureza do Pai dentro de mim, que curou as doenças para o Mestre? Qual é a natureza deste Cristo que está dentro de mim e que me habilita a perdoar os pecadores? Qual é a natureza deste Cristo que é o pão, a carne, o vinho e a água para mim, a mulher na fonte e alguém que deseje vir até mim?

Nesse plano de meditação, a resposta virá de dentro de nosso ser, mas devemos abrir caminho.

Este Cristo, este Messias, está dentro de nós. O Messias não é um homem que vai chegar ou um homem que vai chegar uma segunda vez. Este Cristo, este Messias, é o Espírito de Deus que foi plantado em nós no princípio – não no princípio do intervalo da nossa vida aqui na terra, mas no princípio, quando éramos unos com Deus, no princípio, quando éramos formados à Sua imagem e semelhança. Seu propósito é viver a nossa vida, elevar-nos, redimir-nos, preparar o caminho para nós, preparar mansões para nós. Foi-nos dado no princípio. Ele agora está trancado de baixo de chave e devemos abrir caminho para que Ele possa fluir para nossa experiência.

Quando o Espírito de Deus estiver em nós, despertaremos para a consciência mística. Estamos determinados a nos tornar cientes de que o filho de Deus está entre nós:

“Dentro de mim habita Algo, uma Presença, uma Glória. Não está aqui para glorificar-me. Sua atividade é glorificar a Deus, provar o que é a vida quando é dirigida, mantida e sustentada por Deus”.

Então nos tornamos testemunhas da graça de Deus, da presença de Cristo dentro de nós.

Só tenhamos o cuidado de não fazer de Cristo algum tipo de poder temporal para nos ajudar a adquirir coisas temporais. Vamos nos satisfazer com o fato de que Cristo é o Espírito em nós e que podemos fazer tudo através d’Ele, com amor, sabedoria, com bom senso, equidade, misericórdia, igualdade e paz. A compreensão disto, e só disto, realiza “a paz que excede todo o entendimento”. Não há meios de se obter paz neste mundo. Podemos conseguir fama e riqueza e ter mais dificuldade do que esperamos. Mas o Messias mostra a diferença: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não como o mundo a dá”.

Em termos humanos, não sabemos, e ninguém pode dizer, qual é a natureza da paz. Minha paz é um estado de paz que nos invade, não por alguma coisa boa ter acontecido no mundo exterior, mas porque algo maravilhoso realizou-se dentro de nós. É como se fosse uma garantia: “Eu estou com você. Eu nunca o abandonarei. Eu estarei com você até o fim do mundo”. Nós quase poderíamos cantar esse refrão, pela vida afora, uma vez que nos tornamos cientes de que Cristo habita em nós. Agora, não há necessidade de se preocupar, nem de temer. Há uma Presença invisível guiando o nosso caminho.

A paz na terra não será alcançada só pelos esforços humanos. A paz na terra é uma dádiva de Deus que deve ser recebida pelas pessoas dentro do templo de seu próprio ser.

Não podemos saber por nossa própria índole pacífica, por nossa própria inabilidade de batalhar um com o outro, até que ponto Cristo penetrou na nossa Alma, até que ponto recebemos a dádiva de Deus, seu filho. Cristo ressuscitado entre nós é uma dádiva de Deus. Se ainda não O recebemos em grau suficiente, ainda é possível. O caminho está dentro de nós. O caminho é a introspecção, a meditação, a comunicação interior, o reconhecimento de que o filho de Deus habita entre nós e está sempre pronto a nos dirigir a palavra. De fato, Ele está se dirigindo a nós mesmo quando não O ouvimos. Ele tem estado clamando a nós através dos tempos.

Vivemos pela palavra de Deus, não pelo pão nem pelo dinheiro. É pela palavra de Deus, que se transforma em carne, que somos alimentados, vestidos e abrigados. É pela palavra de Deus que uma Graça divina nos leva a viver em paz. É esta dádiva de Deus dentro do templo de nosso próprio ser que estabelece nossa paz com nosso semelhante: amigos ou inimigos, próximos ou distantes. É a graça de Deus em nosso coração, o Cristo que entra em nossa Alma, que é a paz entre nós. Nada mais pode dá-lo a nós; nada mais pode mantê-lo. Nunca poderemos encontrar amparo ou nossa imortalidade por qualquer outro meio que não seja essa comunhão interior, por meio do qual ouvimos a voz mansa e delicada proferindo a palavra de Deus.

“Como pássaros voando”, deixaremos o Espírito realizar sua obra. Deixemo-Lo realizar Sua obra. Deixemos Deus. Deixemos que haja luz e observemos que há luz. Deixemos que haja firmamento e notemos que há um firmamento. Deixemos Deus agir e resistamos à tentação de procurar uma força para empregar, procurar a verdade ou qualquer coisa para empregar. Em vez de nos acomodarmos com a certeza de que Deus é Espírito e de que este Espírito tenha prometido que Ele nunca nos deixará ou nos abandonará. Ele sempre esteve conosco, mas nós O negligenciamos. Não só O negligenciamos, mas não sabíamos que Sua natureza era Onipotência; assim, tentamos fazer uso d’Ele contra alguma coisa. Não há nada contra o que empregá-Lo. Tudo quanto parece mal para nós é uma aparência e não temos o direito de julgar pelas aparências. Devemos deixar de combater o erro, deixar de tentar dominá-lo, deixar de querer buscar Deus para dominá-Lo e admitir que “Deus está comigo e é todo-poderoso”. Então veremos a natureza do poder espiritual, à medida que o silêncio revelar o Verbo feito carne.


domingo, agosto 10, 2008

A natureza do poder espiritual - 01

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Joel S. Goldsmith


Para conhecer a natureza do poder espiritual, devemos praticá-lo. Se falarmos de água, não extinguiremos a sede; devemos bebê-la. Se falarmos de alimentos, nunca satisfaremos nosso estômago; devemos comê-los. Assim ocorre com o poder espiritual. Pode ser descrito para nós, mas isso não o fará agir em nossa experiência. Para apreender sua natureza e processo, devemos incorporá-lo praticá-lo e trazê-lo para nossa experiência.

No estado materialista da consciência, conhecemos e compreendemos a matéria e os valores materiais, as forças e os poderes materiais; mas Jesus Cristo, que trouxe para o mundo a mensagem cristã, provou que há uma outra dimensão. Quando ele disse: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá", ele estava falando da paz que vem de uma outra dimensão. Em sua afirmação: "O meu reino não é deste mundo", é claro que o reino de Cristo não consiste de mais carros de batalha, mais cavalos, mais aviões, mais armamentos, mais ouro e mais prata. "Meu reino não é deste mundo" e, ainda, "Meu reino" domina "este mundo", sem couraçados, sem bombas e sem as armas de guerra do poder temporal.

O mundo religioso esteve tentando durante séculos obter o poder do Espírito para fazer alguma coisa pelo poder da matéria. Mas não trouxe paz à terra; não eliminou os armamentos do mundo e os transformou em "foices". Nós cometemos um erro: o poder espiritual não é para ser usado para vencer o poder material. O poder de Deus não é para ser usado para vencer os pecados e doenças do mundo.

A natureza do poder espiritual é onipotência e o único meio de que dispomos para atrair o poder espiritual para nossa vida é observar qualquer fase do poder material - discórdia, desarmonia, necessidade ou doença - e conceber: "Não tens poder! Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado".

O Mestre não invocou o poder do Espírito para acalmar uma tempestade, ele simplesmente disse: "Cala-te, aquieta-te". Deus não está no furacão; Deus não está na matéria; Deus não está na força ou nos poderes materiais; Deus não está na temporalidade. Deus é Espírito e, além d'Ele, não há poderes.

Provamos isso em muitas fases de nossa vida. Dezenas de milhares têm sido curados neste século, não pelo uso do poder de Deus de eliminar uma doença, não recorrendo ao Espírito para poder vencer as condições materiais, mas compreendendo silenciosamente que além de Deus não há poder. Temos testemunhado isso em nossas relações comerciais - nunca pela disputa, nunca pela pressão de uma campanha, mas sempre do mesmo modo, isto é, silenciosamente, pacificamente compreendendo: "Não há nada que exista além de Deus".

Nós tentamos chegar a Deus para conseguir que Deus faça algo para alguma coisa que não tenha poder. Tentamos fazer uso da Verdade. Isso não pode ocorrer. Não fazemos uso da Verdade; não fazemos uso de Deus. Isso seria fazer de Deus um servo. Deus não é nosso servo. Deus não é para ser usado. Deus é para ser compreendido. A Verdade não é para ser usada. A Verdade é para ser compreendida.


A INSENSATEZ DA LUTA PELO PODER TEMPORAL

O Mestre eliminou a doença, a morte e o pecado. É vontade de Deus que sejamos integrais, completos, eternos, imortais, inocentes e puros. Não somos porque, em vez de compreender que a verdadeira natureza de Deus é onipresença e onipotência e permanecermos silenciosa e pacificamente nessa verdade, nós vivemos à procura de Deus para que faça algo, como se Deus pudesse fazer algo hoje ou amanhã, que já não tenha feito ontem. Se Deus pudesse ter superado nossos problemas particulares, ele o teria feito, porque é vontade de Deus que vivamos.

"Porque eu não tomo prazer na morte do que morre, diz o Senhor Jeová: convertei-vos, pois, e vivei". (Ezequiel 18:32)

"Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou". (João 6:38)

Deus foi o mesmo ontem é hoje e será para sempre, de eternidade a eternidade. Não podemos induzir Deus a fazer algo amanhã. Dois vezes dois sempre foi quatro: mesmo Deus não pode mudar isso amanhã. Isso tem sido de eternidade em eternidade e assim será para sempre.

Nunca houve tempo em que Cristo não foi entronizado em nossa consciência: "Antes que Abraão existisse, Eu sou". "Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos". Nós buscamos um poder, um poder divino, um poder de Cristo e ei-lo aqui. O segredo do poder espiritual é simples. Ao ensinar: "Não resistais ao mal", Jesus não quis dizer para sermos devorados por ele. Ele estava reconhecendo a verdade de que o mal não é o poder que parece ser. Quando ele disse: "Mete no seu lugar a tua espada... porque todos os que lançarem mão da espada, pela espada morrerão", ele não quis dizer "Mete no seu lugar a tua espada até 1980 e então saque-a". Ele falou da espada no sentido de poder temporal. Não faz diferença se é uma espada ou uma bomba, se é uma grande quantidade de ouro ou muito pouco. Ele está falando sobre abandonar o poder temporal, sem resistir ao mal, parando de combater o gênio do mal e aprendendo que o mal não é poder. Por que combater o o espírito carnal ou mortal? Eles não constituem poderes. Deus é Espírito e Deus é onipresença; portanto, o Espírito é onipotência, todo poderoso.

Podemos provar isso. Podemos levar um dia, uma semana ou um mês, porque estamos acostumados a procurar forças com as quais fazer algo. Antes deste século existiu poder material. Embora ainda procuremos poder material, neste século estamos procurando também poderes mentais e espirituais. Há poder espiritual, mas ele não age porque: "Da mesma forma como as aves naturalmente voam, assim o Senhor dos Exércitos amparará a Jerusalém: ele a amparará e a aliviará, e, passando, a salvará". (Isaías 31:5)

Este poder espiritual cria, permanece e conforta, mas se pudermos ser motivados a aceitar a crença em dois poderes, começa a dificuldade. Começou assim para Adão. Ele realmente conhecia a verdade de que só há um único poder e era muito feliz com esse conhecimento; mas, então, comeu o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, isto é, dois poderes. Do momento em que assim procedeu, ele tinha que procurar um Deus para fazer algo quanto à força do mal. Nós estamos procedendo assim desde então, vivendo uma vida adâmica, sempre buscando uma força para fazer algo quanto aos males que nos importunam, mesmo que esse males não sejam poder, exceto em nossa aceitação deles como poder.

Nós tememos os mortais e tudo o que eles nos poderiam fazer. Depositamos nossa fé em tudo, desde o machadinho de guerra até a bomba atômica. Quando a bomba atômica foi inventada e usada, parecia que tínhamos descoberto a derradeira força e nunca mais haveria dificuldades na terra. Mas quanto mais poder nos empenhamos para obter, mais poder é necessário para dominá-lo; e então mais poder será necessário para dominar aquele. É semelhente às drogas. Uma pessoa começa a fazer uso de uma pequena quantidade, mas essa quantidade é continuadamente aumentada porque, quanto mais se usa, tanto mais se necessita da próxima vez.


A PROVA DE QUE O PODER ESPIRITUAL É O PODER ABSOLUTO

Pelo fato de temermos, há séculos, diferentes tipos de forças, até mesmo o poder da prata e do ouro, pode levar uma, duas, três ou quatro semanas para corrigir a nós mesmos até podermos estar alertas a todo e qualquer tipo de erro que tememos - o pecado, a doença ou as bombas - e compreender: "Pai, perdoai-me, pois eu não sabia o que estava fazendo". Com o completo ministério de Jesus Cristo, com dois mil anos neste mundo, como pode ser que não acreditamos que temos o Senhor Deus Todo-Poderoso?

Por mais que procuramos usar o poder espiritual em algo ou alguém, nunca poderemos provar sua verdade. O segredo dele está na compreensão de que ele é o poder máximo e não há outros. Vamos iniciar com coisas simples, alguma coisa que não nos amedronte, que nos conduza gradualmente às questões mais sérias da vida e possa provar, nos abstendo do uso da força - mesmo da tentativa de usar o poder divino -, que não há poderes aqui fora.

Esta é a revelação da natureza do poder espiritual, como me foi dada, baseado em trinta anos de demonstração e prova de que o mal não é um poder. É um poder apenas enquanto um indivíduo aceita dois poderes. Quando um indivíduo aceita a mensagem de Cristo: "Não resistais ao mal", a nulidade do erro fica provada, não obstante a forma que toma. Permanece conosco como indivíduos.

Nós não podemos passar nossa vida inteira vivendo da manifestação de quem quer que seja. Mais cedo ou mais tarde, nossa falta de compreensão, se continuar, nos apanhará. Devemos continuamente trazer à memória: "de agora em diante, estou aceitando a Deus dentro de mim, para que 'se subir ao céu' ou 'se fizer no inferno a minha cama', este Deus estará comigo. Se eu passar pelo 'vale da sombra da morte', este Deus irá comigo porque Ele está dentro de mim. Todo reino de Deus está dentro de mim". Devemos fazer isso conscientemente.

O próximo passo é admitir conscientemente que Deus é todo-poderoso - o todo-poderoso, o todo-poder, o Espírito. Não podemos ver o Espírito, ouví-Lo, tocá-Lo ou sentir seu odor. Temos que compreender que Ele existe, mesmo que não tenhamos prova material d'Ele. Temos que ter suficiente discernimento espiritual para sentir dentro de nós mesmos que isso é verdade e, então, temos que aprender a estar alerta às coisas que tememos e começarmos a compreender conscientemente: "Que absurdo. O Todo-Poderoso está dentro de mim. O Espírito é o todo-poderoso e eu tenho medo do 'homem cujo fôlego está em suas narinas'. Eu tenho medo do álcool, eu tenho medo das enfermidades, eu tenho medo do falso apetite, eu tenho medo do ateísmo, eu tenho medo do comunismo e eu tenho medo do capitalismo".

Que diferença faz o que nós tememos? Qualquer coisa que seja, quando tememos, nós estamos reconhecendo uma outra força que não a divina. Estamos considerando duas forças e, quando temos duas, somos expulsos do Jardim do Éden e temos que ganhar a nossa vida com o suor de nosso rosto, criar filhos no sofrimento e aprender como ser agressivos, porque, com duas forças, nós estamos sempre procurando uma para socorrer a outra. Mas, quando reconhecemos Deus como Espírito e Espírito como o infinito todo-poderoso, já não procuramos uma força. Então permanecemos na Graça.

sexta-feira, agosto 08, 2008

Ouço e sigo a Orientação Divina!

UNIDADE


Saber ouvir é saber calar; mormente quando se trata de aquietar as muitas vozes negativas do íntimo, para ouvir e seguir a orientação divina. Deus fala quando a persona se cala.

Constantemente estamos fazendo escolhas e tomando decisões. Algumas mudam a tônica de nossas vidas e nos levam a mais decisões ainda. Mas se não descuidamos o equilíbrio interior, pela prece e meditações da Verdade, com períodos de silêncio, pedindo ao Pai nos orientar — teremos visão e discernimento claros para assumir as resoluções mais acertadas.

A mente humana é muito mais que o intelecto. S. Paulo esclarece: “Temos a mente de Cristo”. Quer dizer: devemos transcender o intelecto e alcançar níveis mais profundos da mente, para de lá receber a orientação do Cristo interno, que nos deseja ajudar. Mas essa transmentação requer quietude, sintonia e desejo de orientação. Se nos julgamos muito auto-suficientes, fechamo-nos em nossa pretensão e nos vemos limitados às nossas possibilidades humanas.

Exercitemo-nos para alcançar esse privilégio!

"Confia no Senhor de todo o teu coração. Não te estribes no teu próprio entendimento." (PROVÉRBIOS; 3,5)

quinta-feira, agosto 07, 2008

ÚNICO

Marie S. Watts


No ilusório mundo da aparência, parece existir positivo e negativo para tudo. Parece haver um NÃO para cada SIM. Parece haver uma mentira ou falsidade para cada Verdade; e haver uma ilusão para cada fato. Tudo isso tem seu fundamento no dualismo, que se baseia na ilusão de que há duas mentes, dois poderes, e que um poder se oponha ao outro.

Se houvesse alguma Verdade nesta ilusão, necessariamente haveria oposição. Toda consideração da palavra oposto implica oposição. Se houvesse um oposto ao Bem, Deus, ele teria de ser o mal. Se o mal pudesse existir em oposição a Deus, este mal teria de existir como um poder capaz de se opor ou resistir à Onipotência que é Deus. O certo é que Deus não se opõe nem resiste a Si mesmo. Portanto, qualquer ilusão de uma presença ou poder de oposição há de ser o falso pressuposto de que existe outra presença ou poder que não seja Deus. Eis toda a base da dualidade, e a dualidade parece constituir nosso maior obstáculo, no que diz respeito a ver as coisas como realmente são.

Há muitos estudantes sinceros que sentem a necessidade de afirmar o Bem e negar o mal. Com efeito, a maioria de nós vem aplicando os chamados “tratamentos”, com a utilização de afirmações e negações. É verdade que chegamos a constatar diversas manifestações maravilhosas da perfeição mediante nossos tratamentos baseados em afirmações e negações. Entretanto, verificamos estes mesmos tratamentos também se mostrando ineficazes para revelar a Perfeição onipresente que constitui o fato ou a realidade. Com freqüência ficávamos a imaginar por qual motivo se dava a revelação da manifestação da Perfeição numa situação, enquanto numa outra, isto não acontecia.

Entre nós, alguns nunca foram capazes de afirmar a Verdade e negar o erro. E outros, fizeram uma breve tentativa nesse sentido, mas concluíram não ser este o enfoque a nós destinado. Caso tenhamos experienciado um simples lampejo do fato eterno de que Deus é Tudo, não poderemos dar “tratamento”, no sentido aceito dessa palavra, e tampouco poderemos fazer uso de afirmações e negações.

Nós observamos que, para um tratamento ser dado, é preciso haver a aceitação de alguma condição maligna em oposição a Deus, o Todo. Sabemos, ainda, que todas as afirmações e negações teriam de estar baseadas numa falsa premissa. A impossível base de tal premissa falsa é a de que Deus seria Tudo, mas que algo, sem que fosse Deus, estaria existindo. Obviamente, isto soa como ridículo; mas, realmente, qualquer dualidade é ridícula para todos nós que sabemos que Deus é Tudo.

Toda declaração afirmativa tem por base o fato incontestável de que Deus é Onipotência e Onipresença; Toda declaração de negação, por sua vez, se baseia na suposição de que existe uma presença e um poder que não seja Deus, o Bem, mas o mal; além disso, prevê que esta presença e poder do mal devam ser negados e contrariados. Este é o ponto exato em que a dualidade reclama atenção; e a maioria das falhas de não-percepção da Perfeição onipresente manifesta pode ser atribuída à falsa suposição do dualismo.

Talvez o que acabamos de expor dê a entender que fazemos críticas aos estudantes sinceros que se utilizam de afirmações e negações. Nada poderia estar mais longe da verdade. Entendemos que, se não houvesse nenhum mérito nessa prática, não se realizaria sequer uma simples manifestação da perfeição por meio de sua utilização. Apenas explicamos não ser este o caminho para aqueles, dentre nós, que já puderam perceber e se estabelecer firmemente no fato de que Deus é Tudo; Tudo é Deus.

Jesus reconheceu que alguns, provisoriamente, iriam sentir a necessidade de fazer afirmações e negações. Você irá recordar que, em Mateus 5; 37, ele diz: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” Este sim é referente à afirmação; e o não, à negação. Certamente ele deve ter notado que grande parte de seus ouvintes estava com esta visão do sim, sim; não, não. E entendia que, para estes, útil seria que prosseguissem neste caminho, até que se revelasse, no interior da própria Consciência, o fato de que Deus é Tudo. Jesus demonstrou de diversas formas esta grande compreensão complacente. Ele sempre lhes falava sob o ponto de vista da percepção espiritual em que pareciam estar. Em outras palavras, ele procurava alcançá-los em seu ponto máximo de elevação. Isto explica o uso freqüente que fazia de parábolas.

Todavia, Jesus sabia que havia um caminho além das afirmações e negações. Sabia que, por Deus ser Tudo, nada poderia existir para oferecer resistência, e que não poderia haver opostos. De fato, no 39° versículo deste mesmo capítulo de Mateus, encontramos Jesus a dizer: “Não resistais ao mal…”. A percepção que possuía da totalidade de Deus não lhe permitiria encerrar seu sermão sem que esta declaração fosse feita, embora bem soubesse que ela poderia não ser entendida.

Mas Jesus sabia que o mal parecia real e aparente para aqueles a quem ele se dirigia. Tinha também consciência de que, para a maioria do chamado mundo, parece haver duas forças antagônicas. Jesus não negou esta aparência; tampouco nós a negamos. Mas, feita a contemplação da Verdade, não aceitamos nenhuma força ou condição de oposição que pudesse ser negada. Caso aceitássemos, seria o mesmo que disséssemos: duas vezes dois são quatro; duas vezes dois não são cinco. Nós simplesmente sabemos que duas vezes dois são quatro, e caso encerrado.

Existe uma palavra que engloba tudo o que se faz necessário a esta conscientização: esta palavra é “único”. Deus é a única Presença. Deus é o único Poder. Deus é a única Vida, Mente, Consciência; a única Identidade possível de ser identificada. A palavra único simplesmente exclui toda necessidade de se fazer afirmações e negações; e ela não encerra conteúdo algum de uma presença ou poder passíveis de serem negados.

O oitavo capítulo de Mateus registra a ida de um centurião até Jesus, em busca de auxílio para um de seus servos.Jesus lhe disse: “Eu irei, e lhe darei saúde”. Mas o centurião afirmou a Jesus que não era preciso que ele fosse à sua casa, mas que “dissesse somente uma palavra, e o seu servo sararia”. Ouvindo isso, Jesus exclamou: “… nem mesmo em Israel encontrei tanta fé”. Obviamente, a perfeição onipresente estava manifesta como aquele servo. Mas a revelação maravilhosa, aqui encontrada, é que Jesus tinha consciência de que o centurião conhecia o fato absoluto de que Deus é Tudo. Ele sabia que era dispensável que Jesus fosse ver o seu servo; sabia que era dispensável que Jesus fizesse afirmações e negações, ou mesmo que desse algum tipo de tratamento. Ao afirmar: “Dize somente uma palavra”, ele sabia que a palavra é a expressão de Deus em Si, e que o poder da Palavra é tudo o que se requer para que haja a percepção da perfeição onipresente.

Com efeito, Deus realmente é Tudo. Tudo realmente é Deus. Esta é uma declaração completa de um fato absoluto e sem qualificação. Não importa o número de palavras que possamos pronunciar ou escrever: o fato absoluto se mantém exatamente em tais palavras. Somos, às vezes, ajudados na conscientização deste fato, ao dizermos que Deus é a única Presença, o único Poder; entretanto, não existem palavras capazes de alterar ou de acrescentar algo ao seguinte fato básico: DEUS É TUDO.


domingo, agosto 03, 2008

Consciência x Mente (Joel S. Goldsmith)


Pergunta: Se Deus é mente, ou mesmo se Ele é consciência, Sua atividade não é mental?


RESPOSTA:

Não, a atividade mental é um raciocínio e uma atividade do pensamento. A consciência não é uma atividade mental; a consciência não raciocina ou pensa: ela apenas percebe.

Duas vezes dois, quatro. Deus, Consciência infinita, não utiliza um processo mental para chegar a essa resposta. Trata-se apenas de um estado óbvio. Nunca houve uma ocasião em que isso fosse diferente, nem tampouco houve uma época na criação quando duas vezes dois tornou-se quatro. Não existe um processo para tornar duas vezes dois, quatro; por conseguinte, não há necessidade de atividade mental para estabelecer esse fato. Duas vezes dois sempre existiu como quatro, e a única atividade mental envolvida nesse conceito é a atividade da percepção.

Quando declarei que não trabalhamos no plano mental, o que quis dizer foi que a única atividade da mente é a da percepção. Tornamo-nos conscientes de que somos espirituais, que somos um ser divino, que o pecado, a doença e a morte são ilusões -- nada mais que nada ou apenas uma sugestão mesmérica -- mas não passamos por nenhum processo mental para que seja assim.

Não nos entregamos a nenhuma espécie de processo mental com a idéia de tornar são um homem doente, ou tornar rico um homem pobre, ou de empregar um desempregado. Se houver algum processo, este é o da percepção, o processo de conscientização que já é divino, e esse não é um processo mental.

Do ponto de vista humano, não podemos olhar uma pessoa doente e afirmar mentalmente: "Você está bem". Isso é hipocrisia e ignorância e, obviamente, uma inverdade. Somente com o discernimento espiritual é que podemos olhar através da aparência humana e ver a realidade divina subjacente a ela. Por isso, não é através do processo mental que nos conscientizamos da perfeição, e nosso trabalho consiste em nos conscientizarmos da perfeição. Isso não pode ser feito pelo homem com a mente humana, porque nada que a mente humana conheça será perfeito. Só quando a mente humana não está trabalhando, quando, na verdadeira quietude de nosso ser mais íntimo, os sentidos de nossa Alma e da consciência espiritual são despertados, é que vemos o homem perfeito.

É por esse motivo que a cura espiritual não é um processo mental. Nada do seu ou do meu pensamento trará saúde a você ou a mim. Uma vez mais voltamos a Jesus: "E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado a sua estatura?" Quem por preocupação pode tornar "um cabelo branco em preto"? "Não estejais apreensivos por vossa vida..." Em outras palavras, um processo mental nada tem a ver com a verdade espiritual, e esse é realmente o ponto mais importante desta apresentação total de verdade. A atividade mental humana nada tem a ver com esta abordagem particular. Nenhuma quantidade de conhecimento da verdade o ajudará, nenhuma quantidade de declaração da verdade. Nenhum processo mental/humano entra nessa apresentação.

O Caminho Infinito diz respeito primeiro, e antes de mais nada, ao desenvolvimento do sentido da Alma. Quando estamos quietos, sentados com aquele "ouvido que escuta", quando estamos em meditação, dando o que chamamos um tratamento, a Essência íntima vem para a vida e nos mostra a perfeição espiritual interior, aquilo que de fora é interpretado como um ser humano saudável, são ou rico.

Exatamente aqui estão a carne e a substância do Caminho Infinito. Não nos entregamos a nenhum processo mental para a autocura, e é aí que nos afastamos de todo o campo metafísico. Trata-se de desenvolver nosso sentido espiritual de modo que, por fim, cheguemos à consciência de um Cristo Jesus que pôde olhar o aleijado e dizer: "Levanta-te e anda!".

O que você acha que capacitaria um homem a dizer isso? Você acredita que qualquer processo mental que alguém pudesse empregar levantaria, instantaneamente, um homem aleijado, de modo que ele pudesse andar? Não; somente o Fogo divino interior, somente o próprio Espírito de Deus poderia fazer isso.

Talvez fosse possível dar a uma pessoa um tratamento de um ano e, gradativamente, transformá-lo de um aleijado num homem saudável através da manipulação mental -- martelando-o, martelando-o mentalmente. Porém nenhum ser humano poderia fazer isso instantaneamente -- só a inspiração de Deus que existe nele.

Eis porque precisamos fazer do amor a influência dominante em nossa experiência. Todas as qualidades divinas do Cristo precisam tornar-se ativas em nós; todos os desejos pessoais -- todo o ódio, inveja, crítica e condenação -- precisam ser abandonados. Não pode haver complacência com essas qualidades humanas. Precisamos deixar de temê-las, porque então estamos perdendo a oportunidade de trazer à luz as qualidades divinas do Cristo. Por que deveríamos estar por aí cedendo a estas coisas humanas a expensas de nos enganarmos que temos a mente que estava em Cristo Jesus?

A mente que estava em Cristo Jesus não se empenha em qualquer processo de raciocínio ou de pensamento. Ao paralítico ela diz: "Levanta-te, e toma teu leito e anda", e poderia ter acrescentado "O que há para impedí-lo? Existe algum poder fora de Deus?". Esta mente de Cristo Jesus é percepção sem um processo.

A verdade é que não existe poder fora de Deus, mas poderíamos repetir isso mil vezes, e nada aconteceria. De fato, o mestre metafísico pode sentar-se e repetir estas verdades desde agora até o dia do juízo e não obter, como resultado, qualquer manifestação de espiritualidade em sua aura; um clérigo pode pregar sermões encantadores e, ainda assim, os membros de sua congregação continuarem sendo a mesma espécie de seres humanos, entra ano, sai ano, exatamente com as mesmas doenças, os mesmos crimes, as mesmas fraudes nos negócios, a mesma corrupção na política. Por que as congregações nessas igrejas e centros não progridem espiritualmente? Pela simples razão de que algumas vezes estão ouvindo somente uma apresentação intelectual da verdade e, apesar de muitas vezes esta vir de um ser humano muito bom, se a pessoa não desenvolve a consciência de Cristo, ou o sentido espiritual, ela não pode estimular as mentes e os corações de seus seguidores.

O que é mais importante é não criticar as falhas humanas, mas antes elevar as pessoas até o lugar onde não sejam mais humanas. Você não pode fazer isso por meio da razão humana. Você pode dizer a uma pessoa para não roubar; pode dizer para não mentir e não enganar; pode dizer-lhe qualquer coisa que queira, e muitos de vocês provavelmente já o fizeram, mas usualmente isso não teve e não tem qualquer efeito sobre a conduta dessa pessoa.

A melhora da conduta só é ocasionada se se alcançar o indivíduo através do Espírito. Você precisa conseguir tal grau de espiritualidade que um pecador, ao ser tocado pela sua consciência, perde todo o desejo de pecar. Quando isso acontece, você está atuando como um mestre espiritual. Então você não está ensinando novas verdades e novos processos mentais: você está projetando a verdade de tempos imemoriais que foi experimentada e considerada eficiente -- por Eliseu, Elias e Isaías, por Jesus e João.

A verdade é tão simples que toda ela pode ser resumida em menos de mil palavras, mas é apenas através do desenvolvimento de nossas qualidades espirituais que a espiritualidade pode ser levada às pessoas com quem nos encontramos.