sexta-feira, maio 30, 2008

Ver apenas o Cristo!


AMO O BEM, QUE É
O CRISTO PRESENTE EM
TUDO E EM TODOS
(Unidade)


Às vezes, deparamos com situações e pessoas em que parece haver ausência total do bem. No entanto, o bem lá está, porque Deus é onipresente! Se nos erguermos em fé, aguçaremos a visão apreciativa e traremos à tona o bem que não parece existir nelas. Desse modo suscitaremos esse bem na coisa, situação ou pessoa, ajudando-a, em vez de sobrecarregá-las com a nossa visão negativa.

Com o tempo, iremos além da prática de ver o bem, para contemplar e amar o Cristo em tudo e em todos. Essa transformação deve ocorrer em nós, para que possamos afetar favoravelmente os outros. É um autotratamento que nos revelará o bom mundo de Deus. Essa era a vivência de S. Francisco. Essa foi a experiência de Daniel na cova dos leões. Essa é a prova da inofensividade inatacável que muitas vezes demonstraram.

Comecemos conosco mesmos:

"Vejo-me cheio de erros e defeitos? Isto me ajuda? Por que não busco e evidencio o que tenho de positivo? E isto mesmo devo fazer com meus entes queridos e amigos.

Sou filho de Deus: é-me mais fácil amar!"

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E viu Deus tudo quanto
tinha feito e eis que era muito bom.
Gênesis 1:31.

quarta-feira, maio 28, 2008

Como Viver a Vida Cristã (Joel S. Goldsmith)

Joel S. Goldsmith


Esta verdade não serve para tornar sadias as pessoas doentes nem ricas as pessoas pobres, mas para despertar as pessoas, mesmo as saudáveis e ricas, para uma confiança no poder espiritual, na segurança espiritual e na liberdade espiritual, que não dependem do sucesso da pesquisa médica, nem de qualquer ideologia política, nem do sistema econômico sob o qual estamos vivendo.

Esta é a espécie de liberdade que Jesus procurou dar aos hebreus, em contraposição à liberdade da servidão física, que Moisés havia proporcionado ao seu povo. Todos ainda permancem sob a lei de Moisés, porém no sentido de que eles estão agarrados à segurança econômica e política, e na medida em que ainda não tenham encontrado a segurança espiritual que os manteria seguros, sem importar sob que forma de governo ou onde estejam vivendo.

Ser um cristão significa mais do que a filiação a uma organização cristã ou à cidadania de um país cristão. Significa viver o princípio de Cristo, que quer dizer literalmente orar por nossos inimigos, orar por aqueles que nos perseguem ou que maldosamente nos usam; isso implica fazer um esforço sincero para perdoar nossos devedores até setenta vezes sete e dar amor em troca de ódio. A vida de Cristo nos obriga a "embainhar a espada" e, por isso, a não usar a força humana mesmo em nossa própria defesa.

A vida cristã, no entanto, é individual e nunca se sobrepõe a qualquer outra. Não ditamos nosso desejo ao nosso vizinho; "damos a César o que é de César"; e se nosso país nos convocar em tempo de guerra para o serviço militar ou com o objetivo de comandar na guerra, cumprimos cada exigência que nos é feita, embora sem maldade, ódio ou medo, e sem a convicção de que a força é um poder real.

São cristãos todos os que aceitam a lei e a realidade do poder espiritual, quer pertençam ou não a uma igreja. Os verdadeiros cristãos não têm por que confiar nos meios e métodos humanos, já que têm a Presença interior para guiar, dirigir, governar, curar, manter e proteger. Eles têm "comida para comer, que vós não conheceis" (João 4:32), isto é, uma substância, força e poder não visíveis para o mundo -- uma confiança interior.

Mas o fato é que a maioria dos cristãos é mais hebraica do que cristã. Eles acreditam nos ensinamentos judaicos e, habitualmente, têm mais conhecimento e fé no que está no Velho Testamento do que no que está no Novo. Quando se diz a um cristão que não ouse dirigir uma ofensa contra seu vizinho, não importando qual tenha sido a agressão que sofreu, ele considera isso transcendental, em vez de considerá-lo um ensinamento real de Jesus Cristo.

Quando alguns cristãos são lembrados de orar por seus inimigos, eles não parecem saber que isso está na Bíblia e que os que aceitam o ensinamento de Cristo devem agir de acordo com essas leis. Os cristãos nem sempre são cristãos. Eles lêem a história do Bom Samaritano e, no entanto, frequentemente recusam-se, por razões pessoais, a ajudar alguém -- talvez porque a pessoa seja alemã, japonesa, russa, negra, católica, judia, ou por a pessoa pertencer a alguma outra filosofia ou religião. Mas como quer que seja, eles não estão cumprindo o ensinamento do Mestre, Cristo Jesus. Seus ensinamentos desvelam e revelam o ser espiritual, a identidade espiritual e a existência espiritual.

O que você espera e o que você quer do seu Messias? Lembre-se de que o seu Messias é o Cristo do seu próprio ser. A questão é se você chegou ou não àquele ponto em que pode rejeitar a tentação de manifestar pessoas e coisas e voltar-se para o Cristo, para o Reino interior, conquistando sua liberdade espiritual. Ao passar para a vida espiritual, você está procurando esse Reino interior, esse Cristo que está dentro de você, essa Presença divina, uma liberdade espiritual que significa liberdade das leis materiais, da atividade material, das forças materiais, quer a força seja de infecção ou contágio, quer a força seja dos astros ou de qualquer coisa que alegue ter poder.

Há uma razão pela qual você está nesse caminho. Alguma coisa o atraiu para esse caminho, para esse ensinamento; alguma coisa o atraiu para o estudo deste texto. Você não foi atraído por seu conhecimento ou amizade comigo, nem por causa da grande reputação que eu tenho como escritor. Não, não foi por nenhuma dessas razões. Foi porque alguma coisa indefinível, uma comunhão invisível, uniu leitor e escritor no nível interior e espiritual.

É o que o Mestre, Cristo Jesus, mencionou quando disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz" (João 10:27). É o que o místico hindu quer dizer quando olha uma pessoa com este reconhecimento "Você é meu discípulo", e o discípulo replica "Eu o tenho procurado há anos!".

É isso o que ocorre! Alguma vez você pensou que o Cântico de Salomão e outras mensagens espirituais são escritas na linguagem do amor porque todo o relacionamento entre mestre e discípulo é um relacionamento de amor? Esse relacionamento sagrado não pode e não vem através da mente que raciocina. Quando você encontra o mestre ou o ensinamento que é realmente seu, você o reconhece imediatamente, talvez por causa da sua comunhão interior. De qualquer forma, trata-se de um reconhecimento -- quase como se você encontrasse uma pessoa pela primeira vez, a olhasse nos olhos e dissesse: "Creio que iremos ser amigos para sempre". É uma comunhão em um nível interior.

Em outras palavras, todos os dias da semana você encontrará essas pessoas, circunstâncias e lugares que são levados até você e sem os quais você não poderia prosseguir, nem eles sem você. Você se sentirá atraído para esses lugares onde poderá ser muito útil e exatamente no momento certo. Você está em sintonia com um sistema infinito de telefonia espiritual e é a Central que está enviando ou fazendo os contatos para você. Você não os faz; a Central os envia e os faz para você. Quando você está vivendo essa vida, sempre constata que esse Escritório Central, Deus, a sua Consciência interior, é a influência realmente dominante em sua vida. E já não há pensamento que vise a querer ou merecer alguma coisa. De fato, você não se preocupa com nada; você apenas segue as direções que lhe são dadas e entra em contato com as pessoas necessárias para o seu desenvolvimento.

Este é, verdadeiramente, o primeiro passo da vida espiritual. Você deu o primeiro passo ao ser levado a ler este texto. Daqui por diante, verá as pessoas que são levadas a você e que você é levado às outras pessoas. Você se verá sendo conduzido a lugares e lugares, levando você até as pessoas. E dirá: "Essa é justamente a coisa que eu gostaria de ter -- se tivesse pensado sobre isso". Mas é sempre alguma coisa maior do que você poderia ter pensado por si mesmo.

Nosso objetivo não é apenas obter um pouco de conhecimento para poder curar algumas dores ou alterar as datas de algumas lápides tumulares. O que queremos é aprender como viver a vida que Jesus veio nos mostrar. Ele não veio apenas para curar as pessoas doentes ou para ressuscitar os mortos. Isso foi somente a prova de que sua mensagem era verdadeira. A importância de sua mensagem foi que no reino espiritual somos "co-herdeiros com Cristo" em Deus, nós fazemos parte da casa de Deus, somos cidadãos conterrâneos dos santos.

Em outras palavras, trata-se de uma vida totalmente diferente da que vivemos no plano interior -- uma vida jubilosa. Na verdade, somos parte do mundo exterior, mas temos uma atividade interior. Não importa onde possamos estar, no meio de qualquer multidão, grande ou pequena, se nos encontrássemos haveríamos de trocar um pequeno sorriso. Temos alguns pequenos segredos; aprendemos algumas coisas sobre o mundo e sobre nós; e, por isso, não importa onde nos encontremos -- dois ou vinte de nós -- haverá apenas esse pequeno sorriso, querendo dizer: "Nós sabemos alguma coisa, não sabemos?"

Sim, realmente sabemos alguma coisa! Sabemos um pouco mais a respeito do Cristo; sabemos um pouco mais a respeito da vida interior; sabemos um pouco mais a respeito daquele Reino que não é deste mundo; e sabemos muito mais sobre como vencer o mundo. Sabemos que, vencendo o mundo, estamos vencendo as crenças que este mundo apresenta, crenças em infecção e contágio, discórdia, pobreza e em coisas que estão fora e à parte do nosso próprio ser.

Estamos aprendendo mais do que isso. Estamos aprendendo que o Cristo não era um homem. O Cristo é o sentido do amor divino que flui entre nós e, se o mundo O permitir, Ele deve fluir de homem para homem e de mulher para mulher, inundando a Terra. Então nunca haveria um homem desejando a propriedade do outro ou a sua esposa; nunca haveria um país desejando dominar o outro, ou a sua mão-de-obra, ou seus recursos naturais.

Os que fazem parte da morada de Deus jamais iniciam demandas pessoais uns contra os outros, ou solicitam sacrifícios pessoais. A única demanda que existe é espiritual:

"O Pai está em mim, e Eu estou no Pai, e você está em mim e Eu estou em você. Eu tenho uma força interior que nunca vacila. Eu tenho vida eterna -- Eu sou vida eterna. Eu sou a própria Presença de Deus e estou abençoando o mundo através de minha compreensão de que isto é verdadeiro, não somente quanto a mim, mas em relação a cada indivíduo no mundo; e se ele despertou ou não para esta verdade, esta é a verdade do seu ser."

Uma vez que você tenha atingido a condição de Cristo, terá alcançado a sua liberdade espiritual. Você então estará livre de toda queixa de mortalidade -- pecado, doença, carência e limitação.


domingo, maio 25, 2008

Fortalecidos pelas dificuldades

Masaharu Taniguchi


"Quando pressionado por muitos deveres, obrigações e tarefas, o ser humano consegue extrair a verdadeira força que traz dentro de si.

Ao empinarmos papagaio (pipa), este sobe pelo so­pro do vento. Contudo, se não fosse a ação da linha, que o impede de subir desgovernado, ele seria levado à mercê do vento e acabaria se rasgando. A pessoa que fica demasiadamente eufórica di­ante de uma ótima situação financeira é como o papagaio que está bem alto mas que de repente é arrastado para lon­ge e fica estraçalhado. Às ve­zes, justamente por existir al­gum obstáculo para a ascen­são (assim como no papagaio existe a linha que o puxa para baixo) o homem conse­gue ascender de forma verda­deiramente correta. Quando pressionado por muitos deve­res, obrigações e tarefas, o ser humano consegue extra­ir a verdadeira força que traz dentro de si.

Os grandes poetas Home­ro e Milton eram cegos. Dante Alighieri também, na velhice, tornou-se praticamente cego. Quando algo nos é tirado, alguma outra força, que esta­va adormecida, repentinamente desperta e vibra. Na situação de cegueira, a pessoa deixa de ver coisas e fatos ba­nais do mundo exterior que dispersam a atenção e, devido a isso, uma espantosa força que estava oculta no seu inte­rior desperta e entra em ação.

Levar uma vida por demais confortável, sem dificul­dades, é como tentar polir uma espada com um chuma­ço de algodão; do mesmo mo­do que a espada não adquire assim o verdadeiro corte, a pessoa que leva uma vida fácil demais também não conse­guirá manifestar sua verda­deira capacidade.

Por vezes, aqueles que se mostram nossos amigos não enxergam os nossos defeitos, ou, tentando nos favorecer ou agradar, ressaltam somente as nossas qualidades. Então, descuidamo-nos, deixamos de conhecer os nossos defeitos e, por conseguinte, não os sa­namos.

Às vezes, aqueles que se apresentam como nossos ad­versários é que são os verda­deiros amigos. Como eles apontam defeitos que não ha­víamos percebido, podemos corrigir as nossas falhas. Mes­mo no jogo de xadrez, conse­guimos progresso quando en­frentamos adversários fortes, e isso ocorre porque eles ata­cam os nossos pontos fracos, os que ainda não havíamos percebido, e temos de nos esforçar muito para enfrentá-los. O essencial é não ficarmos acomodados, deixando-nos iludir pelas bajulações.

"A vida não é como argila. Ela é como o aço, que deve forjado" – assim dizia Emerson. Não se deve subestimar a vida. Por mais habilmente que uma pessoa consiga interpretar textos, seus conhecimentos serão inúteis se não passarem de meras teorias, pois ao ser lançada na correnteza da vida ela poderá acabar naufragando.

O monge Takuan assimilou verdadeiramente o zen quando atingiu o estado espiritual em que o caminho da espada e o do zen se tornaram um só e ele conseguiu vencer o exímio espadachim Yagyu Tajima. A vida não deve ser temida, tampouco subestimada. Dizem que, quando um professor de técnica de comércio se envolve em atividade comercial, em geral ele acaba fracassando. No caso de professor de religião, se ele fracassa ao se dedicar a um empreendimento é porque sua fé ainda não é verdadeira. Certa pessoa disse: "Se um empresário abraçar uma religião, seus empreendimentos crescerão; mas, se um religioso se dedicar a um empreendimento, nem sempre conseguirá êxito". Essa afirmação contém uma advertência sobre a qual os religiosos devem refletir.

Quem despreza a força do inimigo será por ele derrotado. Subestimar a vida é o mesmo que menosprezar a capacidade do adversário. A vida não deve ser subestimada, mas não estou dizendo que devemos temê-la. O que eu quero dizer é que o homem precisa conhecer a si próprio, o adversário, a hora e o lugar. Aquele que não conhece a adequação pessoa, lugar e hora será fatalmente derro­tado. Conhecer a pessoa, isto é, o ser humano, significa re­conhecer a capacidade e o temperamento próprios e também os do outro. Conhe­cer o lugar significa discernir se o lugar é adequado ou não para concretizar determina­da ação. Conhecer a hora sig­nifica saber se o momento é apropriado para agir ou não; uma diferença de dez minu­tos pode acarretar grande lucro ou grande perda numa transação comercial.Conhecer a adequação pessoa, lugar e hora – isso é ter sabedoria.

O amor não é compaixão. Ter compaixão é ressaltar a dificuldade do outro e ofere­cer piedade com senti­mento de apego. Se a pessoa passar a enfatizar os seus problemas e ficar com o pensamento fixo na dificulda­de, não mais conseguirá sair da situação lastimável, devi­do à força do pensamento.

A dificuldade jamais cons­titui infelicidade para a alma. Os maiores inimigos da alma são a preguiça e a covardia. Tendo vários caminhos para trilhar na vida, a maioria opta pelo caminho mais fácil, mas, na verdade, o caminho mais difícil é que conduz ao apri­moramento da alma. Um ca­minho plano e fácil, que não requer esforço ou sacrifício para trilhar, não contribui para forjar a alma da pessoa.

Aceitar uma tarefa mais difícil do que a atual é o me­lhor meio para forjarmos a nossa alma. Da mesma forma que o nosso físico aumenta o vigor quando o treinamos com exercícios adequados, a nossa alma adquire maior força quanto mais enfrentamos questões difíceis. So­mente através desse procedi­mento o ser humano pode manifestar a força infinita de Deus com a qual já nascemos nes­te mundo.

A felicidade dos jovens não deve consistir em sim­plesmente desfrutar as bên­çãos recebidas e levar uma vida cômoda em que nada de novo acontece. É preciso que os jovens, enfrentando e ven­cendo diversos problemas, desenvolvam a força infinita recebida de Deus que está latente neles. Logo, não de­vem fugir das dificuldades, mas também não precisam de­sejá-las, pois isso já seria cul­tuar o sofrimento. O que eles devem fazer é enfrentar as dificuldades corajosamente, considerando-as como pele­jas esportivas. Assim, mani­festar-se-á a força infinita do seu interior.

Ao deparar com uma difi­culdade, você não deve pen­sar que aconteceu uma tragé­dia e considerar-se vítima. Julgando-se protagonista de uma tragédia e deixando-se levar pela autocomiseração, você acabará criando uma si­tuação ainda mais trágica. Se surgir uma dificuldade, ima­gine-se como membro de uma expedição que está se embre­nhando corajosamente numa densa floresta à procura de novas terras. Quanto mais densa e emaranhada a flores­ta, maior será a emoção da aventura. E será especial­mente grande a alegria ao sair da floresta para o campo. Dessa forma, você cultivará uma grande força, e deixará de sentir as dificuldades co­mo tais.

Aquele que só almeja uma vida cômoda, que pensa estar manifestando a Imagem Ver­dadeira apenas porque está vivendo confortavelmente e deixa adormecida em seu interior a "força capaz de dominar as dificuldades" será tragado pelas ondas do mundo feno­mênico quando vier uma "tempestade", pois não terá forças para enfrentá-la.

Você não precisa desejar as dificuldades, mas também não deve fugir delas. Saiba que toda e qualquer tarefa ou responsabilidade atribuída a você é um meio que Deus lhe destinou para que a sua força interior se desenvolva. Portanto, o melhor meio para o aperfeiçoamento e engran­decimento pessoal consiste em enfrentar a tarefa e a res­ponsabilidade sem temor, com força total, agradecendo a elas.

O surgimento de proble­mas significa surgimento de oportunidades de progresso. Se não houvesse problemas no mundo, ninguém se esfor­çaria para melhorar; assim os assalariados de baixa ren­da continuariam indefinida­mente nessa situação, lavado­res de pratos jamais deixari­am de ser lavadores de pra­tos. Se os homens do passado não tivessem mente sonhado­ra e espírito de aventura, a humanidade não teria alcan­çado o nível atual de progres­so.

Avante, jovem! Acalente um grande sonho e encete uma jornada corajosa em busca de uma grande aventu­ra!"


Da Revista Mundo Ideal ANO II Nº 20
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segunda-feira, maio 19, 2008

Amor: O Caminho, a Verdade e a Vida



Aprender a amar e a perdoar é o mais importante ensinamento espiritual. Pode parecer que “amar” e “perdoar” sejam coisas diferentes, mas não são; esses dois ensinamentos, assim como outros, são manifestações naturais decorrentes do homem que conscientiza sua verdadeira natureza. O amor, o perdão, o sentimento de gratidão, a prática do bem – tudo isso passa a se manifestar naturalmente quando a pessoa descobre quem ela é realmente. Porque a verdadeira condição do ser humano é Amor.

Somos felizes quando sabemos quem somos! Porque, quando descobrimos quem somos, descobrimos que somos amor. E aqui encontramos um ponto muito delicado, é preciso compreender o que significa “amor”, é muito importante ter a compreensão desta palavra porque conhecê-la nos levará para um ponto mais próximo de conhecermos a nós mesmos.

O amor é doação de si mesmo. Doa não porque ele tenha interesse em doar, mas porque isso é inevitável, essa é a sua natureza. O que é amor não necessita fazer mais nada para si mesmo – tudo já foi feito. Não precisa mais existir com finalidade para si mesmo, porque tudo por ele já foi alcançado. O Amor sempre foi Amor: nunca teve um começo e nunca terá um fim, porque ele É. O Amor é Deus: “Aquele que É”.

Mas, apenas para fins de proporcionar uma melhor compreensão do que é o amor, vamos trabalhar com a proposição – uma história ou parábola -- de que o amor nem sempre foi amor, de que houve um tempo no qual ele existia como alguma outra coisa e que, mais tarde, ele viria a ser o que ele é hoje: amor.

“O amor, antes de ser amor, buscava viver somente para si mesmo. Naquele tempo, o amor era um vazio, um vazio miserável; havia algo que faltava nele e ele não se sentia completo, preenchido, realizado. Por isso ele buscava preencher o seu ser através de tudo; ele passou por todas as experiências existentes possíveis e, depois de vivenciar tudo o que havia para ser vivenciado, ele chegou a um ponto onde não havia mais nada a fazer, nenhum lugar aonde ir. Depois disso, depois de atingir tudo quanto havia para ser atingido, não houve mais nada o que restasse. O amor viu-se vazio novamente. Mas desta vez, esse vazio não era um vazio miserável, a qualidade dele era totalmente diferente do vazio que um dia ele fora. O amor havia chegado a um vazio novamente, mas desta vez ele estava completamente cheio. Encheu-se todo, até que o seu ser começou a transbordar. Foi a partir desse instante que o amor mudou completamente a sua natureza, transformando-se, assim, no amor que ele é hoje.”

Esse conto, na verdade, não é a história da vida de Deus (Deus não possui uma história – Deus É!), esta é a história de cada ser humano nascido nesta vida. Após ler esta história, olhe agora em volta de você e veja do que toda essa existência que está a sua volta é feita. Se a vida existe, é porque há algo sendo doado para fazer surgir e manter tudo isto que existe. Quem está doando? Deus está doando. Esta vida que existe é Deus transbordando, é Deus tornado visível, é o Verbo que se fez carne. O amor é a essência de tudo, é a verdade sobre a vida e a natureza de cada ser humano.

Uma pessoa que ainda não conscientizou sua perfeição ainda está se movendo, ainda está tentando ir a algum lugar, tentando viver alguma experiência, buscando atingir alguma coisa -- ela está vivendo para si, e está tentando se preencher. Mas a pessoa que conscientiza a sua verdadeira natureza não está preocupada em viver para si; ela entrega a sua vida de volta a Deus.

Somos felizes quando compreendemos que somos amor! Descobrimos que não existimos, que somos vazios, nada. Ou também poderíamos dizer que já somos tudo. Já chegamos a todos os lugares, já passamos por todas as experiências e, assim, descobrimos que não precisamos de mais nada. O que nos sobra, então? O que é que nos deixa tão felizes, quando descobrimos quem somos, já que não há mais nada para ser feito, nenhum lugar a mais aonde se ir? É aqui que está o segredo do porquê a felicidade surge quando descobrimos quem realmente somos. É porque, já que não sobrou nada para nós, nossa natureza se transforma e somos forçados a mudar de direção. O nosso ser transborda e a nossa vida deixa de ser vivida para nós mesmos, e passamos a viver a nossa vida para o outro. Esse transbordamento faz com que o nosso ser seja um presente para tudo aquilo que não somos nós – pessoas, coisas, fatos, a existência inteira! E aí está a felicidade.

De graça recebemos do Universo o nosso ser, o Universo nos deu a nossa vida de presente e, quando retribuímos isso a ele, o fluxo faz o movimento contrário, o amor flui de um lado para o outro, o ciclo se completa. O homem passa a corresponder a relação: ele doa de volta o seu ser para tudo aquilo que não é ele mesmo: o universo inteiro. Toda a vida do homem transforma-se em doação. Cada gesto, ato, palavra, pensamento que vêm ao mundo por meio dele é para corresponder à Vida de Deus -- é dedicado a Deus, à Grande Vida, ao Universo. E desse processo surge a verdadeira felicidade e a paz que todo ser humano está buscando.

Basta descobrir isso: o nosso ser é Amor. Tudo que é necessário para sermos felizes é "conhecermos a nós mesmos". O nosso ser já é perfeito aqui e agora. Nenhum de nós necessita que nosso ser viva para si mesmo. Nós já temos tudo, de modo que não precisamos de mais nada. Temos alegria, felicidade, tranqüilidade, paz, sucesso, harmonia em todas as coisas da nossa vida. É a graça de Deus – a Graça inerente à natureza do Amor – que nos proporciona todas essas coisas. Que mais nos resta, então, a não ser viver para o outro? Este é o critério pelo qual se pode avaliar o quão evoluído espiritualmente uma pessoa é. Você poderá ter a certeza de estar diante de alguém inteiramente desperto apenas observando se ele ama e doa sua vida à humanidade.

O amor e o perdão são a culminância de todos os ensinamentos espirituais. Não há nenhum que seja mais elevado, porque o homem que desperta para a sua iluminação espiritual vive conforme as leis do amor e do perdão. Não há nada que seja capaz de afetar o homem que compreendeu a Verdade, porque ele possui a compreensão de que nada lhe pode ser retirado ou acrescentado – a Graça de Deus faz com que ele já possua todas as coisas dentro de si. Quem compreende isso verdadeiramente não pode jamais ser prejudicado por qualquer coisa. Mesmo se a pessoa for traída, enganada, fraudada, maltratada, etc... ela não dará importância devido ao conhecimento da Verdade que possui. Mesmo que ela perca todos os seus bens, sua casa, seus amigos – ela pode perdoar, porque compreende que nada lhe foi subtraído. Ela pode perdoar! Ela não vive segundo a vida deste mundo, pois “o Meu reino não é deste mundo”. Ela vive a vida pela Graça. Vivendo a vida pela Graça, o homem é capaz de amar, perdoar, agradecer a todas as coisas do céu e da terra, praticar sempre o bem, fazer o outro alegre, proferir palavras de elogios -- ele vivifica a todas as pessoas, coisas e fatos, a todas as coisas do céu e da terra.

A vida do homem filho de Deus (que é o homem verdadeiro) é uma doação inteira de si mesma. Ele não se preocupa com a sua vida, ele preocupa-se com os outros. Sua preocupação é zelar pela Vida com sentimento de amor e gratidão, porque essa mesma Vida zela por ele. É um relacionamento mútuo de amor, uma relação ‘do homem com Deus’ e ‘de Deus com o homem’.

- Lao-Tsé diz: “O sábio não se preocupa com a sua salvação e por isso a encontra.”

- Jesus diz: “Aquele que quiser ganhar a vida, perdê-la-á; mas aquele que quiser perdê-la, ganhá-la-á.”

A Verdade é um paradoxo. O homem que vive pela Verdade parece desperdiçar a sua vida, mas ele é quem mais é aproveitado com a vida que tem. Ele parece apenas doar, mas ele é o que mais recebe. Ele não cuida de sua própria felicidade, mas ele é o mais feliz dentre todos. Porque sua felicidade provém de Deus, ela é sustentada pelo Cristo; ela não é obtida por meio de esforços humanos. Jesus e Lao-Tsé estão dizendo: "amem! doem-se!". Tudo na vida daquele que vive pela Verdade é provido pelo Cristo, e o Cristo provê tudo com abundância! Assim, não há necessidade de se preocupar. A única necessidade que existe é a de amar, de manifestar sempre cada vez mais o amor. O amor é o Caminho, a Verdade e a Vida, é a justiça de Deus e, quando ele é buscado em primeiro lugar, as outras coisas nos são dadas por acréscimo. Essa é a promessa de Deus para nossas vidas.



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*Este post é dedicado especialmente ao meu amigo Thiago ("Mizi")

Tua vida é perfeita!



"Você precisa acreditar na perfeição da tua Vida.
Precisas lembrar-te que tudo quanto Deus fizera viu que era bom.
Você precisa saber que já é perfeito.

Todas as coisas já existem dentro de ti, nada existe que esteja separado de você.
Tu não necessitas buscar nada que esteja fora de ti.
Porque tudo já está dentro, não há nada separado da Vida que tu já és.
Todas as coisas foram-te concedidas desde o início.
Quem tenta obter de fora tudo quanto necessita, não compreendeu que sua Vida está sempre em Deus, e que Deus é tudo.
Tu não precisas ser alegre -- porque tu já és!
Tu não necessitas ter satisfação -- porque ela já está inteiramente aí presente, em ti.
Tu tens tudo! E tens tanto, tanto, mas tanto...
Que tudo o que te resta a fazer é doar tudo quanto tens para os outros.
É assim que é o teu ser.

Você é filho de Deus e todas as coisas já te foram concedidas.
Tua vida já é perfeição, e perfeição significa que não há mais nenhum lugar aonde ir -- porque todos os lugares que tinham para serem idos, já foram!
Tua vida já é perfeição, e perfeição significa que não há nada mais a ser experienciado pelo Ser que você é -- porque tudo o que havia para ser experimentado, já o foi!
Tua vida já é perfeição, e perfeição significa que nada mais resta a se obter para si -- porque tudo o que havia para ser obtido, já foi conseguido.

Que fazer, então?
Para aonde ir, então?
Teu ser divino, que é filho de Deus, não pode mais ir a lugar algum -- pelo menos em se tratando de viver para si mesmo.
O cálice de teu ser está tão cheio, que nem uma única gota pode ser adicionada a ti.
Tu já és completo!

Muda de direção!
Volve teus olhos de ti para o teu próximo!
Ama o próximo, ama a todas as coisas do céu e da terra.
Vivifica o teu próximo e a todas as coisas do céu e da terra.
Faz alegre o teu semelhante.
Queima a chama de tua vida até consumir-se completamente em prol de todas as coisas do céu e da tera.

Tudo o que vem ao mundo por meio de teu ser é 'doação da tua vida a teu próximo'.
Nada há que precises fazer para ti.
Nada há que precises obter para ti.
Para ti, que és filho de Deus, não há sequer a necessidade de existires para ti mesmo.

Tu és o Ser Divino... o puro amor de Deus.
És o amor de Deus derramado na Terra.
Recebeste de Deus tudo quanto Ele possui.
Portanto, tendo recebido de Deus tudo quanto Ele possui, que mais poderia querer, senão compartilhar a tua vida com o mundo?
Fazer feliz o outro -- nisso consiste a vida do filho de Deus.
Tua vida existe para vivificar a todas as pessoas, coisas e fatos.

Desperta tu que dormes!
Acorda e vê que tu és o filho de Deus."
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( Todo o meu carinho, amor e gratidão à Seicho-No-Ie)

quinta-feira, maio 15, 2008

A Vida é preciosa!

Seicho-No-Ie



Algumas pessoas se surpreendem quando afirmo que 'doença não existe' e retrucam: “É claro que a doença existe, como todos podem constatar”. Elas estão confundindo o existir com o estar manifestado. De fato, a doença é um estado que está manifestado, mas ela não existe de verdade. Tudo o que está manifestado desaparece, mas o que existe de verdade jamais desaparece.

Diante da pergunta: “Então, o que existe realmente?”, as pessoas poderão responder: Deus, a verdade, o belo, o bem ou até mesmo o ser humano. Mas o ser humano, no tocante à existência física, é fadado a morrer e virar cinzas (ou voltar ao pó). Portanto, também é uma manifestação (fenômeno). O Sol, a lua e outros corpos celestes, visíveis aos olhos físicos, também são manifestações, pois consta que, no fim, se transformarão em poeiras do espaço. Entretanto, por trás do aspecto fenomênico existe a Imagem Verdadeira. Por exemplo, por trás do Sol visível aos olhos físicos, existe a “essência espiritual do Sol” que é eterna.

Precisamos, porém, cuidar bem também das manifestações. É um equívoco não dar importância ao corpo carnal e às coisas materiais, pois não são mera matéria, e sim imagens simbólicas que expressam a Vida de Deus.

A fotografia, por exemplo, é um objeto material; mas, quando se trata do retrato de uma pessoa querida, certamente lhe atribuiremos uma importância muito maior que o seu valor material e cuidaremos dele com todo o carinho. O mesmo se pode dizer do ser humano manifestado como corpo carnal. Quando compreendemos que é manifestação do ser eterno, do homem, filho de Deus, passamos a nos empenhar realmente em cuidar bem do nosso corpo. Somente o que é eterno possui valor supremo. É evidente que Deus e o filho de Deus, que são eternos, possuem valor infinitamente maior que as manifestações transitórias, como, por exemplo, o “homem carnal”. Entretanto, no corpo carnal se expressa a Vida do filho de Deus e, por isso, precisamos preservá-lo com zelo. Quando amamos e respeitamos alguém, cuidamos com carinho do retrato dele. Mas se perguntarem qual das duas – a própria pessoa ou a sua fotografia – é mais valiosa, é óbvio respondermos que a pessoa é muito mais valiosa que a fotografia.

De modo análogo, embora o “homem carnal” tenha a sua importância, é evidente que o homem, filho de Deus é infinitamente mais valioso. Pois saiba que o homem, filho de Deus é a essência do seu ser, é a sua Vida. Quando todos compreenderem o verdadeiro valor da Vida, este mundo se tornará realmente pacífico, pois as pessoas respeitarão umas às outras e viverão repletas de gratidão e alegria.

(Masaharu Taniguchi)

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terça-feira, maio 13, 2008

Abandonando o “princípio da insuficiência”



Na província de Kochi, no Japão, mora um farmacêutico de nome Shizuo Dodo. Sendo químico, ele estava habituado às coisas com base na química. Tendo lido o livro Mistérios do Universo escrito pelo grande filósofo alemão, Haeckel, adotara a opinião de que também o homem é uma simples massa feita de matéria. Acreditava, portanto, que o fato de a sua esposa não conceber devia-se a alguma insuficiência de ordem material. Depois de fazer inúmeras experiências no campo da Química, finalmente pensou ter descoberto o princípio fundamental segundo o qual todas as coisas deste mundo se movem é o “princípio da insuficiência”. Insuficiência quer dizer “falta”. Portanto, todas as coisas se movem devido ao princípio da “falta de algo”. As pessoas trabalham porque lhes faltam dinheiro; comem porque lhes faltam alimento e elementos nutritivos em seu organismo; o homem deseja a mulher porque ela lhe faz falta; e a mulher, por sua vez, deseja o homem porque este lhe faz falta; o hidrogênio e o oxigênio se combinam, porque ao oxigênio falta hidrogênio e ao hidrogênio falta o oxigênio. Tudo se move devido ao princípio da “insuficiência”. Foi essa a conclusão a que chegou o Sr. Shizuo Dodo. “Este é um princípio incontestável. Eu descobri a verdade sobre o universo”, assim pensou ele. Mas, certo dia, ele conheceu minha filosofia do Jisso (Jisso = mundo perfeito e absoluto de Deus), segundo a qual “o homem se move segundo o princípio da suficiência”.

Este ponto de vista é completamente oposto ao do Sr. Shizuo. Como já dissemos, a sua teoria era a de que tudo, tanto o homem como as coisas, movimentam-se devido à falta de algo. Mas, segundo a filosofia do Jisso, todas as coisas e todos os homens se movimentam para manifestar o seu aspecto original, que já é completo. Expliquemos: Entre os leitores, deve haver muitas pessoas que gostam de fumar. Quem tem vontade de fumar são certamente aqueles que possuem no seu interior (na sua mente) o gosto do fumo, pois uma pessoa que não conhece o gosto do fumo não sente o desejo de fumar. Portanto, é válido pensarmos que o fato de desejarmos uma determinada coisa significa que nós já possuímos essa coisa. Em outras palavras, nós sentimos o desejo de obtê-la porque ainda não se manifestou diante de nós o que é nosso originariamente. Por exemplo, a mulher deseja o homem e o homem deseja a mulher, porque ambos sabem, intuitivamente, que a sua “outra metade” existe em algum lugar. O objeto do nosso desejo já existe, e é por isso que nós o buscamos.

Buscamos o caminho da salvação e de Deus através da religião. Sentimos o desejo de nos religarmos com Deus justamente porque no âmago do nosso ser temos a consciência de que “originariamente somos divinos”.

Um eminente sacerdote budista chamado Kobo escreveu em sua obra Sokushin-Jôbutsu-Gui: “Todas as criaturas já se acham no estado de Buda; contudo não se apercebem disso”. Com isso ele quer dizer que todos os seres, apesar de serem originariamente filhos de Deus perfeitos, ignoram essa verdade. Simplesmente não percebem. Basta que eles percebam o seguinte: “Eu já sou um ser búdico, já sou perfeito. A ilusão já não existe, o pecado já não existe; já sou perfeito e completo; já sou filho de Deus, filho de Buda”.

Pode-se dizer Deus ou Buda, pois a essência é a mesma. Buda significa “libertação”. Na sutra do NIRVANA está escrito: “No libertar-se consiste o estado de Buda”. Libertar-se significa soltar as amarras, isto é, tornar-se livres de todas as restrições. Quando o homem se liberta de todas as restrições e desaparecem todos os “nós” que o amarravam, manifesta-se uma situação de total desembaraço, como se tivesse sido aberto o embrulho que encobria o diamante. Esse estado de total liberdade é o estado de Buda.

O homem, apesar de ser originariamente “Filho de Deus” e totalmente livre, sente-se preso. O que o prende, porém, não é uma força externa; se ele está preso, é por causa de suas próprias algemas, isto é, ele mesmo se amarra. Isso se parece a um pesadelo. Sonhamos, por exemplo, que um ente diabólico está sobre o nosso peito, oprimindo-nos com força terrível, sentimo-nos sufocados e tentamos desesperadamente afastá-lo de nós, mas não o conseguimos. Quando chegamos ao ponto de não suportarmos mais o seu peso, nós acordamos. Percebemos, então, que não há diabo algum e que aquilo que apertava nosso peito era apenas nossos braços. Nós próprios estávamos comprimindo nosso peito, com toda força. O mesmo acontece com o homem, que se auto-limita. Apesar de ter, originariamente, dentro de si, a Vida de Deus Todo Poderoso, o homem a mantém encoberta porque não percebe a sua própria natureza divina e se considera simples massa feita de matéria, um ser fraco e insignificante, sujeito a doenças. Com esse pensamento, ele está sufocando a Vida de Deus que há em seu interior. O que mantém preso o homem não é o “diabo”, mas sim seus próprios “braços”, os “braços da mente”.

A força que aqui foi comparada ao “diabo” do pesadelo não é uma força externa; é a força que existe dentro do próprio homem. Quando o homem dirige essa força para fora e aplica-a livremente no mundo exterior, ele é capaz de realizar qualquer obra. Prendendo a si próprio com tal força, ele diminui a sua própria capacidade. A isso chamamos “ilusão”. Esse emprego negativo da mente é que prende a vida do homem. Isso é também chamado de “tsumi” (pecado). A palavra tsumi originou-se de “tsutsumu” (encobrir). Na verdade, não existe uma ‘coisa’ chamada pecado. Acontece apenas que o homem encobre o seu Jisso, o seu Aspecto Real, e não o manifesta. O homem sendo originariamente Filho de Deus, é completamente livre; ele não é um corpo carnal, não é uma insignificante massa feita de matéria, atacada por micróbios ou atingida por calamidades. Contudo, se esquece disso e, pensando ser real o aspecto visto pelos olhos da carne, julga-se massa feita de matéria, um mero corpo carnal. Ao pensar assim, ele está encobrindo e prendendo a si mesmo. Isto é “tsumi” (pecado).

Mas quando despertamos para a consciência de que o homem não é matéria nem corpo carnal, mas sim um ser espiritual inteiramente livre, diz-se que chegamos à compreensão da Verdade. Em outras palavras, quando ocorre esse despertar, desfaz-se o envoltório que encobria o nosso Jisso. A palavra “desfazer” ou “desatar-se”, em japonês, é “hodokeru”, de onde vem a palavra “hotoke” (Buda). Assim, quando se desfaz o “embrulho” ou “envoltório”, nós alcançamos o estado búdico, isto é, tornamo-nos completamente livres. Todavia, mesmo que se desfizesse o envoltório, se o seu conteúdo fosse um monte de quinquilharias, apareceriam apenas quinquilharias. Mas quando o homem desperta espiritualmente e desfaz o seu “envoltório”, ele passa a apresentar o estado de Buda, torna-se totalmente livre. Isto quer dizer que sob o “envoltório” está originariamente o seu Jisso, o seu aspecto real, a Vida de Deus.

Voltemos àquele exemplo do pesadelo mencionado antes, no qual o “diabo” procura nos esmagar. Despertando sobressaltados, vemos que eram os nossos próprios braços que apertavam nosso peito. Podemos comparar esses “braços” ao envoltório que encobre o Jisso. Quando abrimos os olhos do espírito e retiramos os “braços” que nos mantinham presos, começa a emanar uma grande força que há originariamente dentro de nós. Então, nada mais poderá nos prender. Ocorrendo o despertar, o homem descobre que é perfeito desde o princípio e que nada lhe falta. Tudo isto o Sr. Shizuo Dodo ficou sabendo através da leitura A Verdade da Vida (uma coleção espiritual de livros publicados pelo fundador da Seicho-no-Ie).

Transformando-se a mente, transformam-se também o corpo e o meio ambiente. Assim, a esposa do Sr. Shizuo, que até então não concebia apesar dos vários tratamentos feitos, concebeu e deu à luz uma linda criança. Também mudou sua atitude em relação ao dinheiro. Até então, por mais dinheiro que o Sr. Shizuo ganhasse, ela reclamava dizendo que era insuficiente. Mas depois que o Sr. Shizuo leu o livro A Verdade da Vida, sua esposa deixou de reclamar. O casal passou a ter a vida de abundância quando obteve satisfação espiritual através da filosofia que afirma: “Todas as coisas que o homem busca, na verdade já lhe estão dadas”. O nosso estado físico, o ambiente que nos cerca, as circunstâncias nas quais vivemos, as nossas condições financeiras, enfim, tudo é reflexo de nossa mente. Quando a nossa mente enriquece, também os nossos bens materiais se tornam abundantes. No seu Jisso (Aspecto Real), todas as coisas estão completas e são suficientes desde o princípio.

É exatamente por isso que sentimos o desejo de obter isto ou aquilo, para manifestar esse Jisso suficiente também no aspecto fenomênico. Como já foi dito, se queremos uma coisa, é porque essa coisa já existe. O Sr. Shizuo chegou à compreensão dessa verdade.

Vocês são filhos de Deus e já possuem dentro de si todas as coisas. Basta que vocês as exteriorizem, e isto equivale a “dar, em primeiro lugar”. Quando as pessoas exteriorizam o que já possuem dentro de si, tudo passa a mover-se favoravelmente: Nasce o filho tão esperado, aumentam as riquezas, e tudo se harmoniza.


(Masaharu Taniguchi)

sábado, maio 10, 2008

LEI DE SUPRIMENTO (Joel S. Goldsmith)

Joel S. Goldsmith



Por nenhum momento iríamos pensar em construir uma casa sem termos compreendido: As leis de projeto, escavação, edificação, etc., bem como as leis locais de zoneamento e de saúde. Não tentaríamos ganhar uma causa no tribunal, a menos que conhecêssemos a lei que a regula; e, tampouco iríamos tentar navegar sem o conhecimento das leis de navegação. Entretanto, tentamos resolver nossos problemas de suprimento individual; tentamos demonstrar a disponibilidade e abundância de suprimento sem o devido reconhecimento das leis que o governam.

Muitos ignoram a existência dessas leis e crêem que uma cega fé em algum Deus ou Poder é suficiente para manifestar a operação do bem na experiência individual. No plano do Absoluto não há nenhuma necessidade de se resolver o problema do suprimento. Nele nada é requerido, pois a substância espiritual é onipresente e inexistem tempo e espaço em que o suprimento esteja ausente. Enquanto não atingirmos esta Consciência, a Consciência crística, teremos de preparar o nosso destino em conformidade com a lei das escrituras, encontrada nos textos sagrados de todos os povos. Nosso primeiro passo é o reconhecimento de nosso ser verdadeiro-nosso relacionamento com Deus.

Compreendendo Deus como a Consciência divina única universal, e o homem como a expressão individual desta Consciência, descobrimos que TUDO QUE É DO PAI É MEU, isto é, tudo o que está incorporado a Consciência universal está incorporado à consciência individual, por elas serem uma. Assim, quaisquer coisas ou idéias de que necessitemos já são partes integrantes de nossa consciência, e se desdobrarão à percepção humana tão logo nos familiarizemos com a lei e passemos a aplicá-la. "Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará" desta ilusão de que o que você busca encontra-se separado e apartado de você. Deverá haver o entendimento de que o universo inteiro está incorporado à Mente divina; e, em vista de esta ser a nossa única mente, todas as coisas já estão dentro de nós. Em conseqüência, jamais somos dependentes de alguma pessoa, lugar ou condição para coisa alguma! Portanto, nosso passo seguinte é abandonar toda dependência a pessoas, posições ou investimentos para o nosso suprimento.

A princípio, isto parece ser um disparate, já que as coisas do Espírito são loucuras para os homens. "Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus porque lhe parece loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." ( I Cor. 2:14. ).

Um negócio ou uma posição podem parecer constituir o presente canal de nosso suprimento. Nossos alunos ou pacientes podem aparentar ser nossos únicos canais. Donas-de-casa podem acreditar que seus maridos ou filhos sejam seus canais de suprimento. MAS NADA DISSO É VERDADEIRO. Como Deus, a Consciência divina, é a FONTE, então esta exata Consciência é o canal de suprimento; e, de fato, é o SUPRIMENTO em si. Procure sempre se afastar de suas noções pré-concebidas sobre este assunto, Reconheça que todas as coisas estão incorporadas à infinita Consciência eterna; e então, SAIBA QUE ESTA CONSCIÊNCIA É A SUA!

Tendo se libertado de toda dependência a fontes e recursos materiais e humanos, você perceberá o bem continuamente se desdobrando em sua experiência humana, na forma de bem que a cada momento lhe estiver sendo requerido. Enquanto caminha rumo a esta Consciência superior, obedeça a duas recomendações importantes dadas pelas Escrituras: "Levarás à casa do Senhor, teu Deus, as primícias dos frutos da tua terra." ( Exodus 23:19.) A forma disso ser feito deverá ser como nos ensinou o Profeta Hebreu: "E esta pedra, que erigi em padrão, será chamada casa de Deus; e de todas as coisas que me deres te oferecerei ( ó Senhor ) o dízimo." ( Gen. 28:22.) Após reconhecermos que tudo que existe pertence a Deus, a Mente universal, pomos de lado uma pequena mas definida parte de tudo recebido individualmente, recirculando-a no Universal, ou seja, fazemos uso desta parcela sem a vincularmos com as despesas usuais ou pessoais. Podemos doá-la a alguma causa comunitária ou de caridade, podemos exprimir gratidão a um instrutor ou praticista espiritual, mas, seja como for, esta parcela deverá ser dedicada a serviço de Deus, o bem, independente da manutenção própria ou familiar. E ela deverá se constituir das "primícias" dos frutos-e não uma parte daquilo que sobrou de nossa receita. Deverá ser tirada da mesma tão logo a recebamos, de modo que possamos, nós mesmos, fazer o equilíbrio e confiar que "Deus dará o aumento".

Nossa obediência a estes princípios nos dará condição de provar que "quando todas as fontes materiais estão secas, Tua plenitude permanece a mesma." Quando relaxamos a mente consciente das tensões e lutas, e permitimos que o bem flua através de nossa consciência espiritual, descobrimos que não precisamos temer o que o homem mortal possa nos dar ou sonegar. Repousamos na firme convicção de que "Do Senhor é a terra e a sua plenitude", e de que TUDO que é do Pai é MEU; tudo o que existe no Universal está se desdobrando para o individual. Chegamos agora àquela que talvez seja a suprema lei espiritual da Bíblia, a nós revelada por Jesus Cristo. Na Oração do Senhor, podemos ler: "E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores." Eis o ponto em que você pode pôr suas próprias limitações em suas demonstrações do bem. Na proporção em que você perdoa, receberá as bênçãos do Infinito. Podemos perdoar aos que nos devem somas de dinheiro, e àqueles que têm para conosco dívidas de amor, gratidão, reconhecimento, ou mesmo dívidas de cortesia de família ou amigos. Mas devemos perdoar. Devemos viver num constante estado de bênçãos. Este é o perdão verdadeiro que nos liberta das obrigações mortais e materiais.

Há algum tempo, fui procurado por um homem muito necessitado de dinheiro, sem emprego e sem fonte de renda Contou-me que um de seus amigos lhe devia uma soma de dinheiro que o tiraria da dificuldade, e perguntou-me: "Como fará para que eu possa receber esta dívida?" Disse-lhe que perdoasse tanto o homem como a dívida. Não que lhe escrevesse cancelando a dívida, já que esta era problema de seu amigo, mas que o perdoasse mentalmente, e caso ela nunca fosse paga, que não pensasse mais nela, nem pensasse maldosamente a respeito do chamado devedor. "Tire-o de seu pensamento como se ele não existisse, e deixe o Princípio divino abrir seus canais de suprimento." Ele percebeu o ponto e se voltou deste único canal visível possível de suprimento para o Não-visto infinito. Exatamente na semana seguinte, ele recebeu dinheiro suficiente para mantê-lo por duas semanas, e, ao término da segunda semana, foi novamente chamado ao seu próprio emprego, de que havia sido desligado por vários anos.


quarta-feira, maio 07, 2008

A Origem da Idéia de Pecado (Seicho-No-Ie)

Masaharu Taniguchi


Desde que Adão cometeu o pecado original (que constitui o “primeiro encobrimento da natureza divina do homem”), a idéia de pecado está arraigada nas camadas profundas da mente de todo homem carnal. Dos primórdios da humanidade até os dias atuais, existiram somente duas pessoas que tiveram, desde o princípio, a consciência de serem isentos de pecado. Um deles foi Sakyamuni (Buda), que, segundo as escrituras budistas, tão logo nasceu declarou “No céu e na terra, sou o ser supremo!”, e imediatamente caminhou sete passos. O outro foi Jesus Cristo, que chamou a si mesmo de “filho Unigênito de Deus”.

Mas, agora, também conscientizei que sou isento de pecado e que a “humanidade toda é isenta de pecado”, e estou convicto de que transmitir essa Verdade para toda a humanidade é o único caminho correto para conduzi-la à salvação.

Por que ocorre a idéia de pecado no ser humano, que é originariamente isento de pecado e impurezas? A idéia de pecado ocorre justamente porque nós, seres humanos, sabemos que originariamente somos isentos de pecado. Um cego de nascença, que nunca em sua vida viu a luz, não tem noção da treva, mesmo estando na treva. Um sapo que nasceu e cresceu num poço estreito e nunca conheceu a liberdade não sentirá a falta de liberdade mesmo que permaneça naquele espaço exíguo.

Numa história de terror intitulado O Monstro da Ilha, o escritor japonês Edogawa Rampo narra a vida de dois seres humanos que, tendo sido levados a uma ilha deserta quando eram ainda bebês e submetidos a uma operação que consistiu em unir toda a extensão das costas de ambos e torná-los um “monstro de duas cabeças, quatro braços e quatro pernas”, ali cresceram e viveram confinados. Como nunca tiveram contato com outras pessoas, eles pensavam que esse corpo incômodo de “duas cabeças, quatro braços e quatro pernas” fosse o aspecto normal de todo ser humano. Mas um dia, tendo visto o aspecto livre de seres humanos normais, com uma cabeça dois braços e duas pernas, compreenderam pela primeira vez que seu aspecto grotesco não era o verdadeiro aspecto do ser humano, e passaram a sentir profundo sofrimento.

Assim é a idéia de pecado. A conscientização de não estar manifestando o aspecto original perfeito é que constitui a consciência de pecado. Podemos dizer que a consciência de pecado é o gemido da alma do ser humano que busca, sofregamente, exprimir o seu aspecto original perfeito e livre.

Comparemos nosso aspecto original à brasa: cobrindo-se as brasas com poeira, lixo etc., levanta-se fumaça. Essa fumaça é comparável à consciência de pecado do ser humano. Não havendo brasa no braseiro, não se forma fumaça; e mesmo havendo brasa, se ela não for coberta por elementos tais como poeira, lixo etc., não se forma fumaça. Todavia, a brasa em si não constitui a fumaça, e também os elementos como poeira ou lixo, em si, não constituem a fumaça. O que forma a fumaça é o processo em que a brasa procura avivar-se, queimando os elementos indesejáveis que a cobrem. O mesmo ocorre conosco. Nossa Imagem Verdadeira, em si, é isenta de pecados e ilusões. Portanto, a consciência de pecado não existe no nosso verdadeiro “eu”, do mesmo modo que a fumaça não existe na brasa em si. Contudo, quando a nossa Imagem Verdadeira fica encoberta por ilusões, surge em nós a consciência de pecado para que essas ilusões sejam extinguidas. A fumaça é uma forma de manifestação do poder calorífico da brasa, ou seja, é o processo em que a brasa procura queimar os elementos indesejáveis que a cobrem. Se o poder calorífico da brasa for muito fraco, não se formará fumaça, mesmo que a brasa esteja coberta de poeira.

Analogamente, se a Imagem Verdadeira de nossa Vida estiver profundamente adormecida, não surgirá em nós a consciência de pecado. Se o poder calorífico da brasa for muito grande, o lixo que estiver em torno dela queimar-se-á num instante, sem que ocorra a formação de fumaça. Do mesmo modo, se a Imagem Verdadeira de nossa vida estiver completamente desperta, as eventuais ilusões serão instantaneamente extinguidas, sem que surja em nós a consciência de pecado, e nossa vida se iluminará completamente.

A religião tem a finalidade de avivar a força latente da Imagem Verdadeira da Vida, que é como o poder calorífico da brasa. Quando o poder calorífico da brasa se intensifica, a poeira, o lixo etc., que estão ao redor dela, queimam-se provocando muita fumaça. É compreensível que muitas religiões procurem avivar nas pessoas a consciência de pecado, no intuito de conduzi-las à salvação. Mas, como foi explicado acima, a consciência de pecado é como fumaça, e provocar a formação de fumaça sem se importar com a brasa em si é inverter a ordem das coisas. A fumaça, o dióxido de carbono etc. são uma espécie de gás tóxico. E, quando eles se formam em grande quantidade num ambiente fechado, podem apagar a brasa. O mesmo se pode dizer acerca da consciência de pecado do ser humano.

Muitos religiosos pregam que o ser humano é uma criatura insignificante, um pecador, um ser cheio de perversidade e pecados, por pensarem que, provocando nas pessoas a consciência de pecado – que corresponde à fumaça –, estão ajudando-as a avivarem suas “chamas da Vida”. Para avivar a “chama da Vida” não precisamos provocar o surgimento da fumaça chamada consciência de pecado. Se fizermos com que todos os lixos e poeiras da mente se queimem de uma só vez, a “chama da Vida” passará, imediatamente, a arder com grande intensidade.

Para fazer com que as poeiras e os lixos da mente – as ilusões – queimem-se de uma só vez e a “chama da Vida” passe a brilhar intensamente, é imprescindível procedermos a um eficiente arejamento da mente. Que significa arejar a mente? Significa expulsar de nossa mente todos os gases nocivos e, em troca, absorver oxigênio. Quando aumenta dentro da mente a fumaça chamada consciência de pecado, a “chama da Vida” poderá ou transformar-se numa chama intensa ou acabar sufocada. Se a oxigenação da mente não for eficiente, a fumaça se tornará densa, sufocando a “chama da Vida”; mas, se o arejamento da mente for eficiente, todas as poeiras e lixos da mente se queimarão rapidamente, transformando-se em chama ardente que alumia o mundo.

Mas em que consiste esse arejamento da mente que nos possibilita expulsar a fumaça chamada consciência de pecado? Consiste na conscientização da Imagem Verdadeira da Vida; consiste em compreender que o nosso verdadeiro Eu não é tenebroso como uma fumaça negra, como imaginávamos; consiste em compreender que o pecado não constitui o nosso verdadeiro eu, do mesmo modo que a fumaça não é o fogo em si, e deixar que a fumaça chamada consciência de pecado dissipe por si mesma. Se até agora a fumaça chamada consciência de pecado não se dissipava e continuava a nos envolver, era porque nós próprios a mantínhamos conosco, criando uma cortina mental que prendia a idéia de que o pecado faz parte de nós. Essa cortina impedia que a consciência de pecado se dissipasse da nossa mente. Ao despertarmos para a Verdade de que o homem é originariamente Deus, desfaz-se a cortina mental que nos mantinha envoltos no pecado. Então, volvendo-nos exclusivamente para a nossa Imagem Verdadeira, que é Deus, passamos a ter a mente sempre positiva, alegre e bem arejada. Nossa alma, que estava voltada para o lado do pecado e das ilusões, dá meia-volta e passa a contemplar a Imagem Verdadeira da Vida, que é Deus – a isso se chama de conversão da alma.

Porém, para volvermos a mente para a Imagem Verdadeira da nossa vida, que é Deus, é necessário que tenhamos aversão ao pecado. Aquele que confunde o seu aspecto pecador com a sua Imagem Verdadeira, que confunde o defeito com a virtude e que concede a si mesmo um leviano autoperdão, pensando “Tenho pecados, mas não faz mal”, está confundindo o seu verdadeiro Eu com o seu falso eu. Se surge fumaça de um lugar, é sinal de que ali há fogo; todavia, não devemos confundir a fumaça com o fogo. Não devemos pensar que a fumaça é o fogo em si. Da mesma forma, não devemos ter a presunção de que nosso aspecto pecador é o nosso aspecto original de filho de Deus. Para avivar o fogo, é preciso expulsar a fumaça. As pessoas não suportam a fumaça. Por isso, quando a fogueira faz muita fumaça, trazem um abano e agitam-no para expulsá-la. Então, a chama se aviva e passa a arder intensamente. O mesmo acontece com o ser humano, quando se intensifica a consciência de pecado.

Se por um lado existem pessoas que são dominadas pela consciência de pecado e não conseguem reagir, por outro lado existem aquelas que possuem acesa na alma a consciência de filho de Deus, e, no caso dessas pessoas, quando a aversão ao pecado chega ao auge, desencadeia-se a conversão e sua alma começa a arder repentina e intensamente, produzindo uma grande chama religiosa. Por que uns sucumbem à consciência de pecado, outros, pelo contrário, reagem a ela e fazem arder em suas almas a imensa chama de fé e alegria? As pessoas que mantêm em seu íntimo, como se fosse uma brasa inextinguível, a firme convicção de que sua Imagem Verdadeira é filha de Deus conseguem reagir à consciência de pecado e fazer arder uma grande chama em sua alma. Mas aquelas cuja convicção de filha de Deus é fraca como uma brasa prestes a se apagar são dominadas pela fumaça chamada consciência de pecado, têm a chama de sua Vida sufocada por essa fumaça e, em desespero, acabam sucumbindo. Portanto, os religiosos, cuja missão é salvar as almas humanas, precisam agir com sabedoria ao lidarem com a consciência de pecado das pessoas.

(Do livro 'A Verdade da Vida', vol. 13 - págs. 96 a 102)



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segunda-feira, maio 05, 2008

Carta De Joel S. Goldsmith a Seu Filho Sammy

Segue um trecho da carta de Joel S. Goldsmith, considerado o místico do século, ao seu filho Sammy, quando este se ausentou do lar, do Hawai, para cursar a universidade na América...




"Ofereço-te aqui, Sammy, uma lição importante, não só para um dia, mas suficiente para toda tua existência, se a praticares fielmente -- ainda que não recebesses nenhuma outra de mim ou de qualquer instrutor espiritual. Se a gravares no íntimo, ainda que ficasses só num deserto ou num barquinho, no meio do oceano, sem qualquer pessoa ou livro por perto, poderias sobreviver, encontrando salvação e segurança, alimento e vestuário, paz e tudo o mais que te fosse necessário. Quero revelar-te o segredo de minha felicidade, alegria, êxito, prosperidade e capacidade de servir a crianças e adultos ao redor do mundo inteiro, como sabes.

Desejo que conheças este segredo, para que possas agir como eu. Em primeiro lugar, quando defrontares algum problema, seja de saúde, estudos, desentendimentos com os colegas ou mestres, retira-te a um lugar tranqüilo, senta-te com os pés no chão e mãos descansando nas coxas, fecha os olhos e lembra-te de que Deus está mais perto do que tua respiração: mais próximo do que teus pés e mãos. Ele está exatamente onde estiveres. Aquieta-te por um momento e Deus resolverá teu problema.Pode parecer estranho que não tenhas, pelo menos mentalmente, de expor teu caso a Deus, de não pedir-Lhe nada e nem fazeres qualquer afirmação. No entanto, basta fechar os olhos, aquietar-te por um momento e saber que Deus está bem perto de ti: no centro de teu ser.

Depois, sem ansiedade ou pressa, espera alguns minutos. O Espírito, Ele mesmo, se incumbirá de tudo. Se for um problema ou fórmula que não entendes, Ele te esclarecerá, como sucedeu uma vez aqui em casa, em que pediste ajuda em matemática: sentamo-nos e meditamos e quando voltaste ao livro, encontraste a resposta plena, como se a tivessem escrito ali para ti. Sempre que tiveres alguma dificuldade, pára o que estavas fazendo e conscientiza Deus exatamente ali onde estás, em teu íntimo. Espera alguns minutos e verás que Ele é a Inteligência de teu ser e sabe porque O estás procurando.

Não receies: de bom grado Ele sempre te responderá, se estiveres "ligado". Se Lhe perderes a sintonia, não poderás receber ajuda. Isto é compreensível. Digamos que estivesses aqui perto de mim, recebendo instrução espiritual. Se te distraísses, pensando em outra coisa ou saísses a passear, como poderia receber a lição que eu tinha a oferecer-te gostosamente? Como pai humano, bem gostaria de oferecer-te cada segredo espiritual que possuo, como dou dinheiro quando dele necessitas. Mas não lhos poderei dar, se não estiveres receptivo e atento.

A mesma coisa se dá em nossa relação com Deus: temos que dar-Lhe plena atenção, amor, obediência e gratidão. Não é propriamente amar um Deus que não vês, senão amá-Lo nos colegas e professores com quem convives. Ainda que Deus esteja em teu íntimo, só Lhe podes receber a graça se tiveres amor, júbilo e respeito, em tua mente, em teu coração e em tua alma. Cada pessoa é responsável por si mesma. Não há um Deus sentado no céu a olhar e julgar os que estão aqui em baixo. A Consciência divina está em nosso íntimo e sabe tudo o que pensamos, sentimos, falamos e fazemos, atraindo imediatamente de fora tudo o que mandamos para lá. Portanto, o amor e respeito que exprimes aos outros, logo os recebes de volta.

Mas, tudo isto ainda é pouco. Mesmo que sejas humanamente bom em todos os sentidos, estás simplesmente cumprindo os Dez Mandamentos. Agora te estou instruindo a cumprir o Sermão da Montanha, pois o Caminho espiritual é uma revelação mais alta: diz que não precisas de falar com Deus, senão apenas reservar pequenos períodos, durante o dia e à noite, para ouvi-Lo dentro de ti.

Mesmo que não ouças literalmente uma voz, ao abrir os ouvidos a Deus e silenciar por um minuto ou dois, permitir-me-ás encher o vácuo que formaste internamente. Atenta bem para o que deves fazer, para formar este vazio expectante: logo ao acordar senta-te confortavelmente, pés no chão, braços apoiados relaxadamente nas coxas, olhos fechados, sintonizando o Cristo interno em silêncio, escutando o íntimo por alguns minutos. Em seguida, lembra-te de que o dia que se estende diante de ti será governado e protegido por Deus. Serás então mantido e inspirado por Ele, porque abriste, anelante e conscientemente, tua consciência à Presença e Direção de Deus.

Mas se não fizeres cada manhã, fielmente, teu contato com Deus, o teu encontro com o mundo será como de um ser humano comum, sujeito a todas as surpresas e desencontros da vida, sem a assistência divina. Em tua idade atual, com o preparo que já recebeste aqui, estás apto a quatro pequenos exercícios diários: de manhã cedo, ao meio-dia, ao anoitecer e antes de dormir. Sentado, relaxado e quieto, podes dedicar dois minutos de cada vez a Deus. Inicialmente, para facilitar, podes mentalmente dizer: "Aqui estou, Pai. Fala que teu filho escuta. Desejo fazer a Tua vontade". Em seguida, aquieta-te.

Se fores fiel nesta prática, garanto que tua vida na universidade e de modo geral, será um sucesso e ainda mais do que isso: uma bênção. Estarás preparando os fundamentos para uma vida inteiramente governada por Deus.Procure estar em harmonia com teus colegas em tudo que seja bom. Se te convidarem a cerimônias religiosas, sugiro que os acompanhes. Entra em cada templo com a mente aberta, agradecendo à oportunidade de aquietar e ouvir a "pequenina e silenciosa voz". Não te esqueças de que a sintonia com Deus é mais importante que o ritual. A união com os colegas no que seja construtivo suscita o bem, embora o verdadeiro bem te venha porque reconheces a graça e a glória de Deus em tudo e em todos.

A coisa mais importante que desejo sublinhar-te é que, em qualquer instante do dia ou da noite, Deus é instantaneamente acessível. Basta que O sintonizes e ouças. Enfatizo este ponto para que compreendas que não precisas falar, de fazer afirmações ou lembrar a Deus tuas necessidades. O segredo que recebi é que Deus, como Inteligência infinita, já conhece tuas necessidades, antes mesmo de Lhas pedires. Ele vê nosso íntimo quando Lho abrimos em atitude receptiva e confiante. Não é por nosso falar ou pensar, pois o Mestre ensinou: "não vos preocupeis por vossa vida, pelo que tendes de comer: nem por vosso corpo, pelo que tendes de vestir. Vosso Pai sabe que necessitais destas coisas. É do bom agrado dEle dar-vos todas elas". Compreendes, Sammy? É do agrado do Pai dar-te o Reino!

Deus não te castiga quando te arrependes sinceramente do erro ou pecado que acaso cometas. No instante em que reconheces que não agiste bem, estás perdoado. Não carregarás a penalidade quando em teu coração vibra o reconhecimento do mal que fizeste e te arrependeres. Mas deves compreender que ao reconhecer as falhas, não deves repeti-las. Caso contrário, perderás a sintonia com a graça divina. Tu mesmo é que te cortas dela. Quando isto acontecer, procura reatar com a graça, reconhecendo verdadeiramente: "Sei que errei!" Ou talvez: "Não sei se agi erradamente, mas se o fiz, ajuda-me a compreender e limpa isto de mim, Pai. Não tive má intenção. Não quero fazer o mal. Ao contrário, desejo fazer aos outros o que gostaria que me fizessem". Dessa maneira te purificas.

Tenho-me curado de diversas enfermidades, pedindo simplesmente a Deus perdão por meus pecados. É claro que meus pecados não são graves. Conheces nosso modo de viver. Mas sempre que cedemos à crítica e condenação, não estamos amando e perdoando suficientemente. Assim, é recomendável que nos voltemos de vez em quando e digamos: "Reconheço, Pai, que não estou agindo perfeitamente. Perdoa meus pecados. Limpa as minhas transgressões, para eu começar tudo de novo". Grava bem, Sammy, a mais importante lição que me foi dada: "que o lugar em que estás é solo santo", ou seja, Deus está exatamente onde estás, disponível, no instante em que páras de pensar, de falar e de te identificar com as coisas externas, e te voltas ao íntimo, reconhecendo-Lhe o Poder e a graça. Conscientiza o Espírito de Deus em ti e, em seguida, relaxa-te por um ou dois minutos, deixando que Ele Se manifeste. Isto é tudo.

Todo o nosso propósito é de levar as pessoas à realização da onipresença de Deus e sua constante disponibilidade; de nos dirigir a Ele sem pensamento nem palavras: basta a humildade de sentar-nos (ou mesmo em pé ou deitado), fechar os olhos e reconhecer: "Eu, de mim mesmo, nada posso. O Pai, em mim, é Quem faz as obras. Fala, Senhor, que teu filho escuta". Em seguida, aguardar um ou dois minutos em silêncio expectante, antes de levantar e prosseguir as tarefas. Se aprenderes a praticar corretamente este exercício quatro vezes ao dia, como lhe estou sugerindo, não demorará muito para que o faças mais vezes ao dia, para teu inteiro benefício."