sábado, janeiro 27, 2007

Wu-Wei: O Fazer pelo Não-Fazer

O Tao e o Zen não são diferentes. Eles diferem somente quanto a suas origens. A filosofia do Tao surgiu na China antiga com o grande mestre Lao-Tzu. E o Zen nasceu com a transferência da flor das mãos de Buda, para as mãos de Mahakashyapa. Mas ambos dizem respeito à mesma Verdade já revelada: Aquilo que não pode ser expresso pelas palavras... Àquela única coisa que É. E é justamente pela impossibilidade de Isto não poder ser expressado que os mestres preferem dar ênfase ao silêncio, e não dizer nada: pelas palavras você não pode alcançar. Palavras só ajudam até um certo ponto. Assim, o Ser muitas vezes é retratado por palavras que indicam passividade e até mesmo conotações negativas. Por exemplo: muitos mestres dão ênfase ao Ser através da palavra "Não-Manifesto". A expressão Não-Manifesto tenta, através de uma negativa, expressar aquilo que não pode ser falado, pensado ou imaginado. Ela aponta para o que É quando diz o que não é. Logo, dizer Não-manifesto significa se referir ao Ser. Esses jogos de palavras, positivos e negativos, tentam fazer com que você não se prenda a nenhuma destas expressões e nem comece a acreditar nelas, pois elas não passam de indicadores, de setas apontando para o alvo. Assim, não se agarre às expressões positivas, nem às negativas... o caminho é o do meio. O caminho é aquele que não pode ser constatado, aquele que não se pode ver. E o Taoísmo diz: "Não faça!". Ele gosta muito da expressão "não-fazer". A não-ação constitui a força criadora de toda atividade, de toda a existência. Não há como explicar a Existência fundamentando-a em princípios e teorias -- a começar pela já-existência deles. A Existência só pode ser "explicada" (compreendida) a partir da Não-Existência. E quando alguém aprende a perceber/contemplar ambos, aí é possível adentrar o caminho do meio: o ponto que está exatamente no centro, entre o existir e o não-existir. Então a existência e a não-existência tornam-se UM só. E assim se sucede com o Fazer. O verdadeiro fazer só pode ser compreendido a partir do não-fazer. Este "não-fazer" corresponde ao "sentar sem nada fazer" do Zen.

No Taoísmo se diz "wu-wei".Conseguir se entregar ao momento presente - de forma total - é o que é preciso para começar a vivenciar o "fazer pelo não-fazer". O homem não precisa se preocupar com problema algum que possa vir a surgir eventualmente. Todo problema é coisa da mente. Entregue-se no momento do fazer. Ao fazer arroz, você não tem que fazer um arroz delicioso, você não tem que agradar quem irá comer, você não tem que acabar rápido para fazer a salada. A única coisa que você tem é não ter de se preocupar com nada... é “não ter que” nada.A mente acha que ela precisa "fazer um arroz delicioso" e agradar alguém. Olhe quanta energia a mente dessa pessoa está desperdiçando! Ela poderia, simplesmente, ir lá e fazer o arroz. E, no momento certo, em cada instante do tempo presente, todas as questões que fossem surgindo (inclusive a intenção de deixar o arroz delicioso) seriam naturalmente cumpridas... sem esforços... sem preocupações... sem nada! Tudo que é preciso é apenas tomar a decisão de fazer o arroz... ir lá, e fazê-lo.O ser humano está na ilusão de que ele é separado de tudo o que ele pode ver, sentir, tocar, ouvir, cheirar, etc. A ilusão ocorre porque o homem não acredita no AGORA; não consegue perceber o momento presente, em sua plenitude e, por isso, vive preso em sua mente. A mente não acredita no fácil; é bom que tudo seja difícil para ela; ela gosta de muitas complicações. Ela não gosta de ficar sem fazer esforço, porque senão ela começaria a sumir. Ela é muito egoísta. Ela cria muitas dificuldades e sofrimentos para você e para ela mesma -- mas pelo menos assim ela pode continuar existindo.

Uma vez que alguém alcance este "fazer, não fazendo", essa pessoa se encontra. Ela se sente realizada com seja lá qual for a atividade que ela esteja desempenhando. "Fazer arroz" é apenas um exemplo. Conseguir manter esse estado em qualquer atividade que você esteja fazendo, vai lhe trazer uma grande realização. Você conseguirá se divertir com qualquer situação que você esteja vivenciando -- você pode estar satisfeito no início, durante, ou no final dela. É muito melhor, pois a satisfação não é encontrada apenas no final da atividade, quando o objetivo dela é alcançado. Alcançar objetivos é coisa da mente. E, para ela alcançá-los, muito sofrimento será criado para você.

História Zen: Uma cidade havia entrado em guerra e tinha sido devastada pelos inimigos. Toda população havia fugido, pois o comandante do exército inimigo estava se dirigindo para lá. Somente um mestre zen não fugiu, permanecendo na cidade. Quando o exército inimigo chegou, viu que não havia ninguém, exceto aquele pobre senhor que estava sentado no meio da cidade, observando tudo o que havia acontecido. O comandante se aproximou do velho e lhe disse: "Ei velho, você o que você ainda está fazendo aqui? Por que não abandonou a cidade?"... e o velho nada respondeu, apenas sorriu ao comandante. Este, vendo que o velho não se incomodava com nada, lhe disse: "Você é muito corajoso por estar aqui. Você tem idéia de quem sou eu?... Eu sou aquele que pode lhe tirar a vida a qualquer momento!". E o velho lhe respondeu: "E você tem idéia de quem eu sou? Eu sou aquele que pode ter a vida tirada por você, a qualquer momento.

"DESAPEGO DE TUDO. É nisso que consiste essa pequena historinha. Se você não estiver apegado, você pode enfrentar qualquer situação sem preocupação alguma. Diante de uma pessoa assim, até um comandante inimigo é um derrotado. A idéia do apego existe, porque a mente faz você achar que você é alguém, com idéias, conceitos, pensamentos, conhecimentos através dos sentidos. Mas até mesmo os sentidos não podem captar quem você realmente é, e eles o enganam. Você tem a idéia de que você é alguém porque sua mente acredita em muitas coisas. Mas a verdade é que você não é NADA. Você é NADA; o arroz delicioso é NADA. É por isso que, quando você está totalmente focado no momento presente, você pode ser o arroz, e o arroz pode ser você. Da próxima vez que for fazer o arroz, ou qualquer outra coisa, experimente fazê-lo com o mesmo espírito desapegado daquele mestre zen. Esteja receptivo a esse estado de espírito e diga ao arroz: "Você sabe quem sou eu? Eu sou aquele que está fazendo o arroz" E você sabe quem é o arroz? Ele é aquele está sendo feito por você. Ambos vocês estarão se completando um ao outro. Vocês estarão se complementando; e estarão em tal harmonia que não haverá mais você e o arroz: apenas a atividade de você estar fazendo o arroz; e do arroz estar sendo feito por você... tudo será uma coisa só. Não se iluda: é somente a mente que faz você perceber que você é uma pessoa (um cozinheiro, um cientista, um professor, um médico, um guerreiro, um pobre velho etc.). Aquele mestre zen, não se percebia como um homem velho que havia ficado numa cidade destruída -- Ele não era aquilo. A sua mente pode dizer que ele é um velhinho que ficou para trás; mas ele não é isso. Naquele momento, aquele homem era alguém que poderia ter a vida tirada pelo comandante a qualquer momento; só isso,e nada mais. Depois que o comandante fosse embora, ele não seria mais "alguém que poderia ter a vida tirada a qualquer momento"... ele seria outra coisa condizente com o momento presente dele. É importante compreender esse ponto.Portanto, não tente definir nada. Sua mente pode dizer muitas coisas, mas a Verdade sobre você está sempre dentro do seu AGORA. Dentro do seu AGORA você é completo com o que quer que seja que você esteja fazendo; seja lavando o arroz, seja estando à beira da morte. Alcance a mesma profundidade da percepção daquele mestre zen sobre quem você é, e você poderá experimentar o verdadeiro estado de desapego. Ele lhe conduzirá diretamente ao wu-wei: o fazer pelo não-fazer. Isso é algo que só pode ser vivenciado AGORA. Preste atenção nos momentos presentes pelos quais você passa, instante a instante. E você se encontrará. Mais do que isso: você saberá quem você é. Sua vida será muito mais leve... muito mais satisfatória... muito mais bonita. A vida é bela! Todo instante é belo. Você pode se sentir realizado a cada instante que passa... e viver toda a sua vida dessa forma.

Apenas lembrem-se de uma coisa: Este não-fazer a que o Tao se refere é muito genuíno. Ele é um verdadeiro Não-Fazer. Assim, você nada pode fazer com relação a ele. E se você tentar praticá-lo, se você tentar praticar o não-fazer, você estará FAZENDO. Eis aí o que deixa tudo bagunçado para aquele que está tentando alcançar a Verdade. Mas essa bagunça, este paradoxo, só pode ser superado se você puder colocar toda a sua totalidade e espontaneidade no seu viver.
Espontaneidade significa deixar-se ser e agir de maneira natural. É permitir que tudo ocorra por si só, de modo que você não interfira em nada. Ao invés disso, você aprende a confiar nAquele que criou essa existência e deixa tudo aos cuidados dEle. Nessa entrega, você relaxa e a espontaneidade surge. Através da espontaneidade e de sua constante atenção nas coisas do dia-a-dia, você aprenderá o segredo de Não-Fazer coisa alguma autenticamente. E tudo o mais virá por acréscimo. Por meio do genuíno não-fazer, tudo é feito.

terça-feira, janeiro 16, 2007

O Tao

A palavra "Tao" significa Caminho. Significa Caminho sem nenhum objetivo; simplesmente o Caminho. Esse é o significado da filosofia taoísta: que não há objetivos; que não estamos indo a lugar nenhum. Que estamos indo apenas para estarmos aqui. Se você conhece o Caminho, conhece o objetivo, pois o objetivo não está no final do Caminho, mas ao longo de todo o Caminho; a cada momento e a cada passo ele está presente. Estar no Caminho é estar no objetivo, por isso a mensagem Taoísta não fala sobre Deus, não fala sobre o nirvana, iluminação... nem nada disso. A mensagem do Taoísmo é muito simples: "Você precisa encontrar o caminho". Toda a mensagem taoísta encontra-se sintetizada num pequenino livro chamado "Tao Te Ching", o único livro escrito pelo fundador do Taoísmo, Lao Tzu. Ali é que consta todo o ensinamento acerca de como seguir o Caminho.


Lao-Tzu atingiu sua iluminação depois de muito tempo buscando a Verdade em livros, meditações... e nunca conseguiu alcançar. Um dia ele, frustrado, desistiu de alcançar a iluminação e retomou seus afazeres diários, simplesmente voltou a ir viver sua vida. Até que um dia, Lao Tzu estava sentado sob uma árvore e uma folha tinha começado a cair. A folha estava caindo lentamente, em zigue-zague, com o vento, e ele a observou. E não havia pressa para a folha cair no chão. Lao Tzu apenas observava seus movimentos. Se o vento soprava para o norte, a folha seguia para o norte; e se era para o sul, então para o sul ela rumava. A folha deixava-se levar pelo vento... e Lao Tzu apenas olhava. A folha foi caindo no chão e ficou parada ali. E, à medida que ele observava a folha cair e se acomodar no chão, algo se acomodou nele. A partir desse momento ele deixou de ser um homem comum e compreendeu que: "Os ventos sopram por conta própria e a existência é quem toma conta". Foi assim que ele conseguiu sua iluminação.

Enquanto Lao Tzu lutava para se tornar iluminado, ele não alcançou. É tolice o ser humano lutar contra a natureza. O Tao é entrega... é ausência de esforço. Isso não quer dizer que ele -- o esforço -- não seja necessário. Inicialmente o esforço é requerido. Você faz um grande esforço para viver de acordo com a Verdade; então, aos poucos, entende que seu grande esforço ajuda um pouco, mas dificulta bastante. Daí o esforço começa a ser abandonado. você tenta arduamente viver de acordo com o Tao e, pouco a pouco, começa a compreender que nenhum esforço é necessário para viver de acordo com a natureza... do contrário o próprio esforço continua caindo como um peso sobre você. E estes são alguns dos princípios do Tao: a naturalidade, a espontaneidade, a confiança na existência, a entrega, a paciência, a simplicidade, a passividade, a não-violência, a humildade, a suavidade, o não-fazer... e muitos outros. Todos eles estão implicitamente ou explicitamente escritos no Tao Te Ching... e são usados como referência para andar no Caminho.

O primeiro capítulo do livro de Lao Tzu é um dos mais relevantes. Nele está sintetizado toda a filosofia taoísta, e é entitulado "A Compreensão do Incompreensível (o Tao)". E é sobre este capítulo de que se trata este post.

"O Tao que pode ser mencionado não é o verdadeiro Tao.
Nomes podem ser mencionados, mas não o nome eterno.
A origem do Céu e da Terra está na ausência de nomes.
A "Mãe" de todas as coisas também não pode ser nominada.
Mesmo oculto, o Tao exerce sua influência.
Devemos olhar esta influência como Sempre-manifestada.
E quando é manifestada, devemos olhar para outro lado.
Estes dois fluem da mesma fonte.
Embora tenham nomes diferentes, ambos são chamados de Mistérios.
E o Mistério dos Mistérios, o Tao, é a porta de tudo o que é essencial."
(Tao Te Ching - Capítulo 1)

Todas as linguagens são inúteis, pois a verdade não pode ser expressa. A iluminação não é algo que você possa atingir; não é algo que você possa compreender. A verdade permanece por trás de tudo o que existe; ela não pode ser vista, você não consegue fazer ela caber dentro do seu entendimento. Se você conseguisse, isso signficaria que você permaneceu por trás; somente assim você pôde vê-lo. Mas, ainda assim, o que permaneceria por detrás de você, então? Existe uma presença misteriosa que serve de suporte para a existência. Essa presença está em todos os lugares. Se um lugar existe, essa presença está lá, atuando por detrás desse lugar. E se houver um lugar onde ela não está, tal lugar não existe. assim, olhe para o fenômeno do seu entendimento; ele existe... você é capaz de ver, analisar, aprender, assimilar e compreender... tudo isso é um fenômeno que ocorre em você. Ele existe. Assim, olhe para esse fenômeno e responda: se o seu entendimento existe, então o que há por trás dele? E o que dá suporte à existência do seu entendimento? Ele não existe por si só. Ele precisa de algo maior que o apoie... do contrário, ele seria o apoio e também seria impossível vê-lo. Algo precisa permanecer por de trás... algo Primeiro. Isso é o Tao; isso é Deus; isso é o Ser... ou, então, qualquer outro nome que você preferir chamá-lo.

O Tao é incompreensível; ele também é inexpressível. Ele existe e está aqui, bem agora. Aqueles que O conhecem não conseguem expô-lo. O Tao é um, mas no momento em que ele se torna manifesto, precisa se tornar dois. A manifestação precisa ser dual, precisa se dividir em duas. E no momento que alguém abre a boca para proferí-Lo, essa pessoa transporta o Tao do reino não-manifesto para o campo das palavras. Assim, o que quer que seja dito perde todo o sentido.

Ninguém pode falar, verdadeiramente, sobre a verdade. Ninguém pode falar sobre o Tao, nem sobre o Zen, nem sobre Deus, a iluminação ou o êxtase. Se isso fosse possível, você já estaria em êxtase simplesmente ao ler estas poucas linhas. Por mais que se fale a respeito do Tao, ele não pode ser dito... algo sempre permanecerá por trás. E não há nada que permaneça por detrás dele, porque somente o Tao existe por si mesmo, eis tudo.

Isto que permanece por detrás de tudo é a verdade. A verdade nunca surge na existência, nem nunca desaparece da existência. Ela nunca vem, nem nunca vai. Ela permanece, sempre. Ela está no começo e no final... e, no entanto o começo e o final não estão em lugar algum. Tudo isso porque a verdade simplesmente É.

E tudo o que provém do Tao também é um mistério. A existência, em sua forma não-manifesta, é um mistério e jamais poderá ser conhecida. E a existência em sua forma manifesta também é um grande mistério. Se você olhar atentamente para uma árvore, você perceberá que a árvore não é uma árvore. O que é a árvore, então? Ela é um mistério. A palavra "árvore" é apenas um nome, de modo que a árvore jamais deixará de ser o que ela é se ela o perder. Dê à arvore o nome que você quiser, ou então lhe retire todos os nomes... e ela estará lá, sendo o que quer que ela seja. Assim, uma árvore não é uma árvore... uma rosa não é uma rosa. Toda a existência é um mistério.

O não-manifesto dá origem ao manifesto... e o manifesto completa o não-manifesto. Ambos não são contraditórios, eles são complementares... cada um exercendo a sua influência sobre o outro.
Este capítulo do Tao Te Ching ensina uma excelente forma de meditação: Olhe atentamente para essa existência! Ela não pode existir sozinha, por conta própria. Algo Maior tem de estar atuando por detrás dela. É na vastidão infinita do não-existir que a existência se apóia. O não-manifesto está influenciando a existência manifesta. É isso que Lao Tzu diz: "olhe para a existência e sinta a não-existência por detrás dela. E a seguir faça o caminho inverso, olhe para a não-existência e veja a relação que ela tem com a existência."

Com uma persistente repetição dessa meditação, você estará olhando para os dois lados. E chegará um momento que, de tanto olhar para esses lados contrários, você conseguirá perceber o ponto onde a existência e a não existência se fundem: exatamente no centro. O centro é a fonte de onde flui o ser e o não-ser. Esse ponto é a porta. Neste ponto está o Tao. Esse ponto nulo é todo o significado da espiritualidade, é toda a espiritualidade. É ali que mora Deus.

Tudo é UM e só há este UM. A palavra "Universo" representa exatamente esta idéia: A de que, na existência, só há uma única coisa... um único VERSO. A Vida constitui um único verso; não há doi versos, mas apenas um. Além dele, nada mais há. A dualidade é uma tremenda ilusão e pode ser transcendida. E quando você alcança a transcendência as polaridades opostas revelam-se como complementares e fundem-se em algo que não pode ser nominado. Se só há UM, então quem é o outro que vai estar lá para nominá-lo? Se o Universo é apenas UM, então quem mais vai estar lá para observá-lo ou analisá-lo? É impossível investigá-lo. É como se, sem a ajuda de um espelho, você tentasse olhar para seus próprios olhos... impossível.

O Universo é insondável. E se você o estiver sondando... é por que você ainda está na dualidade; você ainda permanece na ilusão de que você é o sujeito que está observando a Vida como um objeto. Se quiser conhecer realmente o Universo, precisa se esforçar para se tornar uno com ele. A gota de água que você é precisa cair e se dissolver no imenso oceano que o Universo é.

Conhecer a Deus é possível; mas é um acontecimento tão supremo que, mesmo quando você O conhece, ele permanece desconhecido. Há um belo comentário de Osho, falando que:

"Mesmo quando você conhecer Deus, você não será capaz de acreditar que O conheceu. Isso é o que eu quero dizer quando digo que Deus é um mistério. Desconhecido, Ele permanece incognoscível. Conhecido, Ele também permanece incognoscível. Sem ser visto, Ele é um mistério.Visto, Ele se torna um mistério ainda maior.Ele não é um problema que você possa resolver. Ele é maior do que você. Você pode dissolver-se nele, você não pode resolvê-lo". (OSHO)

Sim, você não pode resolver o quebra-cabeça que Deus é.
Você é menor do que a Realidade, ou a Realidade é menor do que você?
Essa pergunta é de grande importância, porque, se você pudesse resolvê-lo, se você pudesse compreendê-lo, então você seria maior do que Ele. E não é assim que é. Por que, então, não aceitar as coisas como são? Paradoxalmente, quando você O aceita, você o conhece.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Um Reino Não Deste Mundo


Quando disse: "O Meu reino não é deste mundo", Jesus sintetizou o conteúdo global de sua mensagem. Revelou a natureza real deste Universo e de todos nós como algo de natureza infinita, eterna e espiritual. Dar ouvidos a esta revelação significa "estar no mundo sem pertencer-lhe", como consta nas Escrituras.

Poucos acreditam, mas "este mundo" é uma ILUSÃO!
Nós, porém, não estamos de fato iludidos.
"Temos a mente de Cristo", que é a Mente real, única e onipresente! A falsa identificação com pensamentos ilusórios, ou seja, com pensamentos "pensados" pela suposta mente carnal, é a ILUSÃO. Quem se identifica com pensamentos inexistentes? Justamente a "mente carnal", a mente-que-não-existe! Ilusão se identificando com ilusão: eis a natureza deste suposto "mundo material".
Se não nos mantivermos atentos, iremos nos pegar dizendo: "Mas como pude eu ter tido esse tipo de pensamento?"

A percepção de Deus
como Mente Única
em dedicadas contemplações silenciosas,
nos traz este discernimento iluminado:
"Eis que estou convosco desde o princípio".


"Temos a mente de Cristo", que é a Mente real, única e onipresente! A falsa identificação com pensamentos ilusórios, ou seja, com pensamentos "pensados" pela suposta mente carnal, é a ILUSÃO. Quem se identifica com pensamentos inexistentes? Justamente a "mente carnal", a mente-que-não-existe! Ilusão se identificando com ilusão: eis a natureza deste suposto "mundo material".

Se não nos mantivermos atentos, iremos nos pegar dizendo:
"Mas como pude eu ter tido esse tipo de pensamento?"

Nosso EU real é divino, nossa Mente real é divina e o nosso Corpo real é divino. Esta Verdade, para deixar de ser mera teoria, precisa ser aceita com radicalismo total. Cristo sempre nos passou ensinamentos radicais: "NÃO CHAMEIS DE PAI A NINGUÉM SOBRE A FACE DA TERRA". Somente dentro de uma postura radical a Verdade terá para nós seu real sentido: SER A VERDADE.

A percepção de Deus como MENTE ÚNICA, em dedicadas contemplações silenciosas, nos traz este discernimento iluminado: "Eis que EU estou convosco desde o princípio".

Nosso EU real é divino, nossa Mente real é divina e o nosso Corpo real é divino.


Ensinamentos relativos não são revelações divinas. Podem, no máximo, serem vistos como revelações sob adequações feitas por homens. Toda adequação acaba prejudicando a pureza da revelação, pois, inevitavelmente, acaba alimentando alguma idéia ilusória de dualismo.

A Verdade é UNIDADE, é INDIVIBILIDADE, é INSEPARABILIDADE, é IMUTABILIDADE, é ETERNIDADE, é JÁ MANIFESTA! Portanto, tudo é UM! E SOMOS AGORA ESTE "UM".

Ao concordarmos com o que Jesus nos disse, de que "MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO" estaremos em unidade com Deus, e com ele reconhecendo que: "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

É óbvio que não falamos de "vidas pessoais" ou de "seres humanos", que seriam o "sonho de Adão", a ilusória CRENÇA de que alguém poderia estar separado de Deus. Aceitar esta separatividade é um absurdo! Por outro lado, a aceitação de que "o ser separado de Deus é ilusão", corresponde à percepção da Verdade de que "O MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO".

EU SOU A UNIDADE;
EU SOU A INDIVISIBILIDADE;
EU SOU A ETERNIDADE
JÁ MANIFESTA! Eis por que
"EU ESTOU CONVOSCO DESDE O PRINCÍPIO".

Contemplemos em silêncio estes princípios! Este "EU", que está "conosco desde o princípio", é a VERDADE QUE SOMOS! A Verdade que aparentávamos estar buscando.

O suposto ser humano aparenta enxergar, com "olhos físicos", este mundo de aparências mutáveis.
Esta visão equivale ao "nada" se ocupando em ver "coisa nenhuma". "TENDES OLHOS, MAS NÃO VEDES", alertou-nos Jesus. Enquanto a natureza ILUSÓRIA "deste mundo" não for aceita e reconhecida, pela percepção de que A VISÃO ÚNICA É DEUS, VENDO A REALIDADE ILUMINADA COMO CADA UM DE NÓS, nestas imagens ilusórias, de bem e mal, continuarão nos dando a impressão de existirem realmente, além de tentarem fazer com que nos sintamos relacionados com elas. TUDO ISSO É FALSIDADE! UM SONHO!

Ponhamos o machado "à raiz da árvore", partindo radicalmente da Verdade que Cristo tão amorosamente nos passou: O MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO!





*Nota: A autoria deste texto é de Dárcio Dezolt!